Coração

Agora deixo as palavras serem refém dos sentidos. Engulo tudo aquilo que não desejo dizer, mesmo porque não existe mais razão. Apenas vivo, sinto o que permito sentir, e adoro.
O ano se foi, e depois de todas as tormentas e tempestades que passei, hoje clareia mais um dia de sol, limpo e sem trovões. E se por um lado sofri aprendi, e se por um lado chorei, sequei meus olhos. Porque nada agora derruba o que eu vou construir, mesmo que mil furacões estourem nessas paredes, mesmo que pedras sejam atiradas, as facas não mais vão me ferir. Nada é mais forte que eu.
E a serenidade que reflete do brilho dos meus olhos é apenas e tão somente o deixar acontecer. E nada mais que isso. E isto incomoda muitas pessoas, e inconforma outras,  e tudo isso faz parte. Pois quem escolheu, hoje não é mais a escolha. E a quem hoje triunfa, flores, e meus braços extendidos.

Neste 2010 de novos brotos, neste 2010 de novas chances, as minhas cartas estão dadas. E garanto que todos os "coringas" eu tirei do baralho, pois não haverão trapaças. Um jogo limpo, eu ganho e deixo você ganhar. Jogaremos...

" E ele decidiu acordar com o toque dos seus lábios, e esta historia é por você. E que as lagrimas que um dia derramou pelo inconformismo e incompreensão, com os dedos, seco cada gota. E une distâncias, encurta espaços. Ele pode fazer isso. Alcançar todas as mais altas cachoeiras, e sorrir apenas de satisfação. Mãos dadas, agora elas não se desgrudam, e eles vão lutar, por cada espaço que surgir, e por cada espasmo de felicidade que puder alcançar, na alegria, na tristeza. Ele já teve tudo, mas hoje vê que tudo pode ser trocado por apenas um gesto, um verdadeiro gesto. Ela sorri."

E quando os textos terminarem, sintam-se felizes, pois é a maior prova de que de bem com a vida eu estou. E quando os textos não mais apareceram, sorriam, pois eu estarei livre. Sem dor, sem dó, sem culpa. Sendo apenas eu, do lado mais belo.


Peço permissão pra ser feliz, obrigado.

Imensidão

Porque o tempo não apaga as lembranças, mas tira de nós os momentos. E isto dói. E pensar no que a vida nos faz, no que ele nos obriga a fazer, dói.
E por isso choro, por pensar nas pessoas que passaram, por pensar nas histórias que vivi, nos momentos que criei, nos dias que compartilhei, e sei que tudo vai embora. E não adianta lutarmos contra o inevitável.
E sei que outras pessoas sofrem, por viver com a gente, por terminar com a gente, por descobrir que os momentos felizes se foram, e apenas as lembranças ainda alimentam isso. E lembranças doem.
Porque queremos sempre mais, porque queremos compartilhar vidas, e sorrisos, e beijos. E nada disso sobra, por mais cruel que seja.
Hoje penso nas vidas que vivi junto, das promessas que fizemos, dos tempos em que lutávamos contra o mundo para poder ter o nosso, e tudo isso foi válido, e é sempre válido, porem finito. E isto esta me corroendo a mente neste momento. Saber que os buracos vazios nunca são preenchidos, e que mais e mais deles surgem a todo momento, e todo dia.

Mas mesmo sabendo de tudo isso:

Eu gosto de você. E sabe que é importante, que faz o que deve ser feito, e que pra sempre vai ser inesquecível, mesmo que acabe. Porque você quis, você lutou pelo que sentia, e conquistou o que queria.  E isso eu sei reconhecer, e te dei tudo que podia, tudo do mais puro, do mais real. E tenha certeza que poucas pessoas tiram isso de mim. Não nos encontramos por acaso, e tudo que aconteceu, faz parte da nossa linha de vida. E "as horas lindas que passamos juntos" existiram sinceramente. E se fiz vc descobrir que a vida pode ser mais, se fiz você entender que não existe obrigação de ser como todos querem, e como todos acham correto, e se "eu chorar se você quis é partir" ou "te lembrar de quando a gente andava nas estrelas", eu fiz com todo prazer.

Pois "a nossa história não termina agora".

Temor

Eu não quero escrever bonito. Muito menos criar um poema.
Quero escrever sobre os fatos, e de como eles são cruéis. Quero escrever de como não espero mais nada dessa vida. E foda-se se você vai me dizer que sou novo, que ainda posso conseguir. Conseguir o que? O mesmo que você? Ou que o vizinho? Não é isso que eu quero. E o que eu quero?
Apenas ter sorte. Mesmo não acreditando mais nela, eu gostaria desse sabor pelo menos uma vez.
E andei pensando sobre mim, e sobre as pessoas que me cercam. E sobre as consequências dessas pessoas estarem ao meu redor. Eu não tenho sorte, logo, transmito isso ao meus amigos. Que também não conseguem coisas que talvez se eu não estivesse por perto, conseguiriam.
Hoje é um desabafo, e não me importa também se você vai me dizer que estou me colocando como todo o mal do mundo, que estou achando que só eu sofro, que só eu que me ferro ou algo assim. Eu falo o que estou sentindo, o que estou pensando agora, neste momento.
E penso que a felicidade não caminha mais junto comigo. Ela veio, apareceu, deu as caras e se foi. E este é o mais puro retrato da verdade. Não existe o sucesso, não existe o tão esperado ponto de sonho, meta a ser atingida, porra nenhuma.
O que fica são as frustrações. O que resta é apenas o gostinho do quase, do passar perto, do talvez dê certo, mas que no fim é óbvio que não dará. Porque estou fadado a isso. E não me interessa se você vai se preocupar ou não. Alias, eu quero mesmo que apenas me deixem em paz. Só isso.
Eu me revolto comigo, por ser obrigado a viver assim, sacudido pela esperança, enterrado pela desilusão...

...e repito o que sinto. Que as pessoas que me cercam perdem a sorte também, e eu sou a culpa. Dia após dia reavalio meus passos, e concordo com todos eles, apenas não quero mais caminhar. Chega. Cansa essa desordem que é viver, essa montanha-russa de promessas, esse circo de desgosto.
Falsas promessas, discursos marcados, sorrisos amarelos. Eu não vou mais sorrir.

Pra que lutar nesta batalha sem glória, pra que morrer pelo que não se importa. Eu não mereço, e isto é o mais perto da realidade que posso chegar, e de onde não vou sair.

Eu desisti, se algo de bom vai acontecer, realmente bom, que me surpreenda. Que bata na minha cara sem dó, e que faça eu morder a lingua e sangrar até o fim.
Mas enquanto este dia não chega,

Vivo minha Morte.

Correios

Você não pode substituir a escolha do coração...

Sim, você!
Seus cabelos lindos, escorrem entre os dedos.
Seu sorriso que se não mata, hipnotiza,
Seus olhos que transmitem o que sente,
Sua voz que seduz inocentemente.

