Tornado

Vivo assim, cercado por anjos e demonios. Flertando com uma paz proeminente e um inferno de chicotadas aleatórias. Vivo entre este turbilhão, dia após dia, procurando entender as razões pelas quais eu precise estar dentro disto, e não consigo.
Acredito que eu seja o vórtice de toda esta bagunça, sugando pra dentro de mim todas as energias e cuspindo tudo de volta, destroçado, esmigalhado, em pó. Não aceito desculpas, prefiro as verdades, mas elas são equivocadas, sem fundamentos, criadas apenas para o confronto. Sou traído por todos os lados, sem grau de parentesco ou de amizade, de sentimento, amor ou paixão, de nada. São apenas confrontos.

Uma tentativa aleijada de concerto, de me empurrar goela abaixo fatos e histórias que vejo de forma diferente.
Eu tomo minhas atitudes baseadas no que acredito, isso não posso mudar, porque estaria mudando quem sou. Basta olhar ao redor e ver o que acontece com quem faz isso, se dilui, dentre muitos. E não sou isso.
Não sou aquele que se curva por pressão, ou que se ajoelha por comodidade. Não sou aquele que respira o seu expiro, e sobrevivo ao seu lado apenas por estar ao seu lado. Eu sou mais.
Aprendi a não perdoar, a devolver o tapa recebido, de preferência mais dolorido e pesado. Assim pessoas aprendem que não se pode tentar atingir o que não se pode controlar. Isso fere.

Eu to cansando de ser atingido, eu to cansando de prender dentro de mim o que sou de verdade pra agradar aos olhos daqueles que nem assim enxergam, que sim, eu poderia ser pior, bem pior, e não mudaria nada. Porque o que ando recebendo hoje em dia dos outros é uma tolerância baseada não sei em que, uma falta de respeito e inteligência sem tamanho, e repito, eu sou mais, e a hora que essa pressão toda canalizada ceder, a montanha de destroços vai ser alta.

"Eu não sou rebelde, esse "terminho" que vocês criaram pra taxar todos e quaisquer que se diferem em ideias e visão de mundo não se aplica aqui, é um tanto quanto patético. Qualquer forma de expressão que fuja das "reclamações protocolares" do dia a dia "normal" da vidinha, é denominada como rebelde por aqueles que não saem de seus chiqueiros abastecidos por pão e circo."

To vivendo assim, tentando descobrir se isto é amar, se isto é o que chamam de correto, o "caminho das flores", mas isso pra mim não ta servindo. Porque pra ser ter barreiras tentando ser o que não sou, prefiro continuar enfrentando as minhas próprias, as quais derrubo na marra, com meu sangue e suor, sem precisar atuar nesse filme repetido.
Estas palavras não são pra você, nem pra ela, nem pra ninguém. São pra mim, pois escrevo o que quero, da maneira que achar correto, e principalmente, sem as mentiras que querem ler.

Se alguém vai sair vivo deste redemoinho, esse alguém vai ser eu.


A Busca

Eu não preciso da inspiração. As vezes questionam-me de onde surgem estas palavras. Elas vem de um mundo que existe dentro de cada um de nós, não preciso inventa-lo.
Talvez você jamais caminhará por este mundo, por seus becos e trilhas, suas florestas escuras onde o murmurar ecoa e leva você a encontrar seus demônios. Não é onde você gostaria de passear, carregando seu amor, com sorrisos cheios e coração ofegante. Aqui você fecha os olhos e a mente te encontra, e isto dói, acredite.
Neste mundo onde o que você diz não importa, e as saídas foram lacradas como em um labirinto sem fim, posso desesperadamente me por a buscar pelas saídas, mas é como descolar a pele do corpo, como arrancar as entranhas de alguém ainda vivo, a sangue frio.
Eu não posso arrancar de mim esta alma, pura e simplesmente, e me tornar mais um destes zumbis que vagam sem propósito.
As visitas a este local são periódicas, homeopáticas e avassaladoras, libera a pressão constante e insana que me cerca.
Aqui já encontrei o amor, Deus, alegrias e esperança. Aqui já encontrei o ódio, Satanás, tristezas e frustração. Flores sem perfumes, enfeitam aos olhos mas não alcançam a alma, pois não possuem o básico, sinceridade natural. Deslumbram aos olhos, mas vivem sem espirito, sem essência, como cravos, e mortas por dentro.
Eu já parei pra pensar aonde vou chegar por aqui, se vou encontrar outros caminhando ou correndo atras de um modo de sair, mas talvez realmente não haja saídas, e você esta perdendo seu tempo, tempo este que dificilmente mudara algo, fato.
Quanto mais tempo eu passo aqui, percebo que o futuro se perdeu entre as trilhas que deixei passar e entre as frestas de luz que via ao longe, mas que acreditava ser uma miragem, um oásis seduzindo meus olhos a procura do paraíso. Talvez ali fosse mesmo.
Devo prosseguir.





Epifania

Eu gostaria de cavar um pequeno buraco dentro do seu coração. Onde eu me esconderia quando faltassem verdades
Um local onde acalmaria minha alma, um pouco de paixão.
E ali eu continuaria sendo um pequeno garoto, com temores e protegido. Mesmo quando enfrentasse sozinho as tempestades, gritaria por seu socorro, sabendo que sempre me daria as mãos. Esquecer o mundo ao redor, batimentos estáveis, sem choros por atenção. E adoro quando fala comigo como criança, pois a pureza é sentida. Eu repito seus atos, iniciamos uma partida.
E ao certo encontraremos um mundo maravilhoso, com seus sonhos mesclados aos meus, sem culpas, pureza. E dentro, escondido em um canto dentro deste mesmo buraco em seu coração, presa a tristeza.
Todos os choros secos e eu falando sobre nossos sonhos, sabendo que fiz a coisa certa, revelada aos poucos que existe luz, e brilho. E nossas filhas serão extensões de nossos sonhos, frutos das verdades, seguindo a vida pelo mesmo trilho.
Porque eu não sei mais o que sinto, apenas que fiz a coisa certa, e isto será louvável.
Porque dentro do seu coração, eu encontrei onde me esconder, e isto agora basta pra mim.





Suspiro

Quando faltarem as palavras, talvez eu esteja em silencio. Um pequeno instante fora das angustias ou dores, um pequeno suspiro dentro de uma câmara de lamentos. Mas nada se extingue.
As vezes, nas madrugadas, desperto entre suspiros e dor, seguro os gritos que ecoam dentro de meu peito na certeza de que ninguém jamais os ouvirão. Eu talvez nunca estarei completo, pois as peças deste quebra-cabeça se perderam no tempo, se foram, deixando lacunas que jamais serão preenchidas corretamente. Mesmo que eu me sinta em paz perante seus olhos, necessito da sua segurança, que enxergue dentro das menores frestas, eu vou continuar sangrando.
Não compreendo mais os sorrisos, as lagrimas secas que saem sem pena, os gestos que não correspondem as verdades, onde eu vou parar? Recluso.
Minhas palavras realmente as vezes faltam por falta de esperança. Vocês, incapazes de ultrapassarem seus casulos, pequenos mundos ocos, nada mais fazem alem de tentar anestesiar angustias que não podem admitir. Suas dores não sanam, e pior, não podem gritar.
Quando faltarem as palavras, talvez eu esteja em silencio, aceitando as consequências da minha história, me sentindo vivo por você existir. Não arredo pé de tentar cravar minha passagem, por mais sem importância que ela seja pra alguns, eu vou continuar.
A vida, meu pequeno campo de testes.