Retrato III

Eu não acredito.
Em porque devemos ser o que somos e para quem somos. Em recompensas por bondade. Em reconhecimentos por atitudes ou méritos por belos e heróicos atos. Em verdades, e caminhos que nos levem a elas. Em jeito certo, ou errado, de se relacionar. Em que pessoas sabem o quanto você é importante e fazem questão de refletir isso. Em palavras que não são vindas do coração. Em justiça e suas armas para mostrar a estupidez de algumas pessoas. Em amizades eternas. Em amores eternos. Em pessoas que passaram por mim apenas para cravar uma mentira. Em famílias felizes. Em paixão que desencadeia loucura. Em seu Deus e seus critérios para entradas no céu ou inferno. Em vida após a morte. Em pessoas 100% do bem. Em pessoas 100% do mal. Em ser bom para todo mundo. Em ficar sempre para trás. Em estar sempre feliz. Em estar sempre triste. Em ser o que não nasci para ser. Em que não enlouquecerei. Em encerrar minha vida com glorias. Em poder contar sempre com amigos. Em ser grandioso aos olhos daqueles que são cegos. Em não sucumbir as dores que me fazem sangrar. Em fixar metas apenas em mim e ser egoísta. Em paz de espirito. Em riquezas que trazem felicidade. Em pobreza que traga satisfação. Em dinheiro como sucesso. Em lutar pelo que não significa nada a nós mesmos. Em fingir para ser feliz. Em forjar sorrisos em troca de favores. Em pessoas que não mentem. Em personalidades fracas. Em necessidades sem propósito. Em ser amado para sempre. Em ser sempre perfeito. Em estar sempre errado. Em viver se tolerando ao invés de se adaptando. Em mudar opiniões. Em aceitar aquilo em que não se acredita. Em viver calado. Em todas as coisas que ouço da boca daqueles que vivem comigo. Em todas as coisas que ouço da boca de estranhos. Em pessoas sem música em suas vidas. Em estar feliz para os outros estando infeliz por dentro. Em prosperar sendo hipócrita. Em pessoas que dizem nunca. Em pessoas que dizem pra sempre. Em quem tenta mudar o que penso. Em incapacidade de ver através dos meus olhos. Em ser eterno sem se fazer eterno. Em não poder chorar. Em ter o perdão daqueles que um dia magoei. Em ter o reconhecimento daqueles que um dia eu ensinei. Em ser esquecido ou lembrado. Em sempre odiar. Em não saber perdoar. Em nunca amar.
Eu não acredito.

Fim

E esta montanha-russa me levou a extremos. Me puxou pelo braço fazendo acreditar que o impossível poderia ser alcançado. Que por mais que lutemos contra, o destino te conduz sempre pro seu caminho, seja ele complexo o quanto for.

Eu vi esperança, eu vi futuro, eu vi olhares que me tiraram do rumo e sorrisos que subornaram minhas verdades. Eu li palavras que afagaram meu peito, e acalmaram minha alma. E eu vivi. Soltei as rédias do impossível e me deixei levar. Erro?
Sangrei, como talvez eu nunca havia sangrado antes. Castelos desmoronados, egos inflados e invejas alimentadas. E eu mais uma vez, desiludido, respirei e busquei a esperança que sempre mantém intacto no que sou. Enterrado em meu peito, sentimentos que não são legíveis, que não dão as caras por segurança e experiência.
Nos braços daqueles que sempre estiveram aqui, esta montanha-russa me jogou de volta.

E ali estava, junto com aqueles que acreditava jamais me deixar. Considerado irmãos, junto daqueles que me afagavam nas recaídas e que eu poderia contar por toda a eternidade. Irmãos não de sangue, mas de alma. Cúmplices de nossos atos. E vivíamos nossa verdade, suportando as tempestades que assombravam e sonhando com nosso futuro. E riamos, riamos de saber que nada seria capaz de destruir o que nasceu natural, o que foi forjado pra ser eterno. Para sempre?
Sangrei, como talvez eu nunca havia sangrado antes. Castelos desmoronados, egos inflados e invejas alimentadas. E eu mais uma vez, desiludido, respirei e busquei a esperança que sempre mantém intacto no que sou. Enterrado em meu peito, sentimentos que não são legíveis, que não dão as caras por segurança e experiência.
Nos braços daqueles que sempre estiveram aqui, esta montanha-russa me jogou de volta.

No fim desta montanha-russa, quando vc entrega as armas e se ajoelha, não derrotado, mas exausto de suas surpresas, de seus desvios bruscos e suas quedas sem fim, recomeço.
E mais uma vez, seus olhos vislumbram possibilidades, constroem historias e mapeiam futuros. Novamente puxado pelas mãos para uma subida ao desconhecido, com a segurança e força que haviam lhe sido tirada, renovação. E enxergar o infinito é maravilhoso. Os caminhos que se cruzam, que se moldam em um só. Os medos que se forjam, os desejos que se namoram. Viver!

Este ano termina assim, entre afagos ao céu e flambadas ao inferno. É isto que me faz sentir vivo, é isto que também me matara.

Um dia.

Prosa só.

Sento-me ao seu lado, de braços dados, sorriso aberto, sem aquelas neuroses que rebatem dentro de mim. Procuro te escutar, sei que não pretendo fazer isso, mas me sinto condicionado. Os meus gestos são quase sempre marcantes, outrora puros e inexplicáveis, mas o que devemos ter de razão?
Eu vivo, respiro o mesmo espaço que você, e a gente sobrevive, de repente somos surpreendidos pela risada, que toma conta dos nossos rostos, e paramos, pensamos se aquilo é verdade, talvez seja. Eu acredito no que você diz mesmo sabendo que poderei não levar a sério. Afago seus cabelos, estes gestos não me agradam muito, eu não nasci pra isso, te belisco, te maltrato, isso sim sem maldade.
Eu quero achar motivos para preencher estas linhas com sutileza, sem ser grosseiro ou indelicado. Possamos ser gentis, e gente.
Caminho ao seu lado, hipnotizado, sem respostas para suas sabatinas, sem motivos pra te fazer chorar, e calo a minha boca pra não ser mal entendido. Chamamos de relacionamento as partilhas, de tudo um pouco, de até proibições, alegrias e presentes.
Não sei criar as histórias que você gosta, eu me enervo, me jogo de volta a conclusão dos fatos, direto e reto, pois me sinto melhor entendendo o meu redor.
Escrevo e descrevo o que ninguém vê, olho nos olhos da dor, mas não vamos cita-la aqui de novo. Eu permaneço quieto, mas não em silêncio, sem que me note, mas não invisível, e não morto, mas embalsamado. Sem pistas ao entendimento.
Dias escuros, noites claras, aonde encontro meus espinhos e transcrevo minhas verdades, que não se fazem entender, que confundem e irritam até mesmo a mim.
Preste atenção.

Exposição

As vezes ela me pega pela mão, me levando de volta aquele local silencioso e vazio. Vazio aos seus olhos, não aos meus.
Ali dentro onde tudo parece frio e mudo, onde tudo se esconde, onde eu não gosto de voltar, mas onde sempre sou obrigado a visitar. Pois ela não me convida, não me pede permissão, apenas se faz presente e faz de sua vontade uma obrigação.
Mesmo que eu mate por dentro, não morre, não esconde seu propósito.
E lá estou eu de novo dentro deste museu da tristeza. Onde guardo as mágoas que vive, as pessoas que perdi, as derrotas que sofri. E a cada curva, uma nova sala, onde relembro as trágicas passagens da minha vida. Onde pessoas que me decepcionaram ou me fizeram sofrer estão imortalizadas, cravadas nas paredes. Algumas exibem bolor, de tempos antigos, de antigas verdades que se dissolveram no ar. Outras como tinta fresca, ali pela primeira vez, em uma coleção onde tenho certeza não gostariam de estar.
Por estas salas eu caminho, eu relembro, choro. Obras primas de vida que não existem mais, de histórias abortadas, do fim de um ciclo que inconformado sou obrigado a sepultar.
Mas as visitas a este local não cessam, há salas vazias, prontas para receber mais lembranças, mais motivos para não sorrir.
Eu queria trancar este local para sempre dentro de mim e desaparecer com as chaves, mas não, não seria justo comigo apagar o que vivi apenas por serem lembranças ruins. Eu encaro, eu assumo, eu preservo, mesmo que por sofrimento, por incondicional tristeza.
Esta é minha vida, de onde não posso sair, locais onde me escondo, onde exibo os espinhos que flores camuflam. Estes são os locais onde você jamais estará, a não ser que me apunhale pelas costas, e que não tenha remorsos quanto a isso. Estes são comodos forjados por meus pecados, muitos deles por acreditar demais. Estas salas cheias exibem uma exposição sem autores, sem obras-primas, sem glamour.


Este é o museu das minhas dores.

Citação


Escritores subornam seus sentidos. Criam historias que se alimentam apenas de fatos fictícios. Escritores profissionais enganam a alma, que se vê calada e muda, sufocada sem poder respirar. Refém de uma imaginação, de fatos que não lhe pertencem. Eu invejo os escritores. Essas pessoas que se escondem por traz de suas próprias mentes.
Eu os invejo.
Já tentei criar o que não sinto. Ms falhei. Já tentei sentir o que gostaria. Mas falhei.

Nos dias que a tristeza aparece, e se mostra, os gritos no vazio ecoam. Mas já descrevi a felicidade, já expus o caminho que leva as montanhas mais altas, onde só eu alcanço, e de lá gritei, com todo meu fôlego. Eu não sou escritor. Sou transparente. Lavo a alma e sujo a vida que você imagina, porque eu não atuo dentro de mim. As historias são reais, porque não são contadas, são criadas e forjadas pela vida.

Um dia eu aprendo que a ficção tem o dom de proteger. Que a história que não existe esconde a pessoa que a escreve.
Por enquanto apenas exponho essência, pura e simples experiência e sentido. Dor, alegria, raiva, tristeza, paz e angustia.

Por enquanto eu prefiro assim, para que fique eternizado apenas uma história, a minha.


