Luz branca


E por falar e ouvir sobre sonhos não posso deixar passar em branco.
Aqueles mesmos que cresciam desbravando horizontes sem medo do que viria a seguir, sem os temores da vida e seus buracos negros. Os sonhos que construi sem paredes, que fiz crescer sem limites, e transformei em fato.

E hoje em dias os sonhos ainda encravados em minha alma insistem em não morrer. Mesmo apanhando por horas, por dias, por anos. Resistem ao tempo e a seus vilões. Nada os consegue deter. Crianças crescidas, fortes como touros, desbravadores e irresponsáveis.
A vida nos persegue, sem dó, sem misericórdia. Caçam nossos sonhos como lobos famintos sob a luz do luar, sob a camuflagem da noite, se infiltrando, cercando, perseguindo.

Mas podemos vencer, podemos encarar os fatos de que vivemos nossos sonhos se quisermos sonhar. Medo da fantasia que nossas vidas instintivas nos trazem. De viver.

E de onde menos se imagina a perfeição, a surpresa transforma lobos em cordeiros.


Mesmo Sem Querer



Posso me calar, posso ser de verdade, como posso transpor paredes.
Posso querer caminhar, e as vezes correr, outras nem sempre me tiram do lugar.
Posso querer sorrir, agradando os seus olhos, e por dentro estar fechado.
Quando posso ser eu, você vem e me poda, corta os tendões que me sustentam em pé.
Poderia falar as palavras que maqueiam seu querer, mas posso levar a sério a verdade e por isso não dizer. Pois se o que diz fosse a verdade, estampava ela em meu peito.
Posso proibir que se mostrem escondidos, o que lhe conforta em teu quarto, mas isso ainda sim não te faz feliz.
Posso te ver, estar com você, e ainda assim não te sentir presente.
Posso ter forças pra perdoar, pra relevar seus deslizes, mesmo que eles ocorram em seguida novamente.
Quando posso ser eu, eu me vejo em meio as suas tréguas de fim de semana, e aos seus surtos espontâneos.
Poderia ficar sem dizer o que penso, mas este nunca foi meu estilo, expresso o que penso para aliviar meu interior.
Posso querer que você entenda as palavras. Mas não posso te ensinar a isto.
Posso pedir que se cale. Me conforta as vezes o silêncio.
Posso acreditar que faça isto sem pensar. Porém, que me tira do sério, não posso negar.

Quando nem um raio de luz transpor as barreiras. Poderemos não mais nos lembrar.


Marés...



Na brisa fria e suave que sopra do mar, ele encontra a paz para faze-lo refletir sorrateiramente, em meio a todas suas angústias. E ao longe ele avistava uma sombra que reluzia ao brilho da Lua, sobre a agua calma. E jamais imaginaria que a maré traria de volta aquela sereia que visitava seus sonhos. E seus olhos azuis mesclados ao brilho da noite, e seus cabelos negros brilhantes como cristal, tornava a fantasia realidade. E mesmo assim apenas de longe ela aparecia. Não deixando o calor do toque, o poder do olhar, transpor a barreira que separava terra e mar. Na serenidade da noite, com seus sons e temores, ele sentia a paz, enchendo seu peito, nada de dor, nada de gritos.
E a sereia sorria, admitindo o amor, a cumplicidade do que se sentia. Abria seus braços, e mergulhava, desaparecendo na escuridão silenciosa.
E por mais uma noite, ele por horas se via hipnotizado pela beleza do mar, e por seu poder de demonstrar o que palavras não alcançam. Se levantava, deixava marcas na areia, caminho a ser seguido.
Mas ela, a sereia, nunca sairia do mar...


Sim, espirito.



Porque falar de amor, senhor, é simples. Porque dizer as palavras mais que apenas palavras transformam nossas almas. E mais e mais eu confesso que é fácil comentar sobre seus desejos, e sobre suas angústias, e coloca-las no papel. Não tem segredo. Como não tem segredo o tocar, o olhar, o aproximar-se e encantar. Papel antigo, personagem marcado, final previsto.
Porque falar de amor, senhor, é simples. Mesmo que você insista em não aceitar o que lhe digo, ou o que possa ser verdade, o caminho das pedras eu decorei. Não duvide. Quantas vezes eu pensei em falar sobre algumas coisas que não transbordam dos meus gestos, dos meus olhos, dos meus sentimentos. Apenas estão ali, é fácil se perder entre os caminhos que eu traço em volta de mim mesmo. E se eu embriagar você com estas palavras, saiba que não é seu o primeiro porre.
E do fundo da minha alma eu posso tirar tudo que faça os olhos brilharem senhor, e você acha isso o máximo. Porque não me conhece. Mas faço você perceber com sutileza. Estendi os braços a qualquer pessoa que podia alcança-los, e talvez mais peso do que eu poderia segurar e aos poucos eu solto, dedo por dedo.
Mergulhamos juntos e dividimos nosso tão rarefeito ar, e os últimos suspiros vem de dentro pra fora, sempre. Feche os olhos e veja onde pode chegar, talvez você, e ele, e ela, entendam o que eu digo.



