Coma

O que eu vejo hoje é cinza, como desfigurando minha mente. O que falo hoje é reflexo da dor e dos espinhos em minha alma. O que penso estar certo é questionável. Eu não estou confuso até me confundir com seus atos.
Hoje eu sinto na pele aquilo que sentia por dentro, quando estendo as mãos e nada alcanço. O que passa em minha mente escorre como sangue puro, livre do bem e do mal, eu hoje vivo em um profundo transe.
Risos sem sentido, lagrimas secas e sem sabor, eu vejo que não respondo mais sobre o que preciso. Meus dias se repetem, eu repudio e me agrido por estar aqui. Hoje só.
Eles não me ouvem e acham que não escuto, mas eu ouço tudo o que não deveria ouvir. E estas verdades mascaradas estão aqui dentro de mim, eu estou respirando. Hoje ela se foi e voltara mais tarde, se voltar.
Eu me dediquei e os punhais cravados em minhas costas ardem e pulsam, cada vez que eu respiro eu lembro e sinto a dor da insanidade. Da bagunça dentro de mim.
Livre-me das trevas reais, onde jamais um de vocês pisou, descanso, descalço, sobre a brasa incandescente do verdadeiro inferno, aquele que não existe como fugir nem fictícios deuses para lhe salvar. Eu interajo com minha lucidez enquanto você respira em inconsciência eterna.
Dentro de um cesto de cementes mortas, infectado, sem fé, sem crença no que me fortalece, vou transpor as chamas do escuro, liberto.
O que eu tenho a dizer são estes curtos lampejos de sanidade, quando eu me aventuro fora desta prisão sem muros. Eu queria matar, sentir o sabor de matar aquilo que me mata. Mas não seria entendi por ninguém, e a intolerância me julgaria sem serem dignos. Eu me aquieto.
Navegue por dentro da minha mente, nos espaços e rios que eu lhes permito passar, observe se é capaz de se tornar menos simples e mais sagrado. Hoje você respira por mim e eu por você.
Meu textos são soluços e respingos da gigantesca doença que me afeta, me consome, eu não tenho cura. Me tornei o que ninguém acredita, sinto os sintomas em minha pele. Meus olhos ardem e fecham.
Neste coma profundo onde eu renasço e morro, neste como vazio de vozes, de gritos, de vida. Eu vivo.