Pra Você

Hoje eu enxergo as coisas diferente. Talvez com os olhos daquele que apostou e arriscou por muito tempo e com isso aprendeu sozinho. Tentando, olhando. Errando, acertando. 
Todas as passagens que eu tive me trouxeram até aqui. Todas as sementes que plantei não me deram flores, e os espinhos que surgiram, me ensinaram o que é dor.
Eu não espero que aquelas pessoas que fizeram parte em vão deste processo reconheçam meus passos, ou admitam a perda, mas de onde elas estiverem poderão ver, e observar onde erraram ao estar ao meu lado, onde poderiam ter sido mais perspicazes para ter mantido as coisas nos trilhos. Eu não paro.
As surpresas que a vida me dá, me moldam dia a dia, porém eu não esqueço ninguém. Nenhum dos passos que dei, nenhuma das palavras que eu disse, nenhum dos corações que conquistei. Uns se feriram, outros continuam flechados, outros congelaram com o tempo. A vida é assim. São historias que criamos que se tornam ou não eternas. Magoas são desejos maltratados.

Talvez você hoje ouça dizer que finalmente eu sosseguei. Que eu tenho meus objetivos mais claros e minhas aventuras não mais me trazem o prazer que outrora me satisfaziam. Talvez você ouça que ao meu lado existe alguém que me basta, que tem a alma tão voraz e contundente quanto a minha, mas que da mesma forma, anseia por proteção. E tem coragem de sobra pra arriscar graças a vida que lhe foi dada, assim como a minha trilhou caminhos até seu encontro. E o mais importante, que demonstre o verdadeiro amor, que mesmo por linhas tortas, escreve o caminho certo.

Foram muitos os dias que eu tentei acertar por meio das palavras que eu ouvia, das faces que me apareciam. Mas ninguém é verdadeiro só em palavras. Ninguém é tão intenso ao ponto de me fazer perder os sentidos. Eu sempre ouvi mais do que senti. Os erros estavam ai.
Hoje a mesa virou, quem estava nas pontas desapareceu, as cadeiras vazias foram retiradas, e quem eu considerava importante moldou o caminho para o desprezo. Tirou de mim todas as formas de enxergar algo bom em pedaços de prazer, suspiros de sentimentos. É hora de dizer adeus.

Talvez quando a saudade suspirar em seu ouvido, e a distancia lhe trazer a tona o desespero por conta do impossível, você tenha noção de que deveria ter sido mais sincera, mais decidida, mais contundente, mais verdadeira. E que todas as chances foram dadas à você como foram dadas à mim. Eu nunca quis a guerra, mas sempre tive armas pra vence-la. E eu venci e vencerei todas as batalhas até o fim.

A vida é e sempre será um jogo. Um constante redemoinho de ganhos e perdas, de onde não podemos sair. E eu me larguei dentro deste turbilhão, sem medo de onde ele vai me deixar, de onde eu cairei e se sobreviverei ou não. Eu sou tão inocente e refém quanto qualquer um que aceita seu destino. Eu não me sacrifico pelo que não considero sagrado. E enquanto meus pés tocarem o chão, haverá sempre a certeza de que eu vivi confiando na vida acima de qualquer sorriso bonito ou promessa de sucesso. Eu no fundo, sempre soube onde tudo terminaria.

Hoje eu risco seus nomes, mas não apago seus rostos. Hoje eu expiro os desejos e bloqueio as tentativas paralelamente com a realidade. Não existe aquilo que não é mutuo. Não existe aquilo que só eu vivi. Hoje eu aprendi a matar, como um dia aprendi a fazer nascer. E que seja sentido pra sempre por todas as pessoas que um dia me roubaram um pouco de sinceridade. 

Mas, não importa mais. 
Hoje, nada disso é tão sincero quanto eu acreditava ser.