Clemência

Simples.
Cuido dos dias que lhe encontro como se fossem aqueles dias quando acordamos de um sonho bom, como gotas de chuva que despertam um viver, um momento de se sentir vivo.
Das lembranças que lembramos juntos, pequenos eternos momentos, de um futuro incerto,um presente escasso e um passado real, que criou essas palavras que você jamais ouvira outro dizer.
E te deixar ir é dor, soltar seus dedos pela ultima vez para que regresse da distante cidade que veio, sem que eu possa seguir seus passos, sem que eu tenha chance de poder continuar.
O que mais você gostaria de ouvir do coração que se desfaz em pedaços, da alma que se cala sem sua presença, e dói.
Os adeus cada vez mais distantes, as memórias menos nítidas, laços que se afroxam, trilhas perdidas ao vento. Você seria capaz de me seguir? De quantas vezes abri as portas para que entrasse sem bater.
Algumas coisas não se entendem, gestos inesperados, palavras borradas em um papel que não significa nada para ninguém, indecifráveis, incondicionais.
Paro para que possa abrir os olhos e ver o infinito que deixa pra trás, para sentir o escuro que se abate sobre mim quando diz adeus, sem que eu concorde. Calo os ventos que levam meu tempo embora, prendendo a chance da fuga, espere até o dia que amanhece, raios de sol que selam isto, fique aqui. Fique aqui.