Tão doce!
Tens o poder da paixão.
Teu corpo seduz. seu jeito seduz.
Tigresa escondida, sabes que és.
Toque macio como seda

E então ali!
Entre todos os outros, surpresa.
Estava perdida? Destino
E não nego as palavras
Expresso emoção

Louca, varrida!
Labios perigosos, é certo.
Lutamos e fugimos, pra longe
Lugares distantes, vidas distantes.

Amor!
Antes que acabe, saberá
Ao anoitecer, sentirá
Assim como o filme, assisti!
Agora, escolha.

...fim.

Procurando

Não é fácil ser feliz. Pequenas doses subornam nossa mente, e a cada dia é uma luta.  E estou trabalhando para isto, para tentar apenas sentir paz. Mas isto é difícil.
Como tentar encontrar um local antes nunca explorado. Descobrir aquela colina, onde o sol dorme ao fim do dia. Onde podemos apenas sentar e largar os olhos ao horizonte. Mas isto é difícil.
Os caminhos cheios de pedras, que ferem, que dificultam uma jornada próspera. Muitas desistem, alias quase todos, pois não há quem goste de lutar eternamente. E sinto que vivo essa luta constante, e que lanças são atiradas a esmo, sem o menor pudor, apenas e tão somente para ferir a caminhada.

"Feliz como ao acordar,
De fato contente de brilho no olhar
Não sejas fraco, sem dor não há vitórias
Mesmo que não louvem seus momentos de glória
Finco os pés no chão, caminho
De onde tiro forças, sigo sem dó
Percebo a tempos, sempre sozinho
A vida a luta, a morte ao pó
Caminhos são escolhas, decidimos
Se deseja parar, optou
Desejo lutar, com o que ainda sobrou
O sucesso não vejo
Como eu disse, um pequeno lampejo
Para mim são escolhas
Muito mais que desejo."

E como é simples estragar esta tal felicidade. Com um detalhe, com uma imagem, com apenas gestos, e novamente estamos lá, afundados em mágoas e combustível para escrever. Livre para escolher, de onde não pode sair, de onde fazemos promessas, que iremos cumprir?
Eu não sirvo para agradar aos desatentos, não procuro te inspirar, e não sou fonte de suspiros. Não?
Lá se vai a tal felicidade, mas por um lado estou centrado, e focado na ideia certa. Não?

Quer saber, de mim, nada.

Osromer

Como escrever sobre os mesmos temas, rimas dobradas, falar sobre os mesmos perfumes, desenhos de bocas, gostos, texturas que saltam a pele, que transmitem o prazer, demonstram o suor, calor, brasa que arde fere e marca, não quero menos que isso.
Hipnotizar sem saber, eu escrevo por instinto, e você não descobre o caminho. Não sou poeta, versos errados, pequenas estrofes, refrões e palavrões. Do lado de cá eu me sinto maior, e não tenho limites, não construo regras, não sinto frio, e só atraio, mais e mais.
Chuva, inspira poetas, haha, eu não sei o que é ser um poeta. Não penso, auto-denominação, jamais aceitaria tal título. Sou imaturo ao extremo, e subjulgado aos montes.
Neste mundo de críticas e sarros, onde os mais fortes se tornam problemas, onde os fracos não aprendem, e onde bocas falam mais do que o par de ouvidos possa escutar. Se calar a boca, aprende, dia após dia, para ter base para ser diferente. Cuidado com a  hipocrisia.
Troco suas mil páginas de palavras por 1 segundo de gesto. Qualquer toque. Te tira do centro. E eu rodo sem rumo, tonteio e caio.
Não leio porque não me agrada. Não preciso da leitura pra criar palavras, elas se criam. Vamos todos nos ater  a pureza dos gestos. Não preciso ser perfeito. Esta na mente de vocês, criam e matam, alimentam e podam, apenas de tempos em tempos eu sofro.
Aqueles que não levam a sério o que estão lendo jamais sairão de seus infernos. Engolem seus desgostos, soluçam sua raiva, e choram seu sangue. E continuam ali, sendo aquilo.

Eu começo de um jeito, termino de outro, me faço entender, e dou risada. Eu emito um som, maqueio um sorriso, e dou risada. Eu levanto seu corpo, toco sua mulher, e dou risada.

Não escrevo pra te libertar, apenas te mostro que existe outro lado, de onde você vê a si mesmo com asas, com uma pequena dose de fantasia.
Mas não, o melhor é se afogar em remorsos.
Ah, os remorsos...

Fresta

E os pés flutuam sobre um vazio. 

Sinto-me vagando, sem ter um porto onde me ancorar, sem rumo, à deriva em meio a incertezas.
Frase clichê, destino clichê, fadado ao fracasso que assombra a mente dos mais realistas. E eu sou um deles. Não consigo mais sonhar. 
Permanente dentro deste coma da alma, sentindo facas pelo meu corpo, vindas de todos os lados. Do mel das abelhas hoje recebo ferroadas, dor inevitável. E das frases de incentivo que me faziam seguir hoje bastam insultos delicados, mas certeiros. 
Eu quero me desprender do que me faz mal, dos pecados que não cometi, e de todas as dores que parecem fazer questão de causar. Dilacerado. Quando penso conseguir me sentir bem, me derrubam. Quando não alimento mais a angústia maldita que me atormenta, eis que surgem os vermes. Corroem meu pequeno momento de luz. E isto com certeza é proposital.

Madrugadas, minhas companheiras, de despertar sem nexo, de suor contínuo e abafante. Nelas me dedico ao que sinto, sem medo de errar, sem propósitos externos, puro. 
Meus gritos no vazio, sim, eles, a pouco esquecidos ressurgem de tempos em tempos com a mesma intensidade. Eu grito no vazio, da vida que se propaga sem o menor sentido. E não julgues saber a solução, não é isto que quero. Quero apenas espaço. Na mente, de dentro pra fora. É penoso não saber o porque.

Neste dia em que as luzes se foram, em que os sons perdem espaço ao eco do silêncio, eu sangro mais um pouco. Levemente e provavelmente até o fim, da ultima gota. 

Minhas palavras torcidas, minhas rimas solteiras, de caminhos confusos e liberdade total. 
Lá de onde surge o inferno. Sim, ele mesmo, queria flores. 
Sempre as tais me trazem paz. Mas eu não nasci para paz.
E você que deve, para de sonhar. 
Sonhe.


Círculo

E apenas contemplas. Tudo aqui que viveu, tudo aqui que lhe foi dado, com amor, com louvos de merecimento. Palavras bonitas acariciam o ser, é simples, é facil, transmite o requinte da sutileza, como pequenas doses do mais doce licor, do sabor inconfundível do doce chocolate, e seus prazeres.
O sussurrar das ondas, como são belas, inconscientes, nos dominam, nos preenchem a alma com apenas dois movimentos, ir e vir. Tão simples quanto isto, lhe entrego sorrisos, fáceis, de verdade, e sem nenhum constrangimento. Sorrisos apenas.
É um pequeno quadro, caricatura da vida, destorcida por maus pintores, por falsos artistas. É a leveza da sabedoria natural, de onde ninguém consegue sair, quanto mais entrar. Calmo, cada dia mais calmo, e parece que nada é tão normal.
Tê enrrosco em meus pronomes, verbos e metáforas, te trago aos braços e te solto , e você rodopia como em um conto de fadas, no ritmo incansável e sufocada por doses de amor. Seu vestido, vermelho, roda, sem  transforma em sangue, reluz ao toque da luz, e você se encanta com essas metáforas.
Lindo sempre que possível for. Sem muitos tratos, sem muitas regalias, apenas lindo como se deve ser. E cada pedacinho de palavra sempre chega ao alcance dos seus olhos, ou dos delas. Eu acredito sempre.
É muito fácil soltar o corpo e deixar a maré te levar, é simples assim, como escrever, tirando de dentro o que tu quer, o que eu quero, e sem que ninguém mais descubra, mas vale a desconfiança de todos. Irracional e real. Eu leio, você lê, e chegaremos ao contexto de que o que quer que eu diga a você, estarei dizendo a mim, e confundo todos, sem o menor problema, pois assim cerco a indecisão.
E por tudo que eu passo eu absorvo o simples, usando da melhor forma possível, pra mim. Conclua seus pensamentos, por mais que no final as conclusões te confundam...

...dará voltas e chegará em mim.

Casulo



Sem sons, ruídos não me tocam
Estremessen tudo ao redor
Seus espasmos não me provocam
Posso sentir, mais do mesmo
E ao mesmo tempo, indiferente
Viro para o outro lado, corpo dormente
Sem vida, sem gana, aos olhos dos outros
Côma.
Sutil e mudo, criado por mim
Por um começo inglório, melancólico fim
Explodo sem nexo, estopim
Me faz bem e protege, descanso assim

Quero sair e olhar os contornos dos vultos que rodeiam minhas passagens, olhos famintos a procura da caça, do que ainda não sinto o gosto, mesmo que amargo.  E de que adianta compartilhar do seu universo melancólico, dividido entre grãos de verdade e montanhas de hipocrisia. Mais do mesmo, inevitavel. Como as palavras que se eternizam aqui, inevitáveis e reais, respiro o enxofre que exalam, consumindo meu corpo. Talvez incapaz de desatar os nós que trancam as passagens daqui de dentro pra fora.
Voem, esqueçam o que lêem, isso não significa nada a não ser para mim. E conformismos me assustam. Psicólogo dos seus erros, jamais.

Sem sons, ruídos não me tocam
Coberto por uma imensa camada de desgosto
Seus espasmos não me provocam
Posso sentir, mais do mesmo
E então me calo, olhando
Por fora casca viva, sangrando
Poça.


Reflexo

Todos nós somos como espelhos. Refletimos desafetos, tristezas, comportamentos. E passamos a entender o que cada um significa, de dentro pra fora, de não só carne, ou osso. Passamos a sentir pena, a sentir remorso, a sentir vingança, e ódio.
E fingimos ser aquilo que não somos. Nos enganamos, nos subornamos. Nos tornamos vítimas de um auto-sequestro. Maquiamos a alma, fantasiando o corpo, podando vozes, cegando atos e dilaceramos sentimentos. Sua vida se molda, vira do avesso, e você sorri, cego daquilo que passa por seus olhos.
Compensa seus erros com novos amores, compensa seus tropeços com novos degraus, e sobe, e cai, novamente.
Escuta críticas, destrutivas. Sarcasmos e sarros, pedaços de satisfação pelo seu insucesso. Se intrometem em seus atos, caminham sobre seu mundo, e o que deixam para traz? Feridas.

E assim convivemos.

Mas ainda é duro aceitar, entender o que faz alguem se desprender do correto, de tentar errar, e gostar de dor, de machucar-se, de não pensar do porque que os detalhes nos mostram como as coisas funcionam. Irracionais tais atos, impróprios, imaturos, inseguros. Não penso que esteja certo de  tudo que posso fazer, mas estou certos dos erros que não cometo, das tentativas que não são atoa, e de aprender com você, que erra.
E as pessoas se esquecem, se trocam, substituídas como mobílias. O que você oferece hoje, se perde amanha, porque aquilo é obsoleto. Entende?
Eu acredito na irracionalidade das pessoas, desenvolvo sobre elas o meu sucesso, corrigindo-me por seus erros, me dando o caminho das pedras. Mas não sou capaz de suportar isso para sempre.
Peço meu desabafo de alma, meu descanso, onde possa ser inatingível, intocável, de onde não possa sofrer, nem ser julgado.

Louco, em vão.

Sangro

E novamente me vejo em meio as incertezas. De onde não caminho com belos passos, mas sim aos tropeços. E ao despertar molhado de suor e calor, tento entender as razões, e elas não me saltam a mente. Meus propósitos, talentos, forças, lutas, onde estão?
Nas batalhas que a vida me pôs, como um forte soldado lutei, mas sem méritos. Sem medalhas decorando algum uniforme ou algo parecido. Sem homenagens ou condecorações por obras ou feitos. Não há sucessos. Não houve frutos. Dos mais altos pontos vi todo o horizonte de esperança e glória, mas como uma bela paisagem, a distância separa o real do sonho. E me questiono ainda, por mais que a calmaria insiste em aparecer, eu me pego em meio a controvérsias e angústias repetidas.

E de que importa o que falam? E de onde viria a paz que confortaria meu ser? E de palavras eu estou cheio. De histórias e atitudes que afagam um cadáver, eu estou cheio. Alguns atos apenas enxertam um corpo vázio, maquiando seus temores, subornando seus maus, tapando seus olhos sobre o transtorno. E disto tudo estou cheio.

Ainda espero por você, esperança, como outrora em sutis termos lhe implorava por surgir, hoje clamo por ti. Me estenda um braço, me segure a mão, te espero na forma mais linda que possa imaginar, e lhe espero portando um sorriso que me apaixone, e que me acolha, e de onde eu não possa mais sair. Com perfumes que me dopem do mais puro sentimento de felicidade. Me ache.
Do lado de cá me nego a viver, me podo aos prazeres, me confisco o mundo. Não, não quero mais. Me tirou a razão, gana, luta, e não quero mais. Aleijado pelas circunstâncias, posso apontar os culpados, e dentre eles estou eu, mas, posso apontar os meus cúmplices. E temo que nem eles serão capazes de reconhecer à mim. Desfigurado, retalhado e então, sangro. Do mais vermelho e denso rio de sangue brotam esses focos depressivos que não dizem nada a ninguém, senão à mim. Das farpas que retiro do meu peito a cada dia, sangro, e mais um buraco se abre, sem coágulo, sem dor, senão à mim.

Meu Deus, qual o sentido? Pasmem o ponto onde chega o desespero, e repito, meu Deus, qual o sentido? Quando tudo que se vê te provoca. Quando tudo que se vê, te enterra ainda mais...
Qual o sentido?

O Sul


De onde os ventos sopram forte. Agressivos e impetuosos. Machucam inocentemente, como um felino sorrateiro, leoa, loba, pantera reluzente como luz, branca sem marcas. Por onde passam, metidos, forasteiros que dizem saber mais que você, brilhante mente, que deduz as mais simples situações, que machuca ao rir, um riso real, sabotando a fragilidade de meros mortais.

E não escapo se encontro o Sul. Prende, fascina por suas paisagens e formas, cores e sons, desperta o prazer. De onde vêm tamanha força, inicio das marés, que inundam e afogam os desavisados. Me destrua se podes, sem toques, sem força bruta, olhos de pantera, matadora. Leve e livre sobre seus saltos, coragem a mostra, rasga a paixão.

Das rosas que circulam por seus contornos, cores vivas, do lado de cá não percebes a violência que causas. Ponto. Me toma as palavras, me tira o constrangimento e me devolve a inspiração, mas me toma as palavras. E se viva se faz, que corra o sangue quente e vulgar, perverso e dengoso, e no fim, murmuros. As  vezes te confundo, não?

Metáforas não lhe agradam, pasmem, Sul, vigor e viril, e metáforas te assustam. Loucos aqueles que não se despertam ao vê-la, de louco não tenho nada, rijo e forte, tu me tens assim. A verdade é discreta, como  foram de sutilezas feitas estas palavras, que não dizem o que lhe possa entender, mas que conseguem saciar a sede por muito tempo.

Sul, assusta-se. Mas não explorei seus desvaneios, nem suas fraquesas, nem de perto seu eu. Lugar bonito que prende quem passa, sequestro sem abuso, cativeiro prazeiroso e eterno.
Quero do encanto que me fascina ser escravo, se rir, saberás que podes.
Quero do encanto que me fascina ser escravo, se chorar, saberás que é verdadeiramente, mulher.


Passos

Os ventos sopram sem fim. Tocam a pele, seduzem com delicadeza. Trazem o frio, sinais de tempestade. Alimentam os medos que nos fazem se esconder. Traz a chuva que alimenta a vida e suas mudanças, e estas estão a caminho, como um vento que sopra devagar, mas constante, sinal de tempestade, sinal de turbilhão de sentimentos.
Desafios sem medo, etapas sem fim. Vitórias que com o tempo são esquecidas, alimentadas por derrotas que  ressurgem sempre e sempre para rasgar a alma. E os ventos nunca param de soprar.

Quero sentir a força da paz. Os caminhos que nos ensinam a chegar a este ponto. Quero sentir o pequeno momento que vale por anos. Transpõe os estilhaços que decoram meu caminho. Espírito calmo e serene.
Não desejo mais a luta, a ganância que corrompe à todos, que limita a pureza de ser simplesmente humano. Procuro entender o que me é mostrado, e de dentro do meu mundo, livre, sinto os ventos que não param.

Loucos varridos que tropeçam em seus pequenos frascos de rancor. Menino mal, vingativo, não merece perdão. Incorreto é pouco para classificar tais pessoas, mas nada me transpõe. Seus dedos não me tocam, seus sons não penetram meus ouvidos, suas facas não me provocam feridas. Força.

E por meio as tempestades lá estão aqueles que estendem os braços. Mãos limpas e firmes para o mais forte apoio. E estes são diamantes, reluzentes e puros. Sem valor comercial. Sem venda, sem reposição.

Parto pra mais uma travessia, neste deserto de vida, nesta multidão de gritos mudos. De onde não saio, e de onde eu não posso ficar.

Ventos...

Brilho Fosco



Louvo a paz de espirito. Sentado ao sol, os olhos distantes, fora de meu mundo. Transponho sons, medos e as redundantes angustias. Louvo as chances dadas a mim, de ver através de muros, de sentir com a alma, a mais pura essência.
Louvo o dom de ser amado, de sentir-se amado, e de ter isso pra mim. E ninguém nunca vai tirar o brilho que ofusca a vista dos invejosos. E mesmo na tristeza do erro, e mesmo na escuridão da traição e das mentiras, eu louvo a tentativa, e os acertos acima dos erros.
E acredito que vencerei, talvez não da forma que desejei um dia, mas sendo capaz de perceber a sutileza dos detalhes, a riqueza de uma palavra, e a delicadeza de um gesto. E aqueles que comigo estiverem, cheios de amor estarão. E aquela que criar meu filho, será abençoada, e nunca mais me perdera.(agiliza!)
Louvo a minha pequena capacidade de escrever grandes coisas, e isto me faz bem, e posso mostrar-me, a todos aqueles que são relevantes. Obrigado.
E não escrevo hoje sobre dor, ela hoje não existe. E não escrevo hoje sobre meus gritos mudos, pois eles não existem. E aqui talvez nunca realmente surgirão.
E neste vagão, rodeado por aqueles que jamais me notarão, reservo lugares, que serão ocupados por quem me faz feliz.
Um horizonte de esperança em um infinito de erros.
Este é o testemunho de um segundo mundo, é a vida se faz presente. Sempre queremos tocar nossos sonhos e transforma-los em verdade, eu consigo.


Sapato Preto II

Confissão:
"Hipnotiza, corrompe, pecado que desperta amor. Toque do calor, pedaço de brasa fria, arde sutil, entrega nos olhos o que sente, maltrata os desejos, e deixa, por mais proibido deixa. Contornos fumês, sombra que revela o que mata, satisfaz e provoca e não para. Vicio, desejo e querer. Doce, forte e sincero. Não há razão pra não ser, não escolheu, não decidiu, acontece sozinho. Inocência madura, que pisa onde quer, sapato de vinil. Não tenho culpa."

Culpa:
"Plena e incontestável. Provoca e ameaça, sabes que vence, provoca e consegue, sabes que tens, provoca e pede, sabes que merece. E deseja sem medo, e resiste aos furacões, e provoca e desfalece, sabes que venceu. Culpada por existir, pecado à flor da pele. Quem não entende desdenha, inveja que alimenta. Mas não afaga sua culpa, fato."

Fato:
"Não tem porque não. Medos que se foram, e daqueles que existiam, hoje restam apenas boatos. E quando vêem, não compreendem, e se corroem por isso. E ali onde desejou morar com belas cercas e paisagens, com suas montanhas que se destacam a luz do pôr-do-sol, é onde pretendem morrer."

Risos Mudos

Sofro sem sentir, sem falar
Tão somente me calo, parado
Não grito, suspiro, ronronar
Dor que não alivia, cala a alma
Se queres percebe arrebatar
Dos pés a cabeça, de dentro pra fora
Luz que se apaga, me ponho a chorar

Não sofra por mim, criatura
Luto por ti, tão bela ternura
Acreditas no amor que corrompe
Sucumbe aos desejos
Não sofra por mim, criatura
Suspiros sem tom, lampejos de alma
Alivia ao toque, afagos, e acalma

Vida em pequenas doses
Rei por um dia, refém para sempre
Suborno do bem, fúteis posses
E por mais que lute, fuga dormente
Não mais caminho pra frente

E leve e solto deixo ser levado
Sofro por tudo, mesmo acabado
Se queres viver, que tenha sorte
Banhos de angustia, regados a morte
Para que cresça de novo o amor
Derrube as paredes que cercam de dor

E por mais simples que se juntam
Estas palavras no fundo não mudam

Simples expor
Impossível transpor

O Menino e o Muro


Ofegante.
Assim que ele se sentia por mais uma tentativa. Os olhos ardiam, a poeira que levantava cobria seu corpo, e seus dedos apertavam suas mãos de uma forma a misturar dor, e ódio. Olhar fixo, como o caçador espreitando sua presa, pronto para o bote final.
Mais uma tentativa, queria provar a si mesmo que era capaz, mas sabia das dificuldades, sabia que sem as ferramentas necessárias, transpor esta barreira se tornara um ato único em sua vida. Um ato para vida inteira. Impulso. Salto. Seus dedos rasgam ao toque áspero do concreto, não se agarram, deslizam inquietos por cada vão, e seus pés, mesmo calçados, não achavam a base para um ultimo impulso.
A poeira novamente cobre seus olhos, agora lacrimejantes. O fio de esperança havia se perdido. A dor supera a força, a vontade, a luta por aquilo que se sonha. E sonhar ele havia conseguido, e muito, ao olhar lá de baixo os ventos que sopravam por sobre o topo. Ventos quentes, os mesmos que traziam refletidos os raios de sol, e que faziam ele suspirar.
Socos, não, socos não ajudam meu jovem rapaz, apenas adubam as feridas, e as deixam ainda mais abertas e doloridas. Não, meu jovem rapaz, poupe-se da escárnia.

De costas ele sentou-se, e lembrou que por um dia, por um único momento, seus braços esticados ao ponto de se soltarem dos ombros, lhe deu a chance de alcançar o topo, e um fio de energia puxou seus olhos, que deslumbraram, sem entender, hipnotizados e descrentes, tudo o que ele sonhava, e por ali ele ficou, contemplando, trêmulo, até desfalecer exausto de esforço.
Do outro lado meu jovem rapaz, alegria, amor, louvos e fardos. Pinturas puras, flolhagem sóbria e sutil. De que adianta se pensar?

Das mãos cobrindo a face, escoam lágrimas rosadas.
As mais puras e tristes, vindas da mistura do sangue vivo e turvo, com rios cristalinos, que brotam sem fim dos olhos que subornados, cederam a realidade minutos depois.

Tão alto não, meu jovem rapaz?
Um dia quem sabes cresça ao ponto de com apenas a força de seu peso, desmorone toda a angústia que lhe cobriu a vida infantil, e assim, por sobre as pedras, e cascalhos, por sobre os restos marcados de seus dedos, seus pés transponham a tão impiedosa barreira.

E ao sentir a brisa que antes passava lá em cima, tocar seu rosto como mãos de veludo, você, sorria.




Cai, e sara.


"Vermelho como sangue, que dói aos olhos, que fascina ao brilhar, sem sequer pedir permissão. E gruda a cada toque, e se puxado, sorri, sem nenhum pudor. E enrrosca como pequenos nós, cegos, firmes e fortes. Perfume doce, mel que vicia, seda.
Branca como neve, semente de diamante, que se marca aos apertos, vergões e arranhões. Sente o calor que brota e faz suar, sente os dedos que apertam, subornados por curvas tentadoras, irresistível, presa fácil que mata a qualquer um.
Dourados como ouro, que hipnotizam, que transcedem ao real, passeiam por cada detalhe, pedem e recebem. Se fecham sem controle, confessando o mais puro sentir. Te invadem a alma, sequestro premeditado. Impossível segurar por dois segundos sem se ferir.
Rosa como a flor, mas que morde, deixa marcas, que revela alegria, que tira de você o que tens de mais precioso, e faz questão. Pede, deseja, externa falta de pudor, grita, e se cala. Passeia por cada ponto. Tudo é permitido. "


Supreenda-se com o que não está em livros, sem segredos, sem nexo, sem razão, e porque vivemos assim, e sabemos que nada tira de nós o que chamamos de essência. Primitivo e deslumbrante.
Não, não pense que sabes o que lê. Muleque.



Condicional

Vivo a vida assim. Pedaços de alegria, montanhas de dor. E sobrevivo assim. Se aquilo que queres é o que no fundo deseja, nada posso fazer. Penso nos bons, penso nos ruins. E o mesmo orgulho que me empurra pra frente é o mesmo que não me deixa recuar. Talvez tudo tenha razão, e o propósito seja este, mas quem vai saber se está certo? E as glórias serão dadas, e mesmo que palavras maldosas saiam de sua boca, as verdades sempre existirão. Dentro de mim.
E percebo a distância, e o tempo separa e destrói. E as promessas dissolvem ao vento. Se diluem ao sabor da fria transformação de corpo e alma. E se assim for o fim, melancólico, que seja transformado em mais um aprendizado, em mais uma volta nessa eterna montanha-russa. E se os passos se perderem nas diferenças dos caminhos, eles nunca mais serão seguidos. E se as trilhas forem esquecidas, nunca mais terá volta. E acaba.
O meu coração absorve, dor atrás de dor, e pulsa, ainda. Porque por mais forte que sejam as feridas, elas terminam em cicatrizes. E eu não despenco. Se não queres saber de mim, paciência, e os dias passam, e as noites chegam vazias, e as tempestades assustam mais que o normal. Se a solidão vencer, desisto. Mas nada ainda me fere mais que a indiferença.
Se os olhos são incapazes de ver o quanto brilha minha alma, esta cega. Se não sente a presença, está cega. Ou pelo menos se vendando.
E as vidas que estavam sendo contadas param subtamente.
E o que será agora? Um próximo capítulo ou uma nova história?
Vivo a vida assim. Sou a novidade que fascina, e a doença que não se cura. E sabemos da força que tenho, da pura magia de atrair próximo a mim boas coisas. E isto nunca vai parar. E nas noites que você se aproximar da solidão, vai me sentir. E dói, e não é pouco. E subornando essas dores você vai viver sem saber se foi ou não certo. Apenas verdade.

Guardo pra mim.

Sem fim

Eu não sei porque minha mente faz isso comigo. Como tiro essa sensação? Porque ela não me permite viver normalmente? Eu quero tirar esse aperto que consome meu corpo toda vez que mudanças são feitas. E sou forçado a recuar, a desistir, a novamente morrer. As coisas me confundem, as atitudes me confundem, e ninguém é capaz de sentir o que eu sinto nessas horas. É torturante, é péssimo.
Mas ao mesmo tempo eu não acredito nesta felicidade, eu não acredito que essa seja a vida que mereço. O que preciso para me salvar? Porque eu preciso passar por isso? Essas perguntas rondam minha mente o dia todo, agonia. Muita dor, angustia é a palavra, eu preciso entender porque, mas não consigo. Fadado a isto? Onde eu errei, e porque eu devo passar por isso, volta sempre a minha mente.
Eu repito as palavras, porque elas me ferem, eu repito como um pedido de socorro que nunca pelo visto será ouvido. Não existe mais em meu coração a ganância que induz as pessoas a cometerem esses atos. Eu perdi essa gana, esse sentido pelo qual lutar. E não adianta, é impossível você entender, é impossível você conseguir me convencer que estou errado, porque ja tomou conta de mim, e me consome, triste.
As pessoas tentam me ajudar, mas é impossível.

Triste, porque nada tira esse sentimento de dentro de mim...

Ex-toque

Eu sou isso. E é verdadeiro. E real. E talvez isso que me fez ter pessoas maravilhosas ao meu lado. Gente que me conhece, que sabe os porquês e absorvem o que de melhor eu puder passar.
E que talvez me faça sempre ter esse tipo de pessoa, ou que me enterre de vez em um poço sem fim, se isso for o que mereço. Mas não consigo, por mais que tente, subornar minha mente e todos os seus laços. Por mais que eu engane meus olhos, meu coração se mantém vivo, e me mantendo em pé.
E se mereço sofrer, e se na vida eu fiz o caminho que para Ele foi errado, eu devo sofrer. Mas no fundo eu sempre vou questionar, porque que eu preciso viver assim, porque que não como todos ou a grande maioria, eu não poderia apenas ser. Mas nada mais é que a pura verdade. E meu amor por ser assim é maior que o mundo, e não cabe apenas em um texto.
E aqueles que me criticam, que me xingam e me menosprezam, o gosto da minha derrota pode ser saboroso, mas o amargo da vitoria pode tardar mas não falha.
Eu sou isso. Me desculpo aqueles que não me compreendem, me desculpo aqueles que se inconformam com a sinceridade e honestidade de minhas palavras, e deixo avisado, que o dia que eu mesmo não mais enxergar dentro de mim, esta na hora da vida terminar. E que o dia que o meu sentido estiver perdido, esta na hora de terminar.
E se não consigo apenas ser eu, esta na hora de terminar.

Escravo Interno

Grandes problemas em pequenas doses.
Não entendo o que me tira o sono, porque razão desperto se já não existem as sombras do inferno que antes cobriam minha mente. Por qual então razão meus olhos se abrem no vazio? Um misto de conflitos e alívios, um lado pede para esquecer e o outro fere de todas as formas possíveis.
Não existe um retrato falado para angústia, e não existe um cárcere pior que o de dentro da sua própria mente. O que ela espera de mim? Porque me dá golpes sem dicas? Resolve me mostrar que eu não tenho como me livrar dela jamais.
As vezes não compreendo seus sinais, desculpe, mas sou mortal, e sucumbo aos prazeres da vida normal e pago o preço. Não entendo porque me condena assim...



( neste exato momento, ela me bloqueou, parece mentira, juro, mas não consigo retomar o que estava escrevendo ai em cima )



Fecho os olhos para buscar novamente meu protesto, mas não consigo, mais uma vez fui pego de surpresa, que absurdo, como isto pode acontecer. Os malditos sons do despertar deste mundo amargo já se fazem presente, e minha mente me abandona, em mais um dia. Tento de todas as formas trazer de volta o momento em que comecei a escrever este texto, mas desapareceu como em um buraco negro. Não posso lutar contra ela, devo apenas cravar na eternidade palavras que talvez não sejam...



( novamente... )



Devo parar...desculpe.



Poço

E quando não mais a morte for vista como suborno, a vida será menos dolorosa. Quando sentir que o fechar dos olhos nos leva a um universo sem sofrimento ou agonia, haveriam mudanças. Porque eu tento não ter mais o medo do fim, porque não existe razão, e eu não quero duvidar de que além deste inferno que me arde aos olhos existe espaço para o alívio. Meus princípios me condenam, mas a falta deles me traria o vazio maior, a perda total da razão pela qual vivo. Não aceito ser submetido, exemplo de gana, de teimosia e coragem, porque apenas a escuridão tiraria de mim a força pra falar, sobre o que penso, sobre o que sinto, sobre as doenças que infectam seus corpos, e que eu transformo em aprendizado. Não vendo minha alma, e como sempre digo, se todos os motivos forem sanados, eu apenas serei justo comigo, de onde eu tiro luz, de onde eu tiro as palavras que ninguém é capaz de decifrar.
E para aqueles que não acreditam em glória, sintam-se pequenos, eu não posso concordar e ser apenar o capacho do desconhecido. E reservo o direito de poder expor as marcas que recebi, e a incompreensão dos ignorantes não é bem vista. Não viro a outra face, e já tenho dito, revido aos seus golpes de chicote. Lamentos de frustração, eu escuto, eu sei que existem, eu não quero que ninguém pare.
E quando não mais a morte for vista como suborno, a vida será menos dolorosa.

Quando o fechar dos olhos salvar a minha alma, a história se tornará lenda.

Retrato I


Sou a novidade que fascina seus olhos. O pedaço de esperança que segura sua mão. Sou enjoativo, desperto a ânsia dentro de você. Posso ser legal, mas piso em suas feridas. Você pode querer saber um pouco mais, mas com certeza vai se decepcionar, mesmo porque você apenas vai saber o que eu quiser que saiba.
Posso querer ter você, mas isso vai passar em três dias. Você pode achar que conquistou, mas depois percebe que não pode me controlar. Posso fazer tudo que eu quiser, mas nada que você me pedir, mesmo que eu queira. Sou seu amigo e seu carrasco, meus elogios são para o que esta errado, pois o certo é sua obrigação.
Posso fingir que não gosto, talvez você nunca vai advinhar, mas eu gosto do que talvez não exista em você. Posso escrever pra alguém, e você que lê achar que isso é pra você, mas com certeza não é. Posso te provocar, porque faz parte do meu show.
Vou e devo te dizer o que quer ouvir e na maioria das vezes te falar verdades. Posso querer ter sucesso, mas o sucesso não me quer. Sou a pessoa que você perde uma hora conversando, mesmo tendo que trabalhar no dia seguinte cedo. Te engano, te envolvo, te devolvo a realidade. Escrevo de amor, de ódio, da mentira sincera e da verdade mentirosa. Não mereço perdão, e absorvo a paixão. Sua, minha, dela. Sou carne-viva, me bata e revido, a dor é plural, e o meu beijo singular.
Eu posso querer ser aquilo que você quer que eu seja, mas eu atuo bem, e claro que não vai perceber. Posso fazer acreditar neste texto, e mesmo que você, e eu, acredite, vou estar mentindo. Destruo sua concepção do correto, seu lar perfeito, seu romance de conto de fadas, e quase sempre é por prazer próprio.
Sou uma pequena marca, um tumor benigno, estacionado dentro de você, e é inevitável, não existe cura. Não me agrade, e não terá afagos. Eu quero, eu sei pedir, e você sempre irá fazer. Sem consciência, sem querer querendo, porque eu consumi suas vontades.
Sou bom, você já sorriu comigo, fato, então não seja hipócrita de concordar com esse texto.
Sejamos apenas, eu, você.
Um vírus?

Mudo


Talvez pior que o grito de angústia seja o silêncio inevitável do fim.


Começo e recomeço, não consigo continuar, de onde eu tiro a inspiração, eu vou apenas escrever sem medo do que vai sair, vamos deixar que os dedos controlem minha mente, ou melhor, que sejam o portal para a representação do que nela se passa agora. Não acredito que nada produtivo possa sair, mesmo porque, deleto e começo de novo, construo e destruo, não permito que algumas frases saiam de dentro de mim e sejam expostas aqui, medo? talvez auto censura, de uma mente virada ao avesso, mas o que posso hoje fazer? neste momento em transe, onde apenas barulho de teclas dominam o ar, nada mais me resta que preencher linha após linha o que se passa aqui, nada produtivo, sem parágrafos, sem linhas perfeitas, sem combinações que façam alguem rir, ou chorar. Um ponto final. Que estranho, porque não é o fim, e o que vc vai ler , não vai fazer diferença na sua vida, nem mudar o rumo das coisas, apenas mostra como uma mente pode ser catastrófica com ela mesma, quando perde o controle, quando nada impede de externar, palavras que não condizem com realidades e o que pode ser justo não parece correto, procuro não perder a razão, mas é impressionante a força da liberdade, quando uma maquina como esta, nossa mente, se vê livre para despejar todo e qualquer tipo de pensamento. Mais um ponto, quero parar, quero mudar o tema, mas não existe tema, talvez você ache que é proposital, mas realmente não é, esta livre, esta é a verdade, e com certeza esta sem propósito, o que posso fazer, a não ser que eu feche os olhos, e que arrume outra forma de por isso aqui, eu não posso impedir que sejam escritos, ou que sejam feitos, perai, um branco, o cerebro está cansando, que bom, era justamente isso que eu queria fazer, arrancar de dentro tudo o que precisava sair, sem nexo, sem medidas, pra que você vai ler isso? para, não existe lógica, não pense que pode entender.Esvazie, esvazie, procure tudo o que precisava sair, ..................
os dedos pararam......graças a deus, os dedos pararam, o que acontece agora?
Acredita nisso?

Enter.

Desgovernado


Eu não posso parar.
Não quero contar historias, contos, ilusões. As vezes os dias são apenas reais, e sem as fantasias que maqueiam nosso redor. Quero os meus gritos no vazio. Quero que eles soem alto e forte. A algum tempo eu não me via aqui, agora, desperto em meio ao silêncio da noite, do frio que encolhe nossos corpos e contrai nosso sorriso, ocultando-o.
Ninguém a não ser você mesmo consegue tirar este sentimento de solidão de dentro. Mas o que isso importa para os outros, nada.
Quero não querer, não pensar em momento algum. Quero um coma induzido. Sem dor, sem ver o tempo passar. Quero apenas as lembranças de historias assim:

" E ele um dia sorriu para o mundo e seus olhos miravam o infinito. Respiração funda, suspiro, aperto de mãos e olhares cruzados. E ao seu lado poderia contar para tudo. Força, gana, vontade, vitória. E ele sabia que havia alcançado tenros pedaços de satisfação, agradecia. Lágrimas apenas de tanto sorrir, de se contemplar pequenos momentos. Vivendo sem medo, vivendo."

Acabou. Nua e crua realidade que destrói a força, pedaço por pedaço. E a vida, como já dito, matou o sonho que sonhei, e espero que um dia ela se faça justa, que se faça valer cada aperto no peito de angústia e vazio que assombra minha mente.

Vai.

Estupro


Seus lábios trêmulos expressavam o mais puro prazer.
Não mais se segurava, não mais lutava e nada podia fazer
Contra a raiva que despertava dentro de si. Um feitiço sem cura,
Uma reação sem controle, sinal de uma vida pura.
A força, olhos nos olhos, não haviam sons,
Nem sequer os ruídos de seus movimentos. Pequenas notas ou tons
Seu toque desconhecido invadia qualquer espaço que pudesse ser alcançado.
Rasga sua roupa, lhe toca com o corpo, convite ao insano
Dois corpos, uma mente, segura o maldito, cruel e profano.
A mistura de dor espiritual flambada aos delírios do querer
Nunca havia pensado no ato, rosto surpreso, corpo tenso, a amolecer.
Grita com ódio, segura seu corpo, o concreto é frio, arranha, excita
Fêmea, indefesa, mulher, presa.
Seus olhos se fecham, nega o que vê, permite-se apenas sentir
Negar aos olhares, tentativa invão de mentir

Naquele momento, ultimo pulso, trêmulos.
Ardência, seu coração grita sem controle, perdido
O toque termina, lhe resta o frio, como cúmplice do que havia sofrido
Sem passos, suspiros, vazio de corpo e alma
Mata-me de prazer, mata-me.
Dor
Rosto riscado de lágrimas.
Corpo banhado de amor.

Rezando


Em tempos difíceis, onde os mais puros se ajoelham perante as forças que não podem derrotar, e suas mãos atadas e machucadas se encontram repletas de feridas e dor. Naquilo que se pode acreditar e que se tenta adorar, onde estão os certos. Os lobos novamente rosnam aqueles que os encaram nos olhos. Nas noites mais camufladas, as nevoas acariciam as arvores, a lua parece forçar aparecer.

Os olhos chamando, as vozes sem força para se fazer ouvir. Chamas da dor por todos os lados onde se pode respirar. E o que isso significa, nosso tempo de pensar. Tempo de enxergar alem, de sorrateiramente sentir as chances e as desilusões. As luzes que brilham sobre meus olhos, onde posso olhar para o céu e querer entender mais e mais sobre o desconhecido.

Saber quem eu sou, porque eu sou. E descobrir ao menos um propósito para entender. Jogo as palavras, salgo s boca e adoço os dedos, libertando a mente dia após dia. As vezes não lhe fará sentido, não ira te trazer satisfação ou propósito, mas esta cravado nas entranhas do tempo, sem nunca mais desaparecer. Desfrute do que quiser, faça de minha mente seu local de libertação, onde pode encontrar o que gostaria de sempre ver.

Loucos varridos, rezo, loucos varridos, amém.

Em Dobro


E eu viro a outra face para mais tapas, que ardem, que doem, que arranham, que sangram.
Porque meu outro lado já está esfolado, e sem mesmo sentir mais dor, a repetição vicia. Quando a harmonia se perde, a melodia tropeça no descontrole. Nem os mais belos momentos resistem ao sabor amargo do descaso, da eminente falta do propósito.
E eu continuo a resistir ao golpes que a vida resolve me dar, apenas não sei até quando, mas eu não escolho isto mesmo.

Selvagem e irracional, benditos aqueles que permanecem assim por toda eterninadade. Porque por quanto mais o tempo corre em frente aos meus olhos, mais eu percebo que criamos nosso próprio fim. Sozinhos, cada um à sua maneira.

Queria falar mais das flores, como já citei antes. Fortes, reluzentes, brilhantes. Esbanjam a vida em sua plenitude. Sem remorsos, mesmo quando ferem com seus espinhos.
Mas as flores que hoje vejo são cinzas.
Pequenas feridas sustentadas por um unico fio, uma folha, um pequeno espasmo de vida. Cinzas como a dura realidade de um outro fim, bem próximo.

E eu sou imaturo ao ter tanta experiência.
O que me causa arrepios e tira o sono como sempre, sem eu poder resistir ou lutar contra. Não sei lidar, não aprendi com o tempo, e o tempo aprendeu a me enganar.

Me ensina a ser livre, sem me livrar.

Distante


Por onde andam os redemoinhos que confundem minha mente?
Dias de calmas marolas, que não afetam o rumo dos barcos, nem de seus tripulantes. Talvez minha mente esteja flutuando por um espaço vazio sem querer se prender a nada, talvez anestesiada de tantas pancadas que havia tomado. Merece um descanso, um pouco de paz, mesmo que irreal, mas apenas para dar ao tempo espaço de curar as feridas mais abertas.

Ainda balanço sem direção, em um centro único que não me permite nada mais do que voltas em torno de mim mesmo. É algo estranho, não sei direito explicar, ou sei?

Ela esta se escondendo, desviando dos meus olhos sua presença, retirando de mim suas raizes, mesmo que à força. Confesso que não estou bem com isto, não quero aceitar imposições, não faz parte do meu perfil. E então porque diabos estou perdendo entre meus dedos? Perguntas, não são bom sinal. Não gosto delas.
E então estarei a deriva, ao destino sem controle, flutuando sem ponto certo por um infinito as vezes tempestuozo e outrora inerte. Não enxerga porque? Sabes que controla estes lemes e direciona para onde quer. E porque não mais? Perguntas, não é bom sinal. Não gosto delas.

As escolhas doem, evito escolhas. Evito ter que pensar em escolhas.
Não acho que você se daria melhor. Algo a se considerar.
Sentindo-se despencando.

Brilho


Leve, livre, solto, rasga os mais temidos espaços e locais. Sombrio e torturante, com medo, com dor, liberta e renova as mais cansadas almas.
Ainda não morri, reluto contra as garras que me seguram no limbo seco e velho. E ainda restam sim, forças para o ultimo olhar fixo, a ultima amarra que me prende.
Sorrir, olhos arregalados, e inspiração.
Tento novamente remar contra esta correnteza que me conduz precipício, e aos poucos os remos quebrados e sem utilidade dão lugar a novos impulsos, com um broto germinando, fertilizado por corações. Não quero pensar em nada além disso, não quero dar espaço aos temores, a tudo aquilo que me rodeia.
De onde não se espera a luz, o brilho se revela, e com ele, a suspresa de achar uma saída. É um momento melhor, um momento de absorver o que está sendo emitido, tudo que esta ao seu redor. Receba, faça a força crescer, e lute contra o que era inevitável.
Sucumbir aos delírios da mente sempre refrescam a alma. Eu tento sonhar, mesmo que por força, sair de dentro todo o ser, toda as cores e tons. Nuvens claras que lutam contra o tempo escuro e sombrio. Rasgam o céu, abrem espaço ao infinito.

Noites inteiras ao invés de momentos de sono
Sorrisos ao invés de lagrimas abandonadas
Passos pra frente ao invés de recuos
Minha força ao invés de fraca raiz


Um labirinto de círculos



N.R.G.S.


Então é isso que eu mereço. E esta semana esta sendo marcada pela destruição de um carácter. Marcada pela realidade da desordem que paira sobre uma vida maquiada. Mais dor, mais sofrimento, mais angústias e mais perdas. E ninguém consegue me curar. Espalhado por todo corpo, tomou conta e não existe a chance de sair. Eu não enxergo, eu não tenho forças, e posso fazer o quê?
Viva intensamente o que lhe foi concebido, e guarde isso como lembrança, pois no final, só memórias realmente restam. E a maioria quer ver o ultimo espasmo da sua vida, e rir. E a maioria quer ter o prazer de poder dizer que isso não valeu a pena. Mas valeu sim. Porque todos os movimentos que fiz me levaram à algum lugar. E eu sou fruto do que plantei.
Não me arrependo do que vivi, não me arrependo do que conquistei e também não tenho vergonha de dizer que perdi. E existem culpados, sim, e eles sabem quem são, e não apenas eu.
Mas onde cheguei muitos nem sonham estar, e por trilhas que passei muitos jamais as encontrariam, e por mais que alguns tentem, nunca chegarão perto do que eu um dia alcancei.
E vão existir voltas, e vão existir recomeços, e eu espero que tudo me faça crescer.

Mas agora vivo um deserto sem fim, onde não ha saídas. E me reservo o direito de lamentar os dias que estou passando e esta angústia certamente tem um propósito. E das cinzas do mais ardente fogo sempre ressurge a vida. E os gritos no vazio não ecoam, não são ouvidos, e tenho esta certeza.

Belas palavras estão adormecidas. Talvez tenha gasto as últimas semana passada, pelo menos por enquanto. Não penso em amor, não penso em sorrir, não penso em sonhar.

Absorvi, talvez por merecimento, a dor do anjo que se foi. Talvez este anjo sofresse toda a dor que foi descarregada à mim, e gostaria muito que este fosse o propósito, pois se for, com todo o prazer, eu sofreria isto tudo de novo.
E que este anjo me deu o dom de ver o mundo assim. E faço dos meus olhos, os olhos dela, e mostro tudo o que este mundo tinha reservado, e que por sorte, ou destino, este anjo não foi o escolhido...

...um dia te conto os detalhes, quando te encontrar.



Fato


O que é a felicidade?
Satisfação pessoal, viver bem, conquistar coisas, sorrir, rir, viver a vida em sua plenitude, demonstrar amor, respeitar, ser respeitado, vencer, produzir, plantar, colher frutos, fazer amigos, se doar, ter família, encarar desafios, abraçar, construir uma história, trabalhar?



O que é a tristeza?
Frustação, decepcões, descobrir que se perde, perceber que se trai, adoecer, sentir remorso, perder, incompreensão, desrespeito, perder o rumo, não viver, não sentir, fome, hipocrisia, assassinatos, intolerância, perder amigos, perