Medo

O que esta na minha cabeça.
Chega uma hora que você não sabe mais o que sente. Chega uma hora que o vazio se torna tão profundo e tão agonizante que você entra em um modo de transe, se torna algo parecido com um zumbi.
Chega uma hora que é tão doloroso você se sentindo assim, que sua mente não consegue mais achar a saída e nem o porque de tudo que ela pensa, é um estado insano de sofrer.
Não é com dor, não é doente fisicamente, é uma dor indescritível. Algo que prende dentro de você e não te deixa mais falar ou reagir.
Eu to sozinho demais. Quem me pega pela mão? Eu to sozinho demais.
Hoje eu estou com medo. Muito medo. Talvez seja esse o sentimento que toma conta de mim. Medo. O pior deles. Ele é tão intenso que eu só penso em uma coisa: como me dopar e tirar de dentro de mim esse medo.
Eu não posso gritar, eu não posso chorar, eu não tenho forças pra isso, eu to com medo. Estou passando a maior prova de todas, nunca um momento da minha vida foi tão sombrio e avassalador. Nunca em apenas um mês, o peso de 1 milhão se vidas me esmaga absurdamente tão forte que eu não consigo respirar.
O ar esta pesado, ele é muito pesado. A minha cabeça esta confusa demais pra qualquer coisa, eu só consigo escrever. Não sinto minhas pernas, não escuto nada, não penso nada.
Chega uma hora assim que eu rezo por medo de saber que não sei onde esta mais o sentido de nada praticamente. Nada que estão me dizendo estes dias faz sentido.
Eu não quero comer, eu não quero responder a minha mãe, eu não quero ouvir conselhos de amigos tentando algo que hoje é o que menos importa. Eu estou sozinho e não sei pedir ajuda.
Sim eu fiz algo ainda pior. Ou melhor. Eu ouvi uma amiga e fiz algo impensável. Misturei mais ainda tudo, trouxe a tona mais medo. Abri mais uma ferida, talvez a maior de todas as elas e juntei, juntei com a dor e o medo de tudo que esta acontecendo agora. E então estou ainda mais destruído.
Eu não sei se o que preciso é ajuda, não sei se o que preciso é me calar. Eu não tenho mais respostas, eu desisti.
Sabia que chegaria um ponto que a insanidade iria engolir a razão, e eu me tornaria refém de mim. Hoje esse dia chegou. Eu não tenho mais sentido, eu não vejo nada além e não tenho sequer coragem de aceitar.
Não sei mais o que sinto dentro de mim de tanto medo da solidão. Não é esse tipo de solidão que você pensa. É algo como perder você dentro de si mesmo. Essa solidão de não ter nenhum lugar onde se segurar.

Hoje eu admito que ela venceu.
Eu não consigo mais me encontrar.

Suspiros

Eu não sei dizer adeus. Eu nunca soube. Talvez este seja um dos meus maiores defeitos. Eu não ignoro, não desisto, não aceito, não me conformo em deixar para trás o que por algum momento na minha vida se tornou prioridade e necessidade.
Eu ainda tento entender porque devemos chegar tão longe para morrer. Como se caminhássemos por dias ate chegar a um abismo, e nos atirássemos. E todo aquele tempo percorrido, todo aquele suor e dedicação derramados, se vai em segundos, acabando tudo.
Eu não sei dizer adeus. Não aprendi a enterrar tudo que vivo e esquecer. Ao contrario do que imaginam, dentro de mim só existe vida quando existe razão de viver. E é difícil você ver a razão se perdendo, e toda a fé.
Aqueles sacrifícios que foram feitos, contrariando e lutando contra tudo, provando que além disso, existe algo que ninguém jamais havia descoberto em mim, eu fiz coisas incríveis. Fiz coisas apaixonantes e sinceras.
Não sou perfeito, longe talvez de conseguir ser, mas do que vale a perfeição se ela for mentirosa? Toda verdade tem defeitos, e é por isso que as verdades doem mais que mentiras, porque elas carregam o peso de ver sem mascaras, de encarar o problema na sua frente, e muitas vezes não é suportável. E eu não consigo trair minhas verdades.
Eu não sei dizer adeus. Não sei fechar os olhos e respirar quando algo me sufoca, não me deixa ir, mesmo talvez acreditando que isto possa ser o certo. O certo talvez nunca passe de ilusão, mas a busca por ele destrói qualquer coisa.
Porque construímos? Porque acreditamos? Porque vivemos ao lado sempre tentando ter aquilo que provavelmente não exista?
Hoje minha cabeça vaga por rios de duvida, se perde em meio a confrontos e lutas, questiona, pergunta, caça respostas aonde não existem palavras.
Mas o que sinto é pesado e aperta o peito. Torna tudo ao redor frio e cinza, realça e traz a tona toda angustia da decepção pela vida, e pelo que ela reserva a nós, sempre oferecendo para depois tirar.
Então é isso? São passagens, são caminhos que deixam duvidas sobre tudo que foi feito, passos que foram dados.
Hoje meu rosto retrata a tristeza, mesmo tentando sorrir. Hoje minhas mãos tremem ao invés de punhos fechados, hoje os dias parecem não ter fim a espera da paz.

Eu não sei dizer adeus como dizem adeus à mim.

Ventos Frios

Não há nada mais dolorido que a solidão. Nada que fere mais a alma e destrói alguém que a falta de esperança. Quando olhar para os lados e não existir ninguém, quando erguer seus olhos e não ver nada, com suas mãos esticadas implorando por alguém, e ninguém as segura.
Quando a angustia chega, e você procura por quem gritar, e não existe este alguém. O que você faz?
Os ventos frios que trazem a dor, te isolam, rasgam seu rosto e nada mais resta a não ser sentir o frio cortante que maltrata como uma forma de punição. Não existe saída, ninguém esta aqui, é um sofrimento impar, ninguém esta aqui para eu encostar meu rosto em seu ombro, eu estou sozinho.
Meu sorriso morreu, e junto com ele se foram as pessoas, se foram os amores, a familia, a vida. Junto com ele apenas palavras de adeus e a certeza que irei desaparecer, sozinho, sem ninguém pra quem chorar.
Então é isso, todos os capítulos estão escritos, todas as portas fechadas, pessoas distantes, passados mortos, tudo aquilo que sonhei, não há vínculos, não existe nada além do que vivo hoje.
Eu deixei para trás e perdi minhas vitorias, abdiquei da minha vida pelo meu destino, eu disse adeus aqueles que cresci e os capítulos estão todos com ponto final.
Tem sido tão frio, é um processo lento, uma etapa tão violenta que vai deixar seqüelas, das mais profundas e feridas das quais jamais vou sarar. Eu estou cedendo aos tombos que tomo, meus joelhos não agüentam mais, meu corpo não suporta mais o peso da minha mente.
Quando eu me for, talvez tudo isto seja lembrado como luta, talvez seja visto com os olhos daqueles que forem capazes de entender o que é lutar. Quando eu me for, deixando este lugar, marcando minha passagem através de tudo que até hoje escrevi, que aqueles que lerem finalmente percebam os motivos, percebam o verdadeiro tormento que é tentar viver.
Chegara um dia que estes ventos frios me farão adormecer para sempre e tirarão a força do meu coração. E ninguém além de mim vai presenciar isso.
Pois morremos sozinhos, cada um com sua dor.

Única

Hoje me deparei procurando por algo que não se pode encontrar. Não sei o que me deu, o que eu estava sentindo naquela hora, naquele momento em claro na madrugada, quando resolvi digitar seu nome em um lugar que jamais você estaria.
O que vivíamos era antigo, coisa de verdade, risos de verdade, brigas de verdade, amor de verdade.
Hoje te procurei como um surto, tentando te encontrar por alguns instantes onde quer que esteja. Te procurei na internet, engraçado, você foi embora antes disso, eu sabia que não te encontraria ali. Mas o Google hoje tem tudo, faz tudo, conhece tudo, não você. O Google não sabe quem é você e quem foi você, azar o dele.
Hoje eu tentei encontrar aqueles olhos azuis, aquele nariz que denunciava quem éramos, aqueles cabelos que eu nunca tive. Tentei me ligar à você pelos caminhos que hoje são comuns, mas você não estava lá.
Me nutri de esperanças, busquei pistas, ano, data, imagens, nome. Sei que existem registros, mas eles não estão registrados. Sei que lutei para achar algo que me fizesse sorrir nesta noite longa, nesta noite interminável.
Procurei você, que um dia foi tão próxima e no outro lembrança, que um dia me fez querer morrer para tentar te encontrar, aonde estivesse, se estivesse. Hoje eu estava assim, afoito por uma lembrança, um vestígio.
Hoje passei a noite recriando imagens, refazendo passos, reconstruindo lembranças. Passei a noite segurando sua mão, te puxando, tentando trazer pra mim tudo aquilo que nos unia. Tentei livrar de você aquilo que te levou, ir no seu lugar, e deixar seu brilho ofuscar a visão de todos aqui.
Só por você talvez eu me rendesse, ouviria, aprenderia a como cativar em silencio. Talvez só por você eu aceitaria mudar, retroceder, aprender a ouvir. Mas você se foi a tempos atras, e eu ainda reluto em estar aqui, como sempre com medo de desafiar, ao contrario de você.
Nesta noite eu derramei lagrimas tentando encontrar você aonde não estaria, e aprendi que se eu quiser te achar, basta fechar os olhos, e todo dia você estará comigo.
Pra sempre e sempre.

Histórias


Uma história é feita de capítulos. De momentos extremamente bons e outros tão tristes que nos faz parar de viver. Uma vida é feita de sentimentos, tão simples assim, quanto o respirar. Tudo que sonhamos nos dá esperança. Aquilo que conquistamos nos recompensa. Precisamos de aplausos e afeto, gostamos de amar e ser amado. Conseguimos sucesso, reconhecimento, glórias e louvores.
Uma história é para ser contada por felicidade, vitória, resultado. Isso nós sonhamos em ter, sonhamos em conseguir, levando tudo que vivemos como parte desta historia. 
A vida de alguns é assim - bela e recheada de capítulos felizes - enquanto outros lutam todos os dias dentro de imensos infernos. Uma história ruim e amarga, muito dura, muito castigada. 
Conhecemos pessoas, vivemos juntos, acreditamos em pessoas, vivemos juntos, gostamos de pessoas, vivemos juntos, e esquecemos de pensar no depois, porque na vida, sempre existe o depois. 
Aquilo tudo que um dia foi perfeito se desmancha como um castelo de areia, imponente ao olhar, mas frágil demais para se sustentar assim, forte, firme, demonstrando tamanha grandeza que desafia os demais. Mas é tudo só imagem. Tudo tão frágil que um simples vento o despedaça. É assim que vivemos com pessoas. Amamos e odiamos tão rápido e perto que os dois se entrelaçam, se apertam e se afrouxam, terminando e começando. Um ciclo de uma metamorfose que sabemos exatamente no que se transforma. Perda e dor, dor e perda.
Quantas vidas cruzamos, que passam despercebidas e invisíveis, e como podemos saber se ali não estaria tudo que desejávamos, tudo que sonhamos ao nosso lado. Esbarra, encosta, troca olhares, apertos de mão, e adeus. Ali se foi o que talvez poderia ser tudo. Mas como saber disso? Como acertar quem não magoar e quem não perder. Nunca iremos acertar.
Nas histórias que criamos somos mocinho e bandido, salvamos e matamos, e nunca conseguiremos acertar quem será a donzela apaixonada. 
As vezes eu me pergunto porque temos que conhecer pessoas, continuar conhecendo, mesmo depois de termos passado por tantas relações, mesmo depois de ter errado achando acertar, e continuamos tentando. 
Talvez o segredo seja se encontrar antes de querer encontrar alguem,  talvez a verdadeira paz e sentido só seja alcançado quando sofremos sozinhos, de corpo e alma, pois de cada sofrimento nasce um novo começo. E quando sofremos sozinhos, ou nos curamos ou enlouquecemos, o que também é uma forma de se curar de tudo ao redor.
Eu reluto e luto todos os dias tentando entender todos estes processos, e me preparar para todos eles, mesmo sabendo no fundo que quando eles acontecerem, eu não estarei preparado. 
E irei sofrer.