Caixas

Dentro desta caixa sem fechaduras, deste pequeno baú, contendo segredos e historias, nunca ditas, jamais escritas, porém vividas. As historias que criamos quando acreditamos em algo, ou os dramas que passamos quando amamos, acreditamos, e cuidamos.
Dentro dessas caixas nos sorrimos, lutamos por quem não luta por nós, e as vezes perdemos. O que mais necessitamos alem de estarmos bem, com as mãos dadas ao caminhar pela escuridão, e se ver protegido, sem medo de errar, ou de arriscar.
O que eu escrevo talvez represente o que penso, talvez eu devesse ser impedido, antes que minha caixa se abra, talvez você jamais entenda realmente do que estou falando, do que reclamo ou resmungo.
Qual o sentido quando nos encontramos? E nos distanciamos. E vivemos assim. Talvez eu devesse parar por motivos meus, por traição, por doença ou por apenas pecar, mas eu creio que me sinto obrigado.
A música da minha vida é clássica, como uma orquestra sinfônica, explodindo em segundos e se calando subitamente, apenas deixando ecoar o que antes era concreto.
E sei que acabarei flertando com a insanidade, mas ela não pede por favor, não permite que você reaja, ela se impõe e se mostra forte. Mas creio que se não me matasse Me faria bem, pra esquecer tudo aquilo que vejo ou aquilo que passei. As caixas que nunca foram abertas. As viagens que nunca farei, e caminhos que nunca meus pés tocarão. Dentro desta pequena e insana mente se constrói um labirinto de duvidas e verdades, sem saída.
A lucidez é tomada pelo impulso, e gosto quando isso acontece. É puro, natural, onde eu chego sem força, sem a necessidade de sentir dor, ou procurar motivos pra isso. Você acredita? Eu Me sinto vivo toda vez que você parte, e me engano toda vez que penso que vai me deixar. Qual o sentido quando tudo é adeus?
Eu abri a caixa que continha seus segredos e coloquei os meus, e dentro dela, no escuro, o que existe em mim se mistura com o que existe em você. Uma única bagunça. E você retira de mim os medos, e as coragens.
Lentamente eu escapo de onde eu me escondo. Lentamente eu me escondo quando consigo escapar.

Esconderijo

Pessoas.
Tão sábias as vezes. Perfeitas.
Sorrisos amarelos, daqueles que apaixonam de falso.
Perfumes que atiçam, vestidos que colam. Saltos.
O que ser daqueles que não entendem pessoas, como eu.
Seus remorsos e atritos, duvidas sobre as verdades, certezas nas mentiras, premeditadas. Pessoas e seus amargos rancores, envelhecem, tiram o sorriso dos lábios, a cor. Aquelas que se perdem por paixão, inconstantes mudanças de humor, de amor. Talvez o ódio motive as pessoas a perda, se faça necessário,
para que nos desprendamos dos males.
E sāo estas pessoas insanas que nos machucam e ferem, nos cutucam feridas, palavras em nossas bocas, delirios infâmes, frieza. Dureza.
Não sou poeta ou filósofo, màrtir ou deus. Sou pessoa. Rio e choro, compartilho dor. Procuro felicidade.

Mais ou meno assim:

"Felicidade que se esconde,
matreira, muleca.
Menina dengosa querendo carinho,
que chora na espera.
Me diga onde estas, seu caminho,
seus detalhes. Me ensina a te gostar, não
sou adivinho, me traio, me esqueço, se
lhe perco de vista choro, menininho, com medo.
Te procuro no escuro, nas noites plurais,
tristeza singular, se te faz presente juro,
ir embora jamais.
A, felicidade. Caminhe ao meu lado, se exiba,
seja perua, se pinte, maqueie, perfumes e luxo.
De mãos dadas seremos um só. De mãos dadas.
Se acredita que pode se esconder pra sempre,
se engana. Vivo em seu rastro. Sigo sua chama.
Que brilha, reluz, traz as pistas, que a ti conduz.
Felicidade."

Lição

O que sinto agora é uma mistura. Um pouco de angústia, um pouco de dor, mescladas com revolta, com raiva.
Eu não desejo isto a ninguém. Eu não faço isso a ninguém. E por mais que eu tente achar motivos que me ponham nos trilhos do entendimento, eu não consigo. Eu não compreendo.
O que mais pode acontecer comigo? O que mais eu devo passar, eu devo entender para que satisfaça a vontade de algo, ou de alguém? O que de tão mal eu faço aos outros, para que eu receba isso em troca? Ou será que infelizmente eu não possa exigir dos outros o que sou com eles?
Estas perguntas nunca terão respostas talvez, e as facadas que eu tomo, pelas costas, devem ter um significado. Mas juro que eu só queria entender porque o destino me conduz a viver assim. Eu queria saber porque não pode ser simples. O que eu devo aprender que ainda não aprendi?

O que devo sentir que ainda não descobri?

Hoje meu texto tem muitas perguntas, porque todas as minhas respostas se foram. Hoje meu texto reflete uma alma que se volta a um canto escuro em buscas de respostas, em busca de quem e no que confiar.

Eu perdi uma pessoa, mas acima de tudo, eu me perdi. Porque nada é mais doído que você ter sua alma ferida, e pela própria mão que um dia vc estendeu a sua para caminhar junto. Eu perdi uma pessoa, que por motivos banais, me matou. E o que estou passando parece um filme, uma cena que não foi escrita, um final que não foi pensado, um final que talvez nunca eu, e tão somente eu, imaginei.

Eu conto as minhas histórias, eu vivo as minhas verdades, e para isso eu preciso ter força. E a única força em que acredito é na do ser humano, e nas pessoas com quem vivemos juntos. E isto esta como uma luz que se apaga, um túnel que me cega, com a escuridão.

Hoje eu aprendi uma lição. Que talvez eu nunca realmente entenda, e desista de repeti-la. Aprendi que dói, pois eu me entrego. E pago por isso. E sou traído por isso.

E é com este vazio que hoje vou dormir. Não um vazio da ausência, mas com um vácuo dentro de mim criado por eu ser assim, por acreditar demais. Ouvir as coisas que ouvi hoje, constatar os fatos que constatei, sem comentários.

O que sinto agora é uma mistura. Um pouco de angústia, um pouco de dor, mescladas com revolta, com raiva.
O que eu sinto agora, esta morto e enterrado.


Perdas

A vida traz lembranças.
Tudo o que vivemos, tudo que o passamos nos transforma no que somos hoje. E o que levaremos desta vida a não ser tudo que guardamos no coração? Todos os dias que sorrimos, todas as alegrias que nos proporcionamos, os momentos que nos fizeram chorar, as tristezas, a perda das pessoas que amamos.
Nossos pais irão nos deixar, e suas lembranças nos trarão lágrimas. Pois não imagino a vida sem meu pai, sem minha mãe, sem as pessoas que mesmo eu sendo como sou, extenderam a mão por mais contraditório que poderia parecer a eles. E onde estará meu pai quando eu acordar no meio da noite e não ouvir sua voz, me trazendo a certeza de sua presença. E onde eu terei que procurar? Meus avós, meus irmãos...
E nesta vida eu procuro ter historias, eu busco por meus amigos para que preencham todos os espaços das lembranças. Porque um dia eles também irão, e espero que juntos comigo, para que ninguem sinta falta de ninguem. Para que as passagens que vivemos sejam relembradas e revividas, dentro de nós, por nós.
E me orgulho de ter ao meu lado pessoas que controem meu futuro, e cravam meu passado de uma forma simples. Viver é simples. E isso é o que importa pra mim. Me sentir aliviado. Me sentir completo por orgulho de manter o que penso.
Ja perdi amigos, ja perdi pessoas, ainda vou perder mais. Algumas pela natureza, impiedosa, mortal. Outras por se deixarem levar por aqueles que dentro do coração não possuem brilho. E se você realmente for incapaz de enxergar tais detalhes, você se entregou ao erro.
Não acredito em outra vida, acredito que o que construimos aqui servira como afago ou perdão quando sentirmos que nossa jornada acabou.
E então espero poder ver meus amigos ao meu redor, e trazer na minha mente tudo de bom que passamos, e ve-los envelhecidos, pelo tempo, como eu, e ter a certeza que dentro de cada um eu tenho uma história, me confortará.
O que eu almejo desta vida é maior do que muitos podem notar. É mais forte e intenso do que muitos possam crer. E é meu destino.
Eu espero que o que sofro pela incompreensão daqueles que estão equivocados, seja válido, por mais que doloroso.

Sou isso.


- Posted by Valdir Silva Jr using my iPad

Retrato II

Não quero medalhas, reconhecimento, aplausos ou tapas nas costas.
Não quero pena, dó, esmola ou solidariedade.
Vivo a vida que escolhi, com suas consequências explicitas e refletidas diretamente sobre mim.
Eu não culpo você, não culpo ele, não me culpo. Pois não me arrependo. Se me faço falar é porque necessito, sinto como se algo sempre me impulsionasse. O que levo das palavras que digo sacodem meu ser e me faz pensar mais.
Eu não sigo os mesmos rumos, não partilho das mesmas ceias, não divido o mesmo pão. Eu ofereço o meu. Pois não sei dividir, sei doar. E quando me dôo aquilo que acredito é por inteiro, e sem mentira.
A anos que sustento meus atos, desde moleque, estranho da turma, equilíbrio dentro de um sistema repetido. Sempre estive ali, encravado dentro dos acontecimentos, se fazendo notar, gritando para aqueles que nunca ouviram.
Eu não sou único, mas sou um dos poucos persistentes, que sobreviveu. Eu não sou único, sou presente, me faço necessário.
E por mais que todos odeiem não compreender, admiram as proezas, as palavras, a coragem que me sobra, e que falta a muitos.
Se preciso for sentir dor, eu estou preparado, porque a dor que rebate por dentro de longe cobre a dor física. E aquilo que marca é o que se foi cravado com força.
Palavras sempre mais fortes que músculos, que atos, que imagens. Porque palavras não morrem, adormecem.
O meu legado é eterno, a minha vida provavelmente curta, pequena o bastante que se eu fosse me calar, passaria despercebido, como muitos. E isso não caberia em mim, como não coube ao Anjo De Luz viver entre nós. Salva do inferno que banha meu corpo, das hipocrisias que ofuscam minha vista, das facadas que tomam meu peito.
Eu por eu mesmo, não culpo aqueles que estão ao meu lado. Procuro ensinar, trago pela mão. Se você esta comigo você esta cercada de força e coragem, e se for esperta se torna eterna. Sou capaz de reconhecer, eu nunca caminho sozinho, não perante aos olhos, e passo a coragem de ver a vida assim se você quiser enxergar.
Enquanto o tempo sucumbe meu corpo, me envelhecendo, enquanto o tempo encurta os limites entre o inicio e o fim, eu sobrevivo.
E se minhas palavras de certa forma atingem você, se minhas palavras de algum modo ecoam por vazios dentro de você, se minhas palavras te libertam mesmo que por lampejos instantâneos, eu cumpri minha missão. Fato.
Não me sinto triste, por mais que pareça. Minhas palavras refletem minha alma, não meu estado de espirito. Meus gestos sim, meu comportamento sim.
A minha cura não existe, eu convivo com isso.
Este é o meu legado.