Trilha



E ainda procuro por ela, por onde estaria escondida e o que me faria entender se existe ou não. Pois a cada dia eu fico mais confuso ao tentar descobrir o que te aproxima, ou o que te deixa longe. Eu já lutei, eu já estive lado a lado com ela, ou pelo menos achei que estava. Mas novamente ela sumiu. Não entendo os motivos que me fazem viver desta forma, talvez se pudesse faze-lo, as frustrações seriam menores, e a busca terminaria.
Mas ela desaparece, como uma sombra ao cair da noite, como uma pedra atirada em um profundo lago, de incertezas. Não esta diante dos meus olhos, mesmo que me digam como vê-la, eu não acredito que saibam realmente encontrar. Me sinto cego.
E a vida dentro desse turbilhão de angústias é matadora, é sufocante e comprime todos os outros sentimentos. E nada se pode fazer, apenas o pulsar vindo do meu peito me mantém em pé. As cordas foram soltas.
Se ela existe, onde estará? Quais as pedras que devem ser tiradas para que a luz novamente mostre a saída desse abismo? Eu não sei as respostas, e talvez você não tenha as corretas para mim.
Eu registro a vontade de tê-la ao meu lado, as tentativas de mantê-la viva por esses anos e que sempre terminam sem resultado. E ninguém é culpado disto. E eu tenho muito a agradecer as pessoas as quais eu segui os passos, mas sozinho, no despertar em mais uma madrugada, não existe quem seguir.
Meus gritos novamente ecoam em silêncio dentro da minha mente. E dissolvem no vazio ao meu redor. E nada realmente poderá ser feito. Pois seus passos não podem mais ser seguidos, e as trilhas que antes eu achava que me levariam a um lugar de prazer, me trouxeram de novo ao ponto da dúvida, de onde estará você e como te encontrar. E isso me mata por dentro, dia após dia, ano após ano.
E a minha força diminui, toco as paredes com as pontas dos meus dedos. As mesmas paredes que antes, ao abrir os braços estavam tão longe que nem sequer eu podia avistá-las. Mas agora eu as sinto, frias, encostando em meu corpo, e se aproximando mais e mais.

E ainda procuro por ela, por onde estaria escondida e o que me faria entender se existe ou não.
Me mostre a trilha para felicidade, pois o caminho, eu perdi.


Fast Forward



Sim, cientificamente é impossivel alterar seu futuro, presente e obviamente, seu passado. Li a respeito disto hoje e basicamente fica dificil não acreditar. Como exemplo é comparado nossa vida a um filme fotográfico a ser revelado, tudo está ali, pronto, e a medida que vai se tornando real vai aparecendo. E podemos acreditar, porque não? Mesmo que você viajasse no tempo para tentar algo que mudaria seu futuro, isto também já estaria nos "seus planos" de destino.
Acredito em boas teorias com boas bases para o sim ou o não. Crer sem fundamento é hipocrita e irritante. E muitos fazem isso.
As vezes confundo minha mente querendo levar a sério que vc pode alterar seu destino, e infelizmente, ou, felizmente pra alguns, não podemos. Então vamos abrir a cabeça para outras formas de encarar a realidade.
O seu destino está escrito, o que vc fizer, faz, ou fez é exatamente o caminho que vc deveria tomar dentro do seu destino. Simples.
Portanto não cabe à mim lamentar tal estado de espirito ou situação financeira, amorosa, e sim tentar tirar o melhor proveito de cada uma delas, das piores as melhores.

Se meu filme não queimar, eu revelo o ultimo frame dessa vida sem nexo.

E se no seu filme está me torrar a paciência com algum comentário contrario, go ahead my friend!!!



Vermelho Doce


E os pequenos passos hoje valem mais que grandes saltos. Grão em grão, talvez enganando o destino ou quem sabe apenas o copiando. Mas o certo é que ele agora sentia-se bem, um pouco mais aliviado das dores que o seguiam por anos. Passos leves, soltos ao vento, que flutuavam seu corpo sobre tudo que antes o travava. Essa paz perturba, incomoda aos que não prestam atenção nele.
Mas o futuro ainda enrrosca em sua garganta sempre que seus olhos se abrem pela manhã.
Os gritos são em um vazio sombrio e por momento poético, e aos olhos dos outros, as palavras criam rotas sem fim. Não entendo outros escritores, e nem posso considerar-me escritor. Não leio, não faço das palavras que passam aos meus olhos fontes de inspiração. Renego os seus gritos, pois os meus vocês não ouvem.
Mesclo as idéias dentro do meu redemoinho de sensações, empolgando alguns que passam por aqui, deixando outros confusos e a maioria indiferente. Não temo isto. Não espero que aceitem o que não possam sentir, nem ao menos perceber.
Percebam o que ele lhe faz sentir...

Maldita mania de mordiscar os labios e faze-los sangrar, dói, e não consigo explicar.
Neste momento me pego assim, carnificina gratuita sem nexo.
Os nervos controlam o sentido, talvez isso seja uma forma de alivio.
Passo a lingua, o sabor do sangue é doce, e ao mesmo tempo impuro, martírio.
Preciso parar...