Onde esta você?

Sorrisos sem medo, subornavam a angustia e me traziam a paz. Da desconfiança ao poder de descobrir, de tentar, de desbravar caminhos inexplorados. E as palavras certas eram ditas, e os gestos expressavam o carinho que ele procurava. Sem medo de sentir, sem medo de se entregar, como muitos acham que nunca fez, como poucos sabem que pode fazer.
Hoje em dia ele não encontra mais estes sorrisos, não enxerga o sentido que guiava seus passos, e não existe o toque, não existe a confissão do olhar. Palavras curtas, entrega nula, existência burocrática e medrosa. Porque não volta a existir? Respostas banais, confiança dissolvida, esperança ameaçada e futuro incerto. Sorria.
Hoje em dia os laços se afroxam, os nós desatam e o calor sucumbe à frieza da indiferença.
"mas nosso amor ainda ter forcas pra lutar contra essas coisas que só ver pra machucar?".
Distância colossal, abismo que engole os desejos, as vontades e principalmente a razão.
Ainda espero seu retorno, espero que por traz destes pequenos encontros monossílabos exista aquilo que foi visto e provado.
Doce mentira, amarga verdade.

Onde esta você?

Raiva

Ela significa os mais estranhos sentidos, os mais absurdos pecados. As palavras que jamais foram ditas, os erros que nunca foram cometidos. A chama que incendia os sentidos, que seca a garganta, transpira. Não falo de mim ou de você, falo dela. Não resta duvida de que estamos perdidos, não é real como também não pode ser falso. Impede a razão e tira a mente dos trilhos. Me faz querer arrancar de dentro você, e ao mesmo tempo me pede pra ficar. Falo dela entre cacos de vidro espalhados pelo chão, dos rostos borrados de um choro compulsivo e doloroso. Ela ri sem pudor e quanto mais ri mais cresce, encravada na alma.
Não sou homem para controlar iso, alias nenhum de vocês é. Subestimo cada vez que ela chega e rouba de mim os sentidos mais básicos. Eu odeio você. Isto é sentido bem puro. Não existe a chance de relaxar, esta dentro e profundo. Me saciava fome sem ao menos eu ter tempo de querer. Cega meus passos. Porque você existe para destruir, e não para sorrisos ou prazer. Maldição sem rosto ou toque, quebra as pilastras da vida, e desmorona. Navalha afiada aperta meu pescoço, você gosta, me induz, me suborna.

Eu não vou me entregar a você sem saber que realmente estarei fazendo por mim.

Paixão, livrai-me.

Oásis

Esta é uma noite longa. Daquelas que não terminam antes do sol raiar. E nestas noites sem fim não encontro respostas, porque elas não existem. Porque nestas intermináveis horas que eu passo a questionar as tais tentativas de ser feliz é onde eu mais me perco, mais me debato contra as teorias de felicidade que ouço por aí.
Minha cabeça pesa mil toneladas, e por dentro um vazio, jamais preenchido, e de uma forma sem sentido eu fecho os olhos, procurando entender os fins que a vida me justifica, se isto é possível.
Sei que este espaço parece nunca ser preenchido, nunca ser completado, como um quebra-cabeça faltando uma única peça, aquele detalhe que revelaria tudo, e fim.
Minhas esperanças flutuam a deriva, dia após dia, eu realmente queria o fim dessa espera, de todas as perguntas sem um ponto final. Um ponto onde a vida se faria valer a pena e o sentido realmente se mostrasse. Sonho meu.
Me sinto como que se houvesse encontrado um oásis. A distancia observava aquela mais bela paisagem, e passo a passo enquanto ia me aproximando, a verdade era diferente, era inesistente, desaparecia na imensidão do espaço.
Longa longa noite sem tréguas e sem perdão. Cada minuto um aperto, uma facada em pontos cruciais, cutucando cada ferida aberta. Maldita existência. Sangro sem sentido. Porque não me alivia dessa miragem de viver? Eu não aguento mais ser este fantoche dentro do seu picadeiro de dor.
Faça justiça antes que eu faça besteira.

Errado

Quando os ventos sopram, trazem o frio.
Se sementes não são regadas, morrem.
Risos de canto de boca, significam mentira.
Quando tudo é perfeito, desmorona.
Amor em doses cavalares, azedam o gostar.
Raios de sol, cancer de pele.
Se eu não mentir, um dia mentirão para mim.
Um caminhão de dúvidas, impedem a conquista.
Não sentir, não viver.
Se não tem confiança, nunca me tornarei eterno.
Doar sem medo, se arrepender.
Um dia por cima dos crânios, outro enterrado.
Luzes que brilham demais, cegam.
Todos os cortes, se tornam cicatrizes.
Minhas palavras não lhe convencem, você não me sente.
Se não acreditar, vivo sem sonhos.
Meus medos não matam, mas impedem meus passos.
Amor sem respeito, morte por egos.
Ignorar meus pedidos, não me respeita.
Ao agarrar uma rosa, espinhos lhe ferem.
Se admiro sem toque, tudo morre.


Se tudo for errado aos olhos, fere o sentimento, e nada mais conserta.
As facas hoje sem corte, podem ser afiadas, e machucam. Os gritos podem voltar a se prender dentro de mim, e de onde eles relutam, se cravam. Os meus passos são contínuos, mas medrosos. Se não transformar os cacos de vidro em plumas, sangrarei até morrer nesta caminhada.

Cristais


Uma linha tênue entre a felicidade e a frustração, onde a serenidade se separa do pensar, e traz de volta uma completa linha de angustia.
E isto me leva a noites mal dormidas, pensamentos ao longe revirando minha mente e me impedindo de sarar.
Não existe cura para este caso, perdido e isolado dentro de mim. Me destruo fisicamente, me arraso mentalmente, e jogo os dados para mais um dia. Quando digo não escrever sobre amor usando inspirações, digo porque o amor sana meus temores, e quando isto acontece, fecham-se as palavras.
Eu estou volúvel e frágil, como um cristal. As lanças ferem cada dia mais, e sempre mais fundo, e suas feridas cada vez mais complicadas de cicatrizar.
Quando isto vai realmente parar? É melancólico me ver a deriva sem porto onde ancorar.
Eu não me importo se isto é bonito, se palavras assim te frustam ou não agradam, eu retrato e reporto à mim. Continuo dizendo, noites em claro, mal dormidas, revirando e ferindo, me matam.
Me traduzo aqui, em pequenos lampejos, não falo de você ou pra você, mas não me calo.
Evito a morte sem medo de morrer.