Transcender

Eu já escalei as maiores montanhas, vislumbrando as mais belas paisagens, e aquele por-do-sol me hipnotizava. Desejava ali viver, em meio a simplicidade dos atos, a pureza as vezes transforme os lobos em cordeiros. Somos de carne e alma, de feridas que não cicatrizam.
Quando eu abri meus braços pela ultima vez, ninguém pode me segurar, pois não haviam aqueles que um dia me juraram paz eterna, eu estava sem chão.
Hoje a noite as luzes se apagam, os sons que transbordam dentro de mim se calam junto ao silencio fume, sem espasmos. Como uma melodia tocada mil vezes, e aquelas notas de piano surgem como anjos sem remorsos.
Hipnótico, psicótico e melancólico,
Chamas que desfocam a minha vista, sufocam minha respiração, e meus gritos rasgam a solidão. Passos no escuro, sem pegadas, suor por entre os dedos, levam-me a lugares sádicos. Eu não posso morrer.
Construo meu castelo de areia, fortificado por perseverança, frágil aos quatro ventos, ele desmorona, ele, se refaz.
Tranco as profundas entranhas da minha existência, onde você jamais alcançara. Nem um toque pode ser sentido aqui, eu vislumbro o seu pecado, seus gestos me chamando, como que implorando por uma chance.
Eu não vivo aqui, rebatendo inquietude, suporto essa existência plural, dentro de uma alma deformada, onde estou?
Eu desci ao fundo do poço, limbo e enxofre, locais que você imagina mas nunca tocou, sucumbiu a coragem de resistir, deixando que o destino me arranque as forças e trilhe meu caminho.
Hoje eu costuro as saídas, impedindo meu ser de respirar.
Sou e serei alem de tudo isso.







Negação

Na minha vida não existe a negação do que sou.
Não existe espaço para a dúvida ou a meia-verdade. O que sinto é por completo, e os socos que dou na cara de quem me desagrada é pra doer. Seja da forma que for.
Os meus tormentos existem pelo simples fato de viver, de conviver com o pesadelo nos olhos dos outros, daqueles que não vêem metros a frente.
Eu nasci para absorver esse mal, toda essa raiva que você é incapaz de passar adiante, de mostrar aos outros.
Minha existência é curta, e meu legado talvez eterno, pois o que penso e sinto é imortal.
Vocês me fazem doente, me consomem a alma, e quero me livrar de tais doenças.
Não aceito o que não acredito, e não subjugo as minhas convicções, sem coloca-las a prova, sem deturpar o que acho correto, eu não me moldo a essa mentira.
Não posso negar minha alma, não existe o ser certo, o querer mostrar uma outra face politica ou polida pelo tempo, o tempo me faz mais convicto.
Das palavras que ouvi, desprezo, escarno de mim como virus, pois não me servem, vocês não me servem, e a existência chega ao fim.
Meu limite é pequeno, é intolerante e irredutível, eu nasci para prosperar em meio aos patéticos que lutam por pena e dó.
Dessas palavras que para vocês nada significam, eu faço minha oração. Meu altar de desaforos, de onde por cima dos crânios eu vejo todo o resto, a sobra das mentiras que não me alcançaram.

Lavo minhas mãos e espero pelas feridas mais uma vez, não temo a morte dos sonhos, mas sim a incapacidade de sonhar. E meus princípios são meus louros, meus livre arbítrio é minha resposta a todos aqueles que se transformaram em um câncer. Eu não sou mais um.
Eu não me curvo aos seus atos, e sua religião me enoja, assim como os princípios que você tem como correto. Eu quebro suas leis, e isto dificulta sua resposta, não existe resposta.

Puro como ácido, corrosivo, contundente, resposta a sua hipocrisia, talvez você já esteja morto. Eu ainda sorrio, sobrio, consciente de que por mais que todos tentem, minhas pernas fortes caminham na direção que eu que escolher. Eu não ajoelho aos caprichos de ninguém vivo.

Minhas palavras incompreendidas por você, por todos aqueles analfabetos de alma.
Eu a cada dia me perfaço, arranco mais um ferida, e devolvo ao seu mundo, como praga.

Nada me mata.

Despertar

O que passamos a enxergar quando despertamos a razão dentro de nós foge as encenações que presenciamos. E cresce a cada dia, a busca pelas verdades e motivos que respondam minhas dúvidas.
"E um sonho me faz viver, e a fé me deixa em pé", e me dá forças para caminhar entre brasas, e acreditar que no final as respostas brotarão aqui dentro, e ficarei em paz.
Desvio minha mente, reluto, livro o peso do mundo das minhas costas e viajo dentro de mim, sem a percepção da realidade, me negando a aceitar pisar nas mesmas pegadas deixadas no caminho.
Talvez uma pitada de loucura, uma insana força que me induz ao erro, mas que prova ser correta e pura na alma, nas lições de hoje e amanha.

Do lado de cá apenas poucos sobrevivem, vejo corpos pelo chão, daqueles que um dia lutaram, mas que sucumbiram a força da ignorância, inveja e escuridão. E o cheiro forte impede que eu olhe em seus olhos, presenciando e constatando o momento na vida em que eles desistiram de viver, e isso me assusta. Me assusta o fato de resistir sem armas, pois a carne, fraca e volúvel, não é capaz de enfrentar com apenas os punhos os inimigos, e eles são muitos.
Renego minha educação, me transformo, redescubro o porque, questiono o intelecto, ignoro a carne, usada apenas para diversão.

Lapidando um diamante que nasceu bruto mas raro, da lama mais densa e remota, cercado de impurezas, e sem brilho. Um legado incerto, sombrio aos meus próprios olhos, me levando a crer nas circunstâncias.
Agora me vejo tomado pela força em buscar o conhecimento pleno, me desprendendo do cliche e do protocolar, pulando etapas, dispensando outras que outrora eram vistas como primordiais, procuro a absorção e saturação da alma no estado mais simples, e incompreensivo.

Lavo meus olhos, abro as cortinas para um próximo ato, sem plateia, sem diretor, sem roteiro...

Prometa-me


Que é capaz de lembrar de nós, e dos nossos momentos
De recordar os sorrisos que demos juntos
As noites que nos isolamos do universo, nossa fortaleza
O silencio que nos juntava apenas pelo compasso do coração.

De relembrar os conselhos que lhe dei
A vida que mostrei ser difícil e ao mesmo tempo tão simples
Aquele som que cantávamos juntos no radio
As inúmeras vezes que lhe dei atenção acima da minha própria vida

Lutar mais e mais sobre o que se sente
Ser capaz de entender que eu erro para seu bem
E de todas as tentativas que fiz de mudar o imutável
Lutei contra minhas angustias e enfrentei meus demônios.

Fechar as janelas para que os ventos não destruam
Tentar mais vezes antes de desistir do seu próximo amor
Saber que isso vai doer como sempre
E que não se entregue como se entregou a mim

Ficar bem antes que eu me arrependa
Curar as feridas causadas por não ser perfeita
Que as fotos servirão de lembranças boas
De comer mesmo sem fome


Prometa ser minha melhor história.




Achava que nada poderia ser pior que a morte.
Mas nas noites que sinto apenas seu silencio, naquelas noites nas quais estendo os braços e não te encontro, eu morro por dentro.
Deus é incapaz de sentir o que sinto, por isso não me enxergaria. Nem mesmo aos meus pedidos, ao os meus urros a procura das verdades, ou de porque eu não posso apenas ser feliz.
E quando eu não encontro mais vozes que acariciem minha alma, compreensão ou entendimento, eu me tranco em celas sem saída.
O limite entre quem ganha ou quem perde, onde quem ataca e quem é atacado, atravessa por mim e passa, e os dois lados se vão.
E pior que a morte é enxerga-la rindo de você, e suas chamas queimam mesmo que eu não as toque, porque eu já estou morto. De uma forma invisível aos seus olhos.
Nos ataques onde sou subjulgado, onde sem pensar você atira suas facas e apunhala minhas costas, será que não percebe os efeitos?
Tudo que vejo agora é meu reflexo, e a ausência de luz para onde me guiar, a ausência de sentidos e em quem acreditar. Não há esperança.
Eu só queria que tudo isso comigo acabasse, me tirando daqui, deste local onde eu não sei em quem posso acreditar sem temer fechar os olhos e não haver mais nada.
Hoje estou assim, encontrando quem eu quero apenas dentro de mim, quando deveria poder tocar e descobrir que era real.
Palavras não convencem quando estamos em mundos diferentes, com a falta de compreensão, de consolo por amar.
Talvez o amor que eu tenha conhecido não foi ainda capaz de me mostrar o que é amar. E luto por quem seja capaz de me provar que ele exista.

Nada disto faz sentido porque ninguém poderá ler dentro mim neste exato momento.
Sempre sozinho.