Cicatriz

E perdas existem para que outros vençam. Devemos entender a vida, e suas tentativas de nos educar, de nos ensinar a não cometer os erros que fazem dela um sofrimento.
Mas não, somos desobedientes, malcriados, e tratamos da vida com desdém. Tratamos sem afagos quando nos dão carinho. Somos ásperos quando tocados por plumas. E somos maldosos, transformando a vida em uma eterna culpada.
Justo ela que nos ensina a amar, que nos ensina que amigos não subjulgam amigos, que amores vem e vão, e que nessas idas e vindas esquecemos de quanto a vida, sem forçar, nos da lições dos verdadeiros valores.
Certas vezes a vida me derruba, e eu sem pique me entrego, me manso como fera domada, sem mostrar as garras, sem olhos famintos. Mas as vezes a tal vida te mostra que é preciso reagir, que é preciso mostrar as pessoas que estão se perdendo em um caminho sem volta. Pois a estrada não tem retorno, não se pode voltar atras e mudar o rumo decidido.
Tão somente só, eu me remôo, me calo por fora e fervo por dentro, pois não aceito o desprezo. Não aceito traição, nem por um segundo, a traição de alma, traição de sangue, de concussões, de dor, de alegria, a verdadeira.
Mais uma noite enquanto o sono me laça eu reflito sobre a vida. Reflito sobre quanto a conheço, quanto ainda devo aprender, e ela não cansa de ensinar.
Loucos aqueles que trapaceiam, que subornam tudo aquilo que deveria ser natural.

Eu estou aqui, e desta vez estou calado.

Condenado

Me arrasto e me arrastam. Dentro de mim não basta apenas ver, apenas ouvir, e calar-me.
Dentro de mim corre sangue fervente, que expulsa o que sente sem medo do fim. Luto, reluto, servo acoado, leão que ruge para espantar ou devorar os mais desavisados. Não me contento com pouco, pouca alma, pouca luta, pouca coragem. Basta para mim ser verdadeiro, inteiro no que digo, saltando aos olhos de espanto daqueles que desdobram suas vidas em um picadeiro. Eu esparramo minha vida em forma natural, apegado menos ao que vocês almejam, focado mais em libertação.
Minha fraqueza agora é ainda sucumbir a padrões que insistem em permanecer perto. Eu não quero isso, quero que o real se apresente, vestido de dama, ocultando o diabo, que seja, mas real.
As vezes desejos enlouquecer, tirar de mim a razão, o pensar com clareza, lucidez, e deixar sorrisos abobados tomarem meu rosto sem noção da realidade. Esta tal que nasci pra ver com os meus, e os seus olhos, enquanto você cego caminha por uma estrada sem fim. Vejo e absorvo tudo aquilo que parece ser despercebido, mas existe, existe sim aos prantos ao redor.
Dor, não esta dor física, esta é a fraqueza que se cura, a ferida que se fecha. Essa dor é a dor que crianças sentem.
Convido você a sentir a tragédia mental que se estabelece aqui, enquanto esforçado você caminha pra mais um dia patético. Ou seria patético o meu pensar? Pode ser.
Escrevo as verdades que doem, realmente amigo, e que a maioria reluta em não sentir, sorrisos amarelos, camisas combinando, um padrão de felicidade.
Me arrasto e me arrastam, isto não é pra você. Esta além de nós podermos escolher ou não. Além do que posso controlar.




Redenção

As vezes sinto a mesma angustia, que espreita e ataca em qualquer vacilo, a espera de uma pequena ponta de fraqueza.
E quando tudo parece estar bem e correto minha mente sucumbe ao caos dos pensamentos. E o medo das incertezas me inunda, afogando os pequenos detalhes e me forçando a parar, a tentar sentir os pés novamente tocando o chão.
As coisas ao redor prosperam, ou pelo menos tentam assim, enquanto eu parto para o desconhecido e me escondo onde não posso ser atingido.
Tenho a luz ao meu lado iluminando meus gestos por este beco sombrio, me deixando pistas dos atalhos, dos passos que devo dar sem feri-los, da força que necessito pra manter vivo meu espirito.
Deste lado não existe o sofrer, apenas a angustia e a insegurança de mudar, mas do lado de ca os ventos sopram a favor, brisa suave e intensa, um universo novo.
Poucos sonhos ainda restam, detalhes que talvez eu nunca revele, eu nunca sonhe junto, ou permita suspirar e murmurar tais vontades. Mas eu ainda vivo.
A harmonia é dura, quase ninguém consegue esta perfeição, atingir o nível, completamente. Mas eu estou procurando os detalhes que me levem a reconhecer que consegui, cheguei lá e repousei.
Dura batalha mental, que me derrota e me levanta, como se ainda não tivesse provado o suficiente, judia mais.
Vamos parar, vamos deixar que flua, como água moldada, escorre e segue seu caminho, não se deixa parar.
Eu sigo meu caminho, curioso, perplexo por pensar demais e cruel por não poder sonhar, mas ainda anseio pelas verdades, onde elas estiverem, pelos pontos finais, onde eles forem postos, e pela conclusão, seja ela qual for.
Eu estarei preparado para entender.


Eu amo

Assim, da forma que você não vê, do jeito que você não gosta, do gosto amargo de um amor em vão, do sabor doce de um amor varrido, da mentira de um amor de semanas, da pureza de um amor adolescente, eu amo.
Eu amo odiar, da forma que odeio o que critico, da maneira que odeio o que não me pertence, do poder de odiar aquilo que me mata.
E sim eu amo ser assim, sem nexo as vezes, sem clichês que envergonhem meu ego, amo ser rasgado, de palavras afiadas, de conclusões sombrias e desilusões entaladas.
Eu amo sem ser do seu jeito, daquela forma sem sal, pequenos suspiros que se vão, de amor de fim de semana, de passeios no parque, sorvete na testa.
Eu amo seu amor, insuportável e inacreditável, inseguro e inquieto, indefinido e doentio, salgado como mel, doce como pimenta.
Amor que você deduz que sinto, que jura que me cativa, que acredita que me faz crer, que sabe se realmente amo. O amor que eu amo é só meu, forjado a porrada, a tapas na cara e gritos histéricos, é o amor que você não vê. E me diz pra me soltar, pra amar sem remorso, do lado seu, que nem me conhece e me julga, um amante. Amante do amor que corrompe seus gestos, arrepia seus pelos e molha seu corpo.
Esse tal amor, que lança suas flechas aleatoriamente, sem pedir por favor ou dizer obrigado, quando esse amor acerta.
Mas eu amo assim mesmo, seco e rústico, amor surrado que não representa o seu amor nem em dias que amamos juntos, amor impar sem par, do lado da poesia amante do poema, esse amor.

Não tenho traumas do amor menina, tenho calos, e eles me protegem do seu amor, que ainda nem nasceu, pra me fazer amar.

Harmonia

Em pequenos gestos, em concordar com o que só nós concordamos, de chorar nossas lágrimas, de secarmos nossos rostos com beijos, das noites onde você não está, do lado de cá, pra onde eu te trago e te afago, e as vezes eu faço você chorar, e tantas outras vezes sorrir, e rir.
E nas manhãs onde eu me levanto e deixo você ir, sinto-me perdido, sem forças pra querer, pois sem ti não quero nada, alem de esperar para poder ter os capítulos repetidos dos nossos melhores momentos, dos nossos melhores dias.
E tão harmonioso são eles que me esqueço dos pecados que cometi, dos erros que criei, e das estradas que caminhei descalço, feridas nos pés, bolhas de tanto tentar alcançar algo que muitas vezes esteve tão perto.
E em cada beijo que sentimos, harmoniosamente, nos encaixamos mais e mais, como nós que se travam. Simples, simples, simples, simples!
Como estas palavras que se tornam repetitivas e instintivas, como o girassol que procura por um brilho todas os dias, eu procuro por seu conforto, seu dengo em sussurros, seu calor em brasa, como fera que procura sua presa. Não desisto.
Dos sons mais puros que escuto, reluz o acorde que me lembra você, motiva cantar e criar universos dentro de histórias. Eu não me contenho sem deixar essas palavras vivas, lapidadas em flor, forjadas a espinho. Sempre.
Harmonia, suspiros sem razão, sementes de esperança que foram jogadas neste campo a espera do desabrochar, de um novo começo.
A solidão que me cobre as vezes me conforta e me traz os pequenos detalhes aflora, me faz enxergar onde ninguém vê. Minha fonte de confissões, que me denuncia em meio aos risos de desconfiança, e em meio as invejas sobre o que não se pode explicar.
Leve e solto, livre e louco.
E se eu pudesse descrever para Deus o que ninguém conseguiu entender, ele me calaria.

Teatro

Das cortinas que se abrem, duas almas, dois corpos, que sucumbem ao desejo mais insano, o amor. Seus braços se juntam, e suas lembranças ficaram esquecidas a partir do momento que nada mais importava a não ser ela, seu toque, seu inocente jeito de dizer sim.
Palavras nunca antes ditas, as lágrimas secas e seus cabelos embaraçados ao toque. A felicidade arranca de dentro toda a dor, e transforma em combustível para sorrir, para acreditar. As noites que se tornaram infinitas por não desejar dormir ao seu lado, apenas contemplando como é belo ser sincero, ser puro e potencialmente verdadeiro. E eles se sentiam como adolescentes em sua primeira noite juntos, os primeiros toques e arrepios, ao lado um do outro, trancados em um unico universo, onde os sentimentos ditam as regras, e a plateia é formada por sonhos, dos mais belos.
E não existe como esquecer, enquanto as horas passam, enquanto os dias carregam a saudade por si só, transformada em angústia das horas que não passam, relembram os momentos que vivem juntos, seu cheiro presente ainda arrepia, as marcas da noite passada ainda vestem seu corpo, e o mais puro desejo conserva-se intacto, a espera de recomeçar, no cair da noite.
Cortinas abertas, do palco onde reluz a beleza que não precisa pedir pra entrar, da harmonia que não força passagem, dos pequenos atos de um conto poético.

"Eu não sinto o que deveria omitir, me faço refém como de praxe, inundado de louvores, cego de esperança, mantenho firme os pés no chão enquanto a alma passeia por paraísos distantes, enquanto o céu e o universo conspiram para mais um sonho, um lugar onde descansar as cicatrizes. Eu levanto os braços, sinto o silêncio que me abraça, me levando a locais onde ninguém conhece. Rasgo os padrões, invento mil regras, quebro duas mil, e permaneço obcecado, petrificado, por sentir. Tão e somente sentir."

E para sempre não consegue expressar o tempo que ela quer que isso dure, e eternamente não representa o que ele deseja mais que tudo. E juntos vivem sobre este palco, contracenando, sob as luzes e brilhos de um conto de fadas, de um conto de histórias que se cruzam, verdadeiras e secretas, como o final ainda não revelado, talvez ainda não escrito.

Continua...

AP

No escuro do quarto, do mais escuro canto, onde as luzes não tocavam seu rosto, não ofuscavam sua vista, ouvia as gotas da chuva, continua e compassada, como uma música que não termina, um canto que ecoa sem fim, ela deitava sua cabeça e sentia as pulsações de seu coração.
Sem palavras ou gestos, descrevia na mente seus sonhos, rescrevia suas duvidas, limpava os ombros dos pedaços que ainda não cicatrizaram.
Ela vivia sua gloria, acordada, perguntando se aquilo era merecido ou prudente, talvez sem querer se permitir, sem poder acreditar que o mundo conspirava a seu favor. Sorrisos sem motivo, brilho no olhar onde antes existia rasas poças d'água.
Hoje em dia ela se permite feliz, se entrega de corpo e alma aquilo que acredita e gosta, vivendo cada virgula, cada espaço, cada ponto final. Do reduto do seu quarto a vontade de estar ao lado dele, aquecida pelo seu corpo, pelo seu toque desajeitado por preocupação, seu movimento sutil para manter o silencio da cumplicidade que só ela e ele viviam, lhe fazia falta.
Os motivos afloram, as razōes prevalecem e a vontade transborda.
Ela sorri ao mais simples toque, se arrepia ao som das palavras, se sente segura e em paz.
O destino fareja aqueles que seguem seu rastro, que como os pingos da chuva que não cessa, se libertam e deixam a vida lhes levar.
Tão bom quanto viver o presente é sonhar com as possibilidades futuras, mesmo que o destino é senhor disto.
E ela dizia aos quatro ventos, "seu sonho meu sonho"

Clemência

Simples.
Cuido dos dias que lhe encontro como se fossem aqueles dias quando acordamos de um sonho bom, como gotas de chuva que despertam um viver, um momento de se sentir vivo.
Das lembranças que lembramos juntos, pequenos eternos momentos, de um futuro incerto,um presente escasso e um passado real, que criou essas palavras que você jamais ouvira outro dizer.
E te deixar ir é dor, soltar seus dedos pela ultima vez para que regresse da distante cidade que veio, sem que eu possa seguir seus passos, sem que eu tenha chance de poder continuar.
O que mais você gostaria de ouvir do coração que se desfaz em pedaços, da alma que se cala sem sua presença, e dói.
Os adeus cada vez mais distantes, as memórias menos nítidas, laços que se afroxam, trilhas perdidas ao vento. Você seria capaz de me seguir? De quantas vezes abri as portas para que entrasse sem bater.
Algumas coisas não se entendem, gestos inesperados, palavras borradas em um papel que não significa nada para ninguém, indecifráveis, incondicionais.
Paro para que possa abrir os olhos e ver o infinito que deixa pra trás, para sentir o escuro que se abate sobre mim quando diz adeus, sem que eu concorde. Calo os ventos que levam meu tempo embora, prendendo a chance da fuga, espere até o dia que amanhece, raios de sol que selam isto, fique aqui. Fique aqui.




Perfeição

Queria ter o dom de apagar coisas da memória. De deixar que a corrente dos mais fortes rios apenas levassem lembranças embora, e que a cada dia as energias se renovassem sem as seqüelas do que passamos.
Mas o que pode nos fazer vivo e nos sentir bem se esconde entre arames farpados, e nada se consegue sem dor.
E eu gostaria de ouvir seus lindos lábios dizerem que o que sonhamos existe e nada mais dentro daquele universo é real, nem mais forte que a sua presença.
E nossas crianças enchiam os olhos de lagrimas por satisfação, por tudo que foi alcançado e planejado ter tido êxito, e os sorrisos sinceros eram prova de sucesso.
Me interrompa em meio aos meus urros trancados, isolados, enquanto eu não aceite o destino, eu quero seus braços me levando, me guiando, fazendo aceitar a paz. O que eu gostaria de ouvir e ler não existe, por muitas vezes tentei me livrar e fazer as coisas simples, mas o que devemos aceitar é o que criamos.
Sua luz, meu foco, meu caminho iluminado por pontos de amor, por trilhas que não deixam rastros pra tristeza, mas você não esta aqui, você não existe aqui.
Me interrompa subitamente para que eu não tenha chances de revidar, pra que meus beijos sejam apenas seus, e de mais ninguem, para que eu fique a mercê da felicidade que só você seria capaz de criar. Sem mais adeus, sem olhos encharcados da despedida, ou do momento de partir. Eu ouviria seus sonhos, e traria em minhas mãos seu destino, e em meu peito uma razão, você.
Se eu me manter aqui até então tu aparecer, eu desisto de ir, e finalmente acreditarei. Acreditarei...

O amor está morto

Quando eu dei meu último sorriso você se calou. Como luz que se apaga ao anoitecer, como a morte que flerta sem ao menos avisar. Deitado sobre seus ombros eu só ouvia pulsações, sinal de vida que existia sem barreiras.
Eu não escondo meu prazer, e onde está o coração agora que o vazio ocupou todos os espaços? Quando seus toques se tornaram sem calor, seus beijos esfriaram e sua mão me arrepiava ao toque frio, lágrimas sem controle, sentido perdido, verdade abortada.
Amo o incerto e inesistente, das marcas que deixamos ao caminhar sobre a praia, desaparecidas sem pistas, sem vestígios de um lugar que não volta.
Eu derivo sobre minha mente, lançado em um turbilhão de incertezas e mentiras impróprias que seguram meus passos. Não preciso do perfume das rosas de plástico, sangro com os espinhos que me rodeiam. Parte de mim se deita todo dia por pouco, subornando a luta travada dia a dia.
Sou incapaz de odiar, me torno refém de palavras vomitadas sem pensar, refém de seu suborno. Princípio de morte.
Quando eu dei meu último grito você sorriu. Pois não haviam verdades e minha dor lhe lavava a alma, te libertava de uma prisão sem muros, de um precipício infinito de onde jamais sairia. A dor que rasgou o meu peito cicatrizou suas feridas, e lhe levantou, enquanto eu guardava meu suspiro final.
Quantas de vocês acreditam no amor, este amor ator, que representa a fantasia imitando a realidade, onde vocês nunca chegarão, e de onde eu jamais sairei. O amor está morto.
Levo o pecado em meus ombros, por décadas, um peso que divido sem me livrar, hoje e sempre.
É difícil abrir os olhos pra onde eu vejo, é difícil respirar esta poluição. O que é incompreensivo me separa de tudo. Eu tranco as portas por onde passo, evitando que larguem as mesmas abertas tentando me seguir, não há volta.
Sepultado. O seu anonimo amor refém da mentira não prospera.
O amor esta morto.

Dúvida

Quanto tempo ainda me resta para aliviar esta angustia. Quanto tempo ainda preciso manter os passos sóbrios por este caminho destruído pela vida. Quanto tempo eu resisto aos golpes que recebo das pessoas que gosto, das tentativas de futuro, de um futuro que eu já nem sei se existe. Quanto tempo vou ficar prostituindo meu corpo em busca de uma paz que eu mesmo deixei de acreditar que exista. Quanto tempo que sorrisos não mais me cativam, e que gestos são automáticos. Quanto tempo para muitos reconhecerem a sutileza onde existe pedras e espinhos. Quanto tempo sem o respiro tranquilo e a serenidade do comum. Quanto tempo ainda duvidarei que não tenho chance de pertencer a isto, e que sonhos seqüestram sua mente e a mantém presa em um cativeiro. Quanto tempo para que você entenda um não, e para que você enxergue o sim. Quanto tempo se passou e permaneço em coma, e você não vê. Quanto tempo até que a sentença seja dada, até que os pecados sejam passados a limpo e haja o descanso, melhor que o descaso. Quanto tempo que não respiro aliviado.
Quanto tempo faz
Quanto tempo mais
Quanto tempo leva
Quanto tempo resta

Não pergunto porque não terão a resposta. Por quanto tempo?

Estrela

Longo tempo que não acordo feliz. Sem ter a incerteza pesando sobre meus ombros, me forçando a ajoelhar, sucumbir ao caos eminente.
Eu não tento ser o que não posso e não posso ser o que tento, isto me tormenta. E eu expresso isto apenas por diversão, à vocês.
Mostrar as feridas e não as cicatrizes é para poucos, somente para aqueles que não se escondem em mascaras que escondem o verdadeiro recado.
Já se tornou ponto comum, coisa sem importância, não comove ou impressiona, mas continua sendo real. Eu vivo aquele pedaço que você esqueceu, por medo ou conveniência.
Ainda estou aqui, puxado pra fora dos meus sonos, arrancado da chance de apenas respirar, calmo e pausadamente.
Gritos no vazio de uma alma doente, a deriva pelas circunstâncias, ferida pelas escolhas e em coma pelo esquecimento. Os gritos ainda não ecoam a ponto de alguém ouvir, virar, e dizer, "aqui, este é o caminho."
Quando a mente sucumbe, o corpo padece, e isto vem aos poucos se tornando real. Matando aos poucos e ofuscando o brilho antes puro e radiante.
Estrela que nasce morta, da o sinal que já se foi, seu brilho é pista, mas não é real. Sinal de vida que passou, futuro não visto, passado apagado, estrela entre o infinito escuro, luz de sua partida.
Se eu não sumir, minha existência será sem nexo, sem rastro de propósito. Me guia ao infinito para o recomeço.
Eu não aguento mais esperar.

Espera

Não são palavras, são atos que nos trazem o sentimento. Que nos fazem crer que podemos ser especiais, qu despertamos o carinho e a importância para alguem, ou algo. Muitas vezes tão puro que não necessita nada mais que um olhar, que um pequeno gesto, um trazer a suas mãos, um afagar e massagear quem se gosta.
Dos pequenos e sutis recados tiramos lições que transcedem a compreensão, a razão de ser real e normal. A devoção que damos aquilo que fazemos é o que importa, é o que transforma um pequeno em gigante, um ofuscado em brilho radiante.
E as atitudes, por mais sutis que sejam, quando captadas, enchem de orgulho a todos, e aqueles que entendem tais atos.
Quero ser grande ao ponto de ser lembrado, ao ponto de minha devoção a que acredito seja vista no mínimo como sincera, e que mesmo sem eu dizer, seja real.
Poucas coisas importam, e o quão realmente são verdadeiras é o que vale. Não me importa crescer, se para isso deva ficar sozinho, não me agradam conquistas que eu não possa partilhar, sorrisos que eu não possa dividir, e emoções que eu não as tenha por dentro.
Disto tudo tiramos pouco, e poucas pessoas são capazes mesmo se lembrar, quantas vezes fizeram muito para receber pouco, em pequenos e fortes gestos.
Não encontro a tão desejada paz de espirito ainda, mas creio que posso enxergar os lampejos disto, e os atalhos que talvez um dia me levem a descobrir o ponto final, o caminho onde eu descanse a espera de vocês.

Quieto

Ando calado, sem dizer aos quatro ventos o que sinto. Sem talvez a necessidade de mostrar doses de mim que a maioria nem sequer merece. E como me foi dito dias atras, eu me exponho demais, me "abro" demais e escancaro o que sinto pra muita gente desprezível. Meu erro.
Mas estes dias as palavras permanecem aqui, dentro de mim, onde ninguém é capaz de ler ou deduzir, ou de abusar disso como um suborno mental.
Palavras novas para tempos novos. Do surgimento de novos sorrisos, novos perfumes, um toque diferente e um olhar inédito. Eu adoro estas descobertas. Do escuro surgir e reluzir, das incertezas boas surpresas. Da "magia" do inesperado descobrir que deveria ser aquilo mesmo, isto é bom.
Sou movido a convites bem feitos, ousadia que surpreende e motiva, que pode ser confusa para você, mas clara como água para mim.
Não existem barreiras quando não se existe temor. O proibido se esconde na sombra da vontade.
Ando calado pois estou transcrevendo palavras diretamente aos olhos de quem merece. E quem são essas pessoas? Pergunta de simples resposta se vive comigo.
Estou absorvendo de pequenas doses bons momentos, de conversas de 2 horas na madrugada, de "bom dias" simples e sinceros, renovados e sem cicatrizes, criadas por mim mesmo. E qual seriam as chances das coisas darem certo, mas o que deveria dar mais certo ou esta dando errado. Consigo entender e ao mesmo tempo me confundir, e confundir você.

Talvez eu precise mudar algumas coisas, só que estas mudanças trariam perdas, e estas perdas me fariam mal. E o que fazer então?

Esperar que eu seja surpreendido. De novo.

Tempo

Ate quando irei me entregar as desilusões?
Para onde eu miro meu rumo, o chão desaparece e novamente não existem pistas para felicidade.
O que o tempo mata, destrói, sucumbe, vira pó.
Palavras ao vento, largadas e soltas se misturam a dura e cruel realidade. O fracasso.
Não existe beleza, não aceito anjos que me querem bem. Este é o inferno, e eu vivo cada pedaço dele, sem direito a condicional.
Mais uma vez respiro e engulo seco, nocauteado pelas verdades implícitas, maquiadas de jargões, sorrisos programados e mentiras.
Luto pelo que não existe, por acreditar que mereço, por saber que deva existir, e descubro de novo que luto sozinho.
Mais uma vez, amputado prematuro. Sonhos abortados como que sem perdão, sem justificativa ou razão. Apenas eu preciso passar sempre e sempre por isso.
Eu não aguento mais.
Quero tirar de mim qualquer motivo que me leve a sonhar. Qualquer pequeno lampejo que me faça acreditar pra depois me foder, sem dó. Quero a abstinência da alma, sem volta, muda e surda, paralisada.
Me procuro onde não devo existir. Me crio em mundos onde não pertenço, e sou deletado. Espero quem me resgate da catástrofe real que passo e sinto dia após dia. Não quero mudanças, quero a simplicidade da adaptação à mim, por mim, de alguém.

Por enquanto, nada me faz feliz.

Poeta

Simples, direto e real.
Eu não sou poeta, eu não sou escritor, não divido glorias, não recebo prêmios.
O que digo é da alma, é retrato de vida, paixões e brigas, suor e lagrimas.
Pedaços de vida que se partem, terminam aqui, no porão da minha alma. Isto é fruto da demência, uma tal que não controlo, que me permite ser anjo, maquiado de demônio.
Isto é sentido, vivido, passado e presente. Recuo o futuro e cravo meus sonhos, medos e loucuras.
Aqui de onde estou não existira o poeta, o sagaz das palavras, que confunde sua mente e salga seus desejos. Eu sou o escravo do meu sonho, a vitima dos seus delírios e o assassino do agora.

O que a vida me ensina, eu regurgito em pedaços. Crus, doentes, câncer que some e volta, curado, infeccioso, maligno e benigno.
Não há voltas, poeta, não a regras nem limites, presos ao seu corpo, devorando sua alma, eu amo meus espasmos de lucidez.

Mas vivo na utopia do astro caído.

Loucos aqueles que se prenderam aqui, mundo ríspido e seco, laços sem fitas, cortes sem sangue.

O que esta em mim é puro, salgado e raro.

Poeta? Poesia?
Vida e suas leis.

Laços

Nas noites que não terminam, onde sorrimos
Com palavras doces que cobrem as madrugadas, mimos
De rosas vermelhas, pétalas doces, espinhos afiados
Gotas de orvalho que transmitem o suor, corpos suados

Nuvem que cobre meu dom, que esconde meus gestos
Palavras avulsas, assustam meus olhos
Pareço não entender, uma por uma, amor e protestos
Do amor eu tiro as armas, uso e abuso
Seus medos te atraem sem motivos, confuso

Uso vírgulas que separam o fim, de novo
Quero continuar, separo, e paro
Como é possível não entender, eu quero
Eu digo doces, amargos e puros, é vero

Do desconhecido ao irresistível
Para chegar ao que hoje chamamos de desejos
Isto confunde os sentidos, indescritível
Freio com medo de me perder, esquecer os cortejos
Lamina afiada, navalha cruel, fere

Sentidos marotos, desrespeitosos, desleixados
Vão sem dó, pra onde eu não sei, eu permito não saber
Querem que continue, mas não tem sentido.
Assim...

Madrugada fria, onde perco meu sono, onde encontro razões, que me seguram aqui, Madrugada do silêncio, que me abraça e me respalda, juiz dos meus atos, cúmplice dos meus pecados,  bandido da minha razão. Se eu quero ser único, me livro e me separo do casulo do medo, deste pequeno círculo vicioso. Meu começo, meio e fim. Meu fim sem palavras.

Boneca

Eu abandono em um canto do quarto. Sem vida, sem calor, destrambelhada e sorriso pintado. Seus cabelos não tem perfume, seus olhos piscam se chacoalhados, manipulo seus gestos e suas falas.
Corpo lindo, colorido, transformado e modificado por mim. Pode ser sempre minha, posso emprestar, não se importa com nada.
Marionete com sorriso bonito, que ilude friamente, estrapola a dignidade, mata e fere. Se te pego pelos cabelos nem geme. Se xingo não retruca. Minhas experiências te excitam, mesmo você não sentindo prazer.
Esqueci de você por dias, me fez bem, livrando minha mente da mentira muda que ainda prega. Esfrego seu rosto contra a parede, mas na verdade queria arrancar sua cabeça fora. Queimar mesmo sabendo que não sente dor. Mas te uso como me usa, te manipulo como fui manipulado, eu controlo. Ou sou controlado?
Te trouxe a vida que quis, cresci sentindo você mais que a qualquer outra, e você apodrece, com o tempo, apodrece com o silencio, apodrece com a indiferença.
Largo você no esquecimento, de onde jamais deveria ter saído. Te cubro com entulho, escondo, quebro cada pedaço que um dia conservei intacto.

O que não existe não pode me matar. Você se calou.

Onde esta você?

Sorrisos sem medo, subornavam a angustia e me traziam a paz. Da desconfiança ao poder de descobrir, de tentar, de desbravar caminhos inexplorados. E as palavras certas eram ditas, e os gestos expressavam o carinho que ele procurava. Sem medo de sentir, sem medo de se entregar, como muitos acham que nunca fez, como poucos sabem que pode fazer.
Hoje em dia ele não encontra mais estes sorrisos, não enxerga o sentido que guiava seus passos, e não existe o toque, não existe a confissão do olhar. Palavras curtas, entrega nula, existência burocrática e medrosa. Porque não volta a existir? Respostas banais, confiança dissolvida, esperança ameaçada e futuro incerto. Sorria.
Hoje em dia os laços se afroxam, os nós desatam e o calor sucumbe à frieza da indiferença.
"mas nosso amor ainda ter forcas pra lutar contra essas coisas que só ver pra machucar?".
Distância colossal, abismo que engole os desejos, as vontades e principalmente a razão.
Ainda espero seu retorno, espero que por traz destes pequenos encontros monossílabos exista aquilo que foi visto e provado.
Doce mentira, amarga verdade.

Onde esta você?

Raiva

Ela significa os mais estranhos sentidos, os mais absurdos pecados. As palavras que jamais foram ditas, os erros que nunca foram cometidos. A chama que incendia os sentidos, que seca a garganta, transpira. Não falo de mim ou de você, falo dela. Não resta duvida de que estamos perdidos, não é real como também não pode ser falso. Impede a razão e tira a mente dos trilhos. Me faz querer arrancar de dentro você, e ao mesmo tempo me pede pra ficar. Falo dela entre cacos de vidro espalhados pelo chão, dos rostos borrados de um choro compulsivo e doloroso. Ela ri sem pudor e quanto mais ri mais cresce, encravada na alma.
Não sou homem para controlar iso, alias nenhum de vocês é. Subestimo cada vez que ela chega e rouba de mim os sentidos mais básicos. Eu odeio você. Isto é sentido bem puro. Não existe a chance de relaxar, esta dentro e profundo. Me saciava fome sem ao menos eu ter tempo de querer. Cega meus passos. Porque você existe para destruir, e não para sorrisos ou prazer. Maldição sem rosto ou toque, quebra as pilastras da vida, e desmorona. Navalha afiada aperta meu pescoço, você gosta, me induz, me suborna.

Eu não vou me entregar a você sem saber que realmente estarei fazendo por mim.

Paixão, livrai-me.

Oásis

Esta é uma noite longa. Daquelas que não terminam antes do sol raiar. E nestas noites sem fim não encontro respostas, porque elas não existem. Porque nestas intermináveis horas que eu passo a questionar as tais tentativas de ser feliz é onde eu mais me perco, mais me debato contra as teorias de felicidade que ouço por aí.
Minha cabeça pesa mil toneladas, e por dentro um vazio, jamais preenchido, e de uma forma sem sentido eu fecho os olhos, procurando entender os fins que a vida me justifica, se isto é possível.
Sei que este espaço parece nunca ser preenchido, nunca ser completado, como um quebra-cabeça faltando uma única peça, aquele detalhe que revelaria tudo, e fim.
Minhas esperanças flutuam a deriva, dia após dia, eu realmente queria o fim dessa espera, de todas as perguntas sem um ponto final. Um ponto onde a vida se faria valer a pena e o sentido realmente se mostrasse. Sonho meu.
Me sinto como que se houvesse encontrado um oásis. A distancia observava aquela mais bela paisagem, e passo a passo enquanto ia me aproximando, a verdade era diferente, era inesistente, desaparecia na imensidão do espaço.
Longa longa noite sem tréguas e sem perdão. Cada minuto um aperto, uma facada em pontos cruciais, cutucando cada ferida aberta. Maldita existência. Sangro sem sentido. Porque não me alivia dessa miragem de viver? Eu não aguento mais ser este fantoche dentro do seu picadeiro de dor.
Faça justiça antes que eu faça besteira.

Errado

Quando os ventos sopram, trazem o frio.
Se sementes não são regadas, morrem.
Risos de canto de boca, significam mentira.
Quando tudo é perfeito, desmorona.
Amor em doses cavalares, azedam o gostar.
Raios de sol, cancer de pele.
Se eu não mentir, um dia mentirão para mim.
Um caminhão de dúvidas, impedem a conquista.
Não sentir, não viver.
Se não tem confiança, nunca me tornarei eterno.
Doar sem medo, se arrepender.
Um dia por cima dos crânios, outro enterrado.
Luzes que brilham demais, cegam.
Todos os cortes, se tornam cicatrizes.
Minhas palavras não lhe convencem, você não me sente.
Se não acreditar, vivo sem sonhos.
Meus medos não matam, mas impedem meus passos.
Amor sem respeito, morte por egos.
Ignorar meus pedidos, não me respeita.
Ao agarrar uma rosa, espinhos lhe ferem.
Se admiro sem toque, tudo morre.


Se tudo for errado aos olhos, fere o sentimento, e nada mais conserta.
As facas hoje sem corte, podem ser afiadas, e machucam. Os gritos podem voltar a se prender dentro de mim, e de onde eles relutam, se cravam. Os meus passos são contínuos, mas medrosos. Se não transformar os cacos de vidro em plumas, sangrarei até morrer nesta caminhada.

Cristais


Uma linha tênue entre a felicidade e a frustração, onde a serenidade se separa do pensar, e traz de volta uma completa linha de angustia.
E isto me leva a noites mal dormidas, pensamentos ao longe revirando minha mente e me impedindo de sarar.
Não existe cura para este caso, perdido e isolado dentro de mim. Me destruo fisicamente, me arraso mentalmente, e jogo os dados para mais um dia. Quando digo não escrever sobre amor usando inspirações, digo porque o amor sana meus temores, e quando isto acontece, fecham-se as palavras.
Eu estou volúvel e frágil, como um cristal. As lanças ferem cada dia mais, e sempre mais fundo, e suas feridas cada vez mais complicadas de cicatrizar.
Quando isto vai realmente parar? É melancólico me ver a deriva sem porto onde ancorar.
Eu não me importo se isto é bonito, se palavras assim te frustam ou não agradam, eu retrato e reporto à mim. Continuo dizendo, noites em claro, mal dormidas, revirando e ferindo, me matam.
Me traduzo aqui, em pequenos lampejos, não falo de você ou pra você, mas não me calo.
Evito a morte sem medo de morrer.

Sempre Assim


Plena magia que verte dos seus gestos
Sorriso inocente, me cala, me prende.
Inspiração sem limites, proíbe meus atos mais loucos
Sou homem de verdade que sussura aos poucos
Cale-me com seu toque, suspiros me devoram
Menina que atrai sem querer, moça madura
Tira de mim delírios e uma doce loucura, ternura, murmura, pura.
Ninguem escreve assim, desafio os sentidos
Como você comigo, ficamos perdidos
Se eu não mais te ver, que as lembranças alimentem-me
Mas não me sacio de ti, por mais que você me provoque
Sem ao menos ter tido você, consigo sentir seu toque
Uma loucura sadia, não afeta a alma, espalha a vontade
Você que sempre esta por aqui, eu sei, procura bondade
Nas minhas palavras que me diz admirar, acha sentido
Onde muitos parariam, você continua sem medo, sem rimas.
Procuro escrever de você, pra você, por você, perdido.
As palavras me faltam aos dedos, me subestimas.
Professora, marota, lhe afago os cabelos, mais uma virgula.
Pauso e suspiro, aqui esta ela de novo, virgula. Pausa.
Liberte o que de mais puro sente, sei que sabes que escrevo pra ti.
Você só tem tamanho, doçura e poder. Pecaria por ti.
Se entender meus sinais não desista
Se então se dizer cansada, insista
Se hoje esta aqui, estara para sempre.
Todo sempre.

Cascalhos

Luzes, um fim esperado, uma história que não possui roteiros. De onde nasce o brilho que sustenta cada momento, cada afago e sorriso, de onde nunca poderemos sair, estes são nossos dilemas. Na esperança de um dia onde o tempo não consuma minha alma, onde eu não precise lutar por um pequeno gesto de paixão.
Quando a gente não sonha, perde o medo de morrer.
E os detalhes não fazem mais sentido, páginas em branco dentro de um livro rascunhado, escrito a mão, rabiscado. Eu as vezes desejo que isso termine, que me deêm a paz para sempre, e então procuro os sonhos, alimentando meus passos novamente, pois sem eles me cubro de temores e uma escuridão paira sobre tudo, deserto onde não encontro ninguém, nem sequer minha sombra.
Aqui, inerte em meio a turbulenta selva da qual não pertenço, tento ao menos me curar das feridas abertas e estancar o sangue que verte dos meus delírios. Você é capaz de enxergar cada gota?
Meus sonhos mudos, acorrentados dentro de mim, choram por liberdade. O que talvez me mate um dia, a falta de um lugar onde parar, cansado de lutar contra o que não se pode vencer.
Qual meu dom? Quais minhas virtudes? Sofro calado cercado de rascunhos frios e cismas, não inspiro você como deveria.
Por mais que eu lute para vencer este abismo, o fundo nunca é o bastante. O medo se perde, junto com meu pulso.


Sonhos

É assim que gostaria de viver. Sabendo que um dia, tudo que passei nessa vida não foi sem sentido. Que todos os amigos que fiz, que todas as pessoas que me amaram e amei, que todos meus entes queridos que um dia me deixarão, eu os encontrarei. E espero ter essa chance, espero um dia poder sentir o mesmo que sinto agora por todos eles.
E mesmo não aceitando, pois creio que também não aceito o fim como deveria ser, que eu consiga reencontrar a paz e os valores que se perderam. E luto como um guerreiro por aquilo que sou, naquilo que acredito, cada dia um pouco mais.
Na serenidade de minhas palavras, que sem controle se materializam aqui, que me inspiram a continuar, eu gostaria de sonhar, de saber que fiz falta e farei falta um dia. Isto é tudo o que levaremos daqui, nossos sentimentos, bons e mals, sinceros e sombrios.
É nisto que acredito agora, em sentir a vida dentro de mim, nada mais importa, nada mais faz sentido se não existir com quem se preocupar, a quem amar e construir lembranças. Razões.
Vivemos a vida sem sonhos, vivemos muito pouco tudo isto que nos foi dado.

Este é meu mundo, eu compartilho com vocês.


- Posted by Valdir Silva Jr using my iPad

Solitária

Noites curtas, pensamentos ao longe, se perdendo entre duvidas que insanam a mente. Os versos sem rimas, as palavras doces que sussurravam em seus ouvidos. Ali não estavam.
Abraçada apenas a seus travesseiros, companheiros das madrugadas, do silêncio interminavel da espera, isto maltrata sem dó.
E ela chorava sem ritmo, querendo entender as tormentas, soluços descompassados, segurava a voz, e fechava os olhos. Ali, naquele pequeno espaço, ela sofria.
E quando pensava nele, aliviava a dor, como um calmante natural, sorria com os olhos vermelhos e rasos, ardidos de saudade.
Esta menina vivia o impossivel, nos sonhos que a vida lhe insistia em roubar, achava forças para seguir em frente. Seus gestos mudaram, seus amores passaram, e o que antes era proibido hoje é essencial.
Abalada sempre, destruída jamais, sua luta era sempre recompensada. Pois a espera proíbe o agora, mas alimenta o amanhã, como lenha na fogueira, do desejo.
Doce como nunca antes doce, luz como nunca reluz, princesa. Guarda no peito seu amor, que dói no coração mas afaga a alma, guarda contigo seu desejo mais profano e sadio, rasgado e real.
E quando pensava nele ardia em brasa, sabendo que o melhor ainda viria.

Solitário amor, verdadeiro e cafona, primordial.

De costas para mim

Poderia escrever para uma dúzia de pessoas, sobre pequenos detalhes que andam sendo mostrados e jogados com palavras que talvez algumas achem que eu seja incapaz de enxergar ou entender. Mas não, muito pelo contrário, eu percebo claramente algumas intensōes, e ultimamente não estou recebendo nada além disso. Em uma espécie de "punição" por tentar, pasmem, ser feliz.
E o que eu devo fazer? Me afastar daqueles que agem assim? Isto já começou a ser feito a medida que fui ouvindo da bocas de algumas dessas pessoas, o descaso e a frieza da hipocrisia.
É triste perceber o quanto as pessoas são infelizes em seus pequenos atos, e eu tento sempre entender o que desencadeia isso.

Mas confesso que cansei.

Porque eu ainda assim sou maior que isto tudo.
E o tal egoísmo que muitos adoravam dizer que eu possuo, mas que ficaram surpresos quando realmente eu o demonstrei, vai servir pra filtrar ainda mais os merecedores.
Quando você é acusado de coisas que não fez, é inaceitável. E eu consigo ver dentro de cada fresta aberta, de cada sutil demonstração de ignorância.

Eu estou decepcionado. E tenho certeza que as pessoas que estão colaborando com isso sabem quem são, uma por uma. Os pequenos convites negados, os negócios desfeitos, os risos amarelos, e desprezo.
Agora mais uma vez as angústias partem apenas de mim, e morrem comigo, porque sozinho não se compartilha dor, e não se deve partilhar felicidade então, e vocês estão fazendo estas escolhas agora, e não estão percebendo. Sejam sutis em perceber, talvez seja mais válido que a agressividade usada pra tentar me derrubar. Deixo aqui a dica.

Existe algo que raremente eu faço: andar em círculos. Quando eu aponto meu norte, meu caminho, eu pratico mudanças, e o mesmo eu não vejo em muitas dessas pessoas que hoje viram as costas, esnobam e tiram sarros disfarçados. Dos mais ricos aos pobres, dos que os pais patrocinam sonhos e moram em apartamentos brincando de ser independente, aos que vivem fora da cidade, que ainda brincam de bonecas e se reúnem para falar mal dos outros, todos estão vivendo em círculos. Uma pena.

Enfim, meu blog não é destinado a este tipo de texto, e vocês, não dignos de ocuparem este espaço. Acho que já perdi bastante tempo. Aqui falo de mim, falo da vida e de fatos, inspirados por quem faz parte dela.

E vocês estão se excluindo.
Um de cada vez.





- Posted using BlogPress from my iPad

Meus Prazeres Agora São Outros

Isto aqui está me matando. Essa tortura da espera, essa angustia por por ter que resolver o que realmente vai ser feito. Isto esta consumindo minha mente todos os dias. Parece facil para muitos, simples até demais, porém para mim é realmente péssimo. Eu preciso sentir cada vez mais, cada vez mais real e inevitável, e assim seguir adiante.
Não tolero mais esta vida, esta história mal acabada, estas falsas palavras, de gente que agora se transformou em vítima. Isto é engraçado. O brinquedo parou de funcionar, e agora vem a rebeldia coletiva. Eu estou completamente sem paciência com isto. E obrigado realmente por não tê-la.
Isto vai me levar mais distante e convicto do meu objetivo.
Agora é chegado o tempo de ressurgir, de recomeçar a escrever minha história, de tirar de dentro de mim os poucos sonhos que ainda restam, e eu vou transforma-los em algo real, sem dúvidas.
Mesmo irritado como estou nāo nego estar feliz, nāo nego estar ansioso para que esta locomotiva parta, e que eu siga meu rumo. Estranho mesmo como o mundo nos ensina dia após dia, como ele presenteia alguns, e maltrata outros.
Eu espero ser do tipo sortudo, daqueles que realmente são felizardos a viver, pelo menos algumas amostras disto eu tive, e tenho.

Que seja eterno enquanto dure...


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Vácuo

Não estou sonhando, mas apenas sinto os tremores e um ruído.
Sem som, oco, me escondo dentro de um vácuo quente e sem saída.
Aqui é onde você nunca vai chegar, e quase ninguém vai ouvir dizer, aqui é onde respiro.
Minhas mãos suam, um suor frio e amargo, secretam este meu medo.
Deus, quem é capaz de dizer estas coisas. Deus que não existe alem dos meus ditados, de minhas palavras irritantes.

Aquilo que poucos vivem, muitos sonham.

Meus ouvidos se selam, me separando da realidade, para dentro de um mundo exclusivo, sem anjos ou demônios. Certos ou errados.
Eu contorno meu desespero dia após dia, não desisto da luta, e não gosto de fingir.
Falo das partes chatas, daquele suspiro que todos dão, e que eu aprendi a laçar com palavras. Eu transpiro sua mentira, eu sou capaz de odiar o que amo, e perdoar sem razão.
Me deixo levar por aqui, me deixo existir aos pedaços.
Me atiro sobre rochedos, rasga meu peito. Eu não pertenço a isto.
Olho os sorrisos inocentes, me intrigam, mas não me comovem. Passo horas camuflando insanidades, pra me desprender a cada dia mais do que eu não mereço.
Apenas sinto as batidas do meu coração dentro de uma caixa. Sufocado. Prensado e batendo.
Eu não estou sendo claro o bastante pra atingir seu espírito.
Talvez eu nunca consiga realmente me fazer acreditar. Uma longevidade abortada.
Preciso ir, preciso respirar...





Antes do Começo

Adimiro seus gestos, toques e suspiros. Como é bom amanhecer e sentir seu perfume, e eu queria não acordar, apenas olhar você dormindo, e pensar em quanto minha vida é feliz ao seu lado. E eu iria sorrir sem você notar, mas por você. E beijaria seu rosto enquanto afago seus cabelos, despertando-te.
E me olhando nos olhos com um sorriso suave e sincero, diria que me ama, pois o amor sempre vence.
E ao caminharmos pela praia, mãos dadas, rindo dos defeitos, e deixando que o tempo selasse nossos sentimentos, e nossas almas juntas indo ao infinito, eu teria enganado a vida. E feliz como nunca eu te abraço e te beijo, eu não quero perder isto, ser sempre seu.

E duvido das verdades que vivo, e por mais que eu queira não ser seu, eu já seria. Meu mundo e formado por você, por seus caminhos e decisões, que me fazem forte e homem.
Uma bela mulher, uma alma gêmea, sua sombra insinua o amor , o sexo sem culpa. Sou seu amante e seu marido, seu caso e seu divorcio, seu prazer sem barreiras. Pra isto que escolhi viver, pra lhe presentear com o toque preciso dos meus lábios, você, merecedora. Seu olhar me domina, me chama pra perto, me tira o que quiser, me culpa e me afaga, sinceros.

Eu não sou mais o menino que brinca de conquistas, de provar ser capaz. Eu sou o homem que aprendeu a ser puro e simplesmente, homem. Me dedico sem medo ao que me pertence, e você é minha, por mais distante que ainda possa estar, nos meus sonhos tê vejo clarente, e aquele sentimento de satisfação me intriga. Onde esta você? Dos meus sonhos repetidos. Sei que existe em algum lugar.
E quando eu abro as portas e porque ainda procuro por você, e quando faço loucuras que poucos fariam, é porque minha sina é lhe econtrar.
E por mais duro que seja esse caminho, meus dedos tocarão os seus e meus olhos focarão seu olhar.
E isto se tornara eterno.

Location:R. Abolição,Santo André,Brazil

Refrão

O que me transforma no que sou?
Eu não sei apenas viver. Me prendo ao inferno das verdades, ao caos dos aborrecimentos, de ilusões.
Os sorrisos que procuro se dissolvem em 45 minutos e desaparecem em meio a multidão. Me transformo no que você criou. De desilusões e incertezas. Eu guardo as desculpas que jamais serão ditas, os pecados que todos cometem, a pureza da farsa.
Sirvo apenas ao seu ego, ao brincar de vida. Como todos os "eu te amo" que guardo em forma de fraqueza, e detesto acreditar. E se transformo sua vida no furacão desgovernado, perdoe-me.
Seus lábios marcam os meus que marcam os dela que nunca me encontraram, isto parece confuso, creio que sim, mas real. Eu me lamento por dias a procura das respostas, porque não pode se desiludir como todas?

Meu coração é real, sangue e pulsos. Dele apenas o impulso que mantém a escrita. Força o inevitável.
Quem um dia vai arrancar de mim os segredos e manipular todos meus passos, sem que eu me rebele, ou sofra e desista. Quem?

Eu não deveria estar acordado.

Sufocado

Como o amargo entre os lábios, é não sentir o amor entre o peito.
Não deixar que as cordas se soltem, livre você do mal.

Da mais linda história, de amor e de ódio.
Das preces que um dia arranquei de mim, de contos que a vida não pode me dar.
Se eu não sinto não existe.

De todas as palavras que li, pedaços perdidos, não me encontro, me transformou em pecado sadio, que resalta meus erros e mergulha em meu amor, lamentando poder fugir sem dizer adeus.
Criação dos nossos segredos e medos. O que devemos ser perante aos olhos da vida.
Mas se realmente sentir, me desprendo de você, e se realmente existir, eu espero sorrir um dia sem perdão. Sem o contraste que arranha seu rosto e marca meus passos.

Eu já desiste da verdade.
De tudo aquilo que resiste aos erros que condena.
Me perco em minha fé e me encontro em meu pecado.
Na escuridão onde soluço sem platéia, onde a respiração sucumbe a dor, eu existo. E os abismos onde estou enterrado você jamais visitara. Uma inocência plausível.

E quando eu estiver longe, e quando esta vida for apagada para que os mesmos erros não sejam escritos, eu espero não saber que mudei, espero não entender meu passado, apagando meus passos.

Você é incapaz de odiar, eu sou incapaz de me curar. Reverso ao extremo. Ressalvas.

Deixo para trás aquilo que apaixona e que mata.
Os segredos guardo comigo e um dia face a face eu negarei.
Uma a uma, meus desejos.
Quando as cortinas manchadas de sangue se fecharem, não mais o prazer e o ódio estarão em conflito.

Eu me deixarei ir.

Insano

Eu crio. Eu destruo.
Nada mais natural que perceber as loucuras que fazemos. As mais descontroladas tentativas de e tornar normal. E eu sempre esbarro no fracasso. Sempre tentando ir contra aquilo que provavelmente seja minha meta, minha trilha. E mesmo assim insisto e descubro que não existe outro caminho.
Isto não é amar, é insanidade à flor da pele. Inviável, sem o mínimo respeito. Transforma querer em rejeição, gostar em odiar, viver, em morrer. Maldita hora que se permite tentar, isto abre espaço aos buracos rumo ao precipício.
Isto não é amar, é doença sem cura, conspiração. Provoca raiva, leva sua alma, impede de viver, de sorrir, de alianças. Trancado dentro de si, sem pena.

Sinto pena disto, e de seus pequenos surtos de clareza. Faca afiada que se bobeia rasga, sem misericórdia. Eu nada mais sou que refem dessa loucura. Um mito, uma lenda, onde talvez não existam próximos capítulos.

Minha alma por um lampejo de saber viver. Não como vocês, porcos sem luz, pequenos seres insignificantes dentro de um contexto patético de certo e errado, de prazer prostituto, alegrias enlatadas. Minha alma por um momento sem notar este mundo que me cerca. Esta cartilha da ignorância, seguida a risca.

Onde eu crio, florece, flori. Neste jardim de cores únicas, de perfumes doces, de água límpida e pura, eu planto. De onde pequenos brotos surgem todo dia, separo os espinhos, separo o que encanta.
Eu destruo, sem dó. Do mesmo jeito que brilha, adormece na escuridão, apagada, sem forças para renascer. E eu faço isso sempre que tentarem o desequilibro, sempre que agirem feito loucos.

Levo daqui as lembranças.  Deixo um rastro sem pistas, um caminho impossível de ser seguido, um passado. Meus olhos enxergam cada dia, o ultimo capitulo de uma dessas novas histórias.

Meus olhos viram seu fim.

Se vivesse...

Provavelmente eu seria apenas um ilustre desconhecido. Caminhando as sombras do verdadeiro sucesso. Daquela que tinha a alma limpa, os olhos puros como água, os cabelos brilhantes como sol. Porque ela não tinha limites. Porque o que vejo hoje em dia como beleza, ou o que muitos consideram belo, pra quem a viu, isto aqui não passa de sobras.
E no passado eu morria de inveja, deixava marcas roxas em seu corpo com a intenção de pelo menos algo se parecer imperfeito, mas de nada funcionava.
Seus dias aqui foram soberbos. Da beleza que contagiava à todos aos seus pequenos surtos infantis, seus dias foram intensos. E eu um dos mais orgulhosos coadjuvantes, sem problemas. Agora entendo como participar em uma vida brilhante.

Se os Anjos não morressem, se eles fossem imortais, não nos trariam a paz, não nos fariam companhia nas noites em que abraçamos as angústias, nem tão pouco nos dariam forças pra continuar. Sorte a minha de ter um Anjo tão belo, que provavelmente não aceita muitas coisas que eu faça, que nunca realmente me visitou, mas que eu hoje lhe dou um presente de 31 anos. Sem medo.
Será que um dia eu terei a chance de ler estes textos à ela? Será que um dia um abraço?
Quando o tempo me levar para longe eu não fecharei os olhos. Vou procurar incansavelmente por sinais, pistas, trilhas, que me façam encontra-la. Mas isto é possível?

Eu aprendi a 21 anos atrás que não existe justiça. Não existe razão. Não existe pena. Não existe sentido. Não existe Deus. E isto me ajudou a ser o que sou hoje. Me tirou de um mundo de mentiras e me jogou onde eu estou agora. Vejo tudo!
Talvez eu veja pelos olhos dela. Talvez eu seja o portal que mostra do que ela se livrou, das desgraças que não precisou passar, das dores que não precisou sentir, das perdas que não vai ter. Eu, sozinho, lhe mostro este mundo.

E ninguém me julga!

Ninguém é capaz de ser o que sou, irmã.

Porque do meu sangue nesta Terra só eu. Porque da força que você tinha mesmo que inocente, só eu.
E ninguém representa você aqui mais do que seu irmão. E nada nem ninguém vai compreender. E o melhor? Foda-se. Porque eu acredito no que você acredita. Porque eu vivo pra sofrer o que você não merecia sofrer. E eu aceito isso. Porque você é alma e eu sou corpo. Porque você transcende e eu sinto na pele. Porque por mim, você se faz viva, e por você, eu morro.

Inesquecível. Intacta.
Sou seu guardião.
E nada é mais forte que eu, junto com você.

Pra sempre.

Palco

Eu não conto a sua história.
Eu não conto aquela história.
Das pessoas que não encontram nada quando as portas se abrem, que não brilham os olhos quando reconhecem um talento.
Eu conto a minha história.
Meus pequenos círculos viciosos. Eu falo sobre meus trilhos e passos, meus temores e surtos.

Vejo onde quase ninguém consegue enxergar, de dentro de nós. Grito palavras que muitos engolem seco. Que poucos ousam dizer e morrem sem nenhum lugar onde ir, sem nenhuma vitoria na vida, sem a chance de errar, por nunca tentar. Essa é a essência que me traz aqui. Este é o apelo que me foi fadado a manter enquanto eu tiver a lucidez para escrever.

O que sou empresto à você. Isto tudo aqui é verdadeiro dentro deste circo de palhaços e platéias cegas. Me faço vivo e legitimo, sem medo das criticas, sem a maquiagem da hipocrisia.
De cada pedaço de espaço que conquisto eu aproveito. Levo brilho aos dias chuvosos, os mesmos que me inspiram, e crio historias dentro de historias.

O meu maior feito é seu. Distribuido publicamente. Enquanto uns choram ao cair da noite, sem que ninguém perceba que seus sorrisos diários são fachada, eu exponho a carne crua, e sangrenta. Você jamais faria isso.
Eu conto a minha história, eu eternizo minha consciência, pois ela me guia e me tem refém. Não me comparo a um excêntrico. Sou apenas isso. E continuo incomodando. E não vou terminar aqui minha missão. Decadas pela frente. Decadência não permitida.

As portas que eu abro não se fecham.

Deusa


Loucos aqueles sóbrios e bem resolvidos, ou aqueles que vagam por becos e sarjetas sem noção da realidade. De onde eu vim? De onde eu pertenço? A quais insanos momentos faço parte? Uma vida cheia de perguntas, flambada de pequenas respostas, onde nao sinto a firmeza das verdades, de onde não conheço as farsas das mentiras, melhor não divagar.

Mas um vicio seu assumo: Laços coloridos enfeitam os seus cabelos e seus olhos quase sempre me fascinam. Adoráveis. Eu pertenço as mulheres. Falo sobre elas, sou viciado neste pecado. Isto pode ser ruim, mas é sagaz, instintivo e natural. Sóbrio e não insano. Minha perdição.

Meu pior inimigo se apresenta tão irresistível que me domina. De seus atos sou refém, um sádico, que gosta do que tem, que nasceu pra se deixar levar. Lembro-me dos primórdios, onde não conhecia o amar. Onde não sabia como lidar. 
Admirava, mas não tocava. Um voyeur dos contornos, dos longos cabelos, dos traços marcados e seu impulso provocante. Perfumes e batons, unhas e decotes. Isto é doentio. Vejo o dia em que sussurros me darão calafrios, que toques me desmoronem, e beijos me tirem a vida. Jesus, que maldição. Mas pretendo não resistir. Eu quero mais. 
Não esperem que eu mude, passe a ser cego, ou me transforme. A isto eu pertenço. Mulheres sem medo. Destemindas. Sou amante e desejo. Alimento seu instinto. Crio seu pecado. Se vista para mim. Perfume-se por mim. Exiba-se à mim. Goze, para mim.

Límpido

E se eu lutar que seja com armas que rasgam sem dó. Por caminhos que um dia evitei. Por motivos que jamais havia levado a sério. E se eu sangrar que seja verdadeiro. Que doa. Que permita sem melancolia apenas viver.
E eu não necessito desta falsa importância, dos gestos moldados, dos sorrisos rebatidos, e seus olhares, não dizem nada. Se eu viver que viva fora de mim, que transcenda todos os abismos, sem ao menos tocar o chão. De onde eu vim, não existe vida, não existem flores, ventos não afagam seu rosto, campos são secos e duros, água suja e podre, carne aberta, sem cor, sem luz. De onde eu vim não existia escapatória, não existiam poetas ou magos, não se falavam de glórias ou conquistas, sem sonhos.

Melhores momentos, piores palavras. Eu não escrevo pra ninguém, prepotência sua ao achar que és digna. Meus olhos desfocados me confundem, me transformam em refém de tudo que eu não sou. Se você pode viver, separe-se de mim, solte suas amarras, suma. Por mais que eu viva para querer, menos eu quero pra viver, menor meus temores, maior meus amores, e por mais que isso não faça sentido para você, esvazia meu peito.

Dos beijos secos que levo comigo, dos corações amarrados e palavras bonitas, dispenso mais. Dos perfumes que se misturam nós lençóis,  infinidade de amores, de dores, de sons. E todos eles me fascinam, me provocam, me chamam para o pecado. Este pecado sem medo, dos escuros, do lençol, da noite que não termina, dos afagos e por fim, do gozo...

...sei fazer isto. Sem força, apenas com o olhar. Me pertence quando quero, te solto quando enjoo, mas você volta. E sabe que volta sem pensar.

Quando eu vencer as batalhas, quando sequer uma unica delas estiver de pé, eu me darei por satisfeito. E vou seguir meu caminho, sem remorsos, pois não fiz por mal.  Mal faço à mim, aquele que judio sempre, que forjo com fogo ardido, corto com lâminas de sangue. E nunca você ou ninguém vai me perdoar.

Você pode me ver, mas não pode me notar.

Enfim...

Rir dos próprios atos e escolhas.

É o que me resta, deteriorado pelas feridas, trancados por fora, por caminhos que, ninguém, sequer por um dia passarão perto, e eu estou ficando louco. E por mais que eu tente entender o que haveria de errado comigo, me escondo. Ela se esconde.
Duas pílulas,  terceira hora da madrugada, e nem assim a paz me aperta a mão. Me puxa para o vazio onde nada mais me perturbe. Mas este lugar não existe. Já estou fadado ao que os outros me doam, ao que os outros me escolham.

Cansados de mim, dos meus defeitos, dos meus gritos, cansados de perceber que eu machuco, e eu machuco mais do que facas. E isto não é uma defesa, é representação de dor frustrada. Outros sequer as sentem, eu sinto por mais que um.
Cada pedaço meu morre, dia após dia, sem remédios, sem cura, sem importância. Os meus filhos não existem, os meus sonhos não se criam, os meus olhos não fecham. O meu futuro é passado. Gasto, sem escrúpulos, sem contos de fadas ou histórias de amor.
Amor, eu procuro por ele e encontro a farsa, fantasiada de deusa, mais imperfeita que emaranhados de fios, enroscado, nós cegos e pontos falhos. Este é o amor se apresentando à mim. Em pedaços de morte, cego e surdo. Amor.
O que me faria dormir agora me traz dor, isso sinto, meu corpo ainda responde à elas, ele chora, eu percebo seus lamentos. Não aceita estar carregando este peso todo.

O que me induz a escrever é a indignação com a vida. Não me arraste seus verbos melancólicos e falsos, eles me perturbam mais. Não me torça o nariz com seus conselhos banais, com princípios católicos ou evangélicos. Uma mente brilhante não se ajoelha, se aceita, e padece com o tempo.

Meus pequenos textos, que um dia serão lidos por pessoas que jamais me viram, por mulheres que jamais me amaram, por amigos que jamais tive, por mães que jamais criaram filhos como eu, eles não morrem. Estes pequenos contos de uma vida serão mostrados e esquecidos. E eu mesmo os esquecerei um dia, e alguém os terá como seu, e alguém será amado, por aquelas pessoas que eu não conheci, e por mim. De onde eu estiver eu não mais escreverei, mas eu vou sorrir, por mais estranho que seja sorrir sem ter razão. Isto é vida. Isto é sofrer ou sorrir e deixar marcado.
Meus pequenos textos voltaram com força máxima, pois o meu espírito não morreu. Pede por isso, e eu, escravo dos meus atos, subornado por mim, os eternizo.

E as pílulas não funcionam mais...Deus, me livrai do seu mal.

Vago

Posso não mais entender, não mais aceitar, não mais construir.
Posso estar confuso, querendo morrer, querendo sumir.
Mas quero mudar.

Porque devo mudar, creio que sim, porque devo agir, creio que não posso. E tenho medo de sentir tudo de novo. Mas existem tantas coisas que eu gostaria de sentir de novo. Muitas boas, muitas impossíveis de serem revividas. Mas eu lamento o que não posso alcançar, tudo aquilo que me transtorna. Confuso, como gosto de ser, adorável, como posso querer ser, imperdoável, como sempre sou.

Eu não luto mais.

E não quero me lamentar pra ninguém. Isto aqui é meu tumulo, meu caminho, meus pergaminhos de dor. E não são para ninguém, a não ser para os que achem necessário. Aproveitem, me destruam..
Meus gritos no vazio jamais vão acabar, porque eu jamais estarei sobrio novamente. E isto me conduz a todas estas palavras. Eu gosto delas. Meu alívio, meu divã..

Quand eu encontrar o caminho meu corpo vai parar. E minha mente em coma vai agradecer por eu ter finalmente conseguido transpor os meus próprios medos, e barreiras. Esses medos me descrevem, essas palavras confusas estão sempre ligadas, contando uma história, uma mórbida história, de morte sobre a vida. E jamais compreendida.

Quero estes registros, que para sempre vão dizer o que sou, indestrutíveis...
Imortais..

Derrota

Que eu fique bem, mesmo sabendo que não sou mais aquele rei.

E sei que não sou. E que descobri uma fraqueza. Algo que me faz chorar e que acredito ninguém ache que eu seja capaz ate ver. E sei que sofro por perder meus domínios e todos meus medos se confundem.
Quero estar onde estou e o destino não me permite viver. Me agarra por dentro, me joga novamente ao vazio da angustia. Por puro prazer, se eu não merecesse ainda mais.
E que eu esteja bem, mesmo se envelhecer sozinho, de costas para o mundo, e aqueles que me viam não me enxergam mais.
Mais que doenças ou mortes, mais que perder os sentidos é perder o amor e a razão. E contorcer-se de agonia sem chances para o revide, calado.
As escolhas da vida. Fico feliz por meus amigos, que vivem apenas sem sentir, lado a lado. Até o fim.
Se eu consigo tirar lagrimas dos seus olhos é porque lhe mostro a cara da dor.
E que eu esteja bem, mesmo me dopando. Subornando os dias para atravessar as noites. E não existe compreensão. Não existe a mãe que abre os braços ou o amor que reluz aos olhos.


Se a vida me fosse tirada eu não mais lhe faria chorar, e ninguém mais poderia entristecer, por mais cruel que seja.
E quando eu encontrar meu anjo de olhos azuis...

Eu estaria bem...