Retrato VI

Não sou dono da verdade, nem tão pouco pretendo ser. Tenho a minha, a qual sigo, tento viver baseado, tento lutar para permanecer fiel. Tudo que vi, que vivi, que aprendi, vem do don de olhar, de observar os resultados, de entender os prós e contras. A arte da crítica. Aprendi muito com o erro dos outros, o que pode ser maléfico, pois me impede drasticamente de me atirar ao desconhecido. Hoje eu sou razão além da emoção, mas eu já provei muito dela, e quero o mesmo para os quais eu me dirijo.
Eu não me importo sem importância,  não acredito ser crer, e não aceito sem entender. Me frustra falar, para quem não quer ouvir, para aqueles que no fundo não me consideram importante o suficiente para ter importância. As pessoas não aceitam as próprias verdades, e isto as faz atacar, tentar te atingir, ou te colocar no mesmo nível mísero apenas pelo orgulho de não aceitar que pode estar em um caminho errado.
Eu não falo por mal, muito pelo contrário, eu falo para que haja uma mudança, para que os olhos se abram e um novo horizonte de opções apareçam, um que talvez esteja encoberto pelo véu do comodismo, do medo, da incapacidade de olhar ao redor, ou tentar olhar. 
Jamais imponho, não obrigo, não posso fazer. Eu apenas gostaria que pelo menos fossem capazes de ouvir, respirar por um minuto e raciocinar. 

Mas quem sou eu? Porque você me ouviria? Não sei. Porque você deveria me dar importância? Não sei. Se você tem estas perguntas talvez nunca terá as respostas, pois talvez nunca tenha realmente me enxergado. Eu não pretendo estar sempre certo, mas tenho a convicção de que não estou completamente errado, e de que eu estou tentando acertar sempre.

Não tenho receitas de sucesso, de progresso, de felicidade. Não sou perfeito, jamais serei, tenho meu lado negro e meu calcanhar de Aquiles, bem como meus segredos sujos, como todos nós. Mas eu separo. Eu separo os universos e os caminhos por onde ando. Mantenho minha mente direcionada a não errar ou não deixar que o erro prevaleça. Eu apenas aprendi a separar, praticamente tudo.

Me desaponta. Me desaponta saber que talvez tudo o que eu fale, seja visto de uma forma errônea pelo simples fato de não ser florido e belo como você pretendia ouvir. Me desaponta o fato de que você não arrisque quando eu digo, de que você não enxergue os empurrões que na verdade eu dou em você, ou em quem eu achar que mereça. 

Eu gostaria que alguns vissem o mundo como eu vejo. Travassem as batalhas que tenho de cabeça. Os mergulhos retos no escuro e silencio das respostas...
...não, no fundo eu espero mesmo que sejam capaz de me ouvir ao invés de me entender. 
A vida pode ser melhor pelo menos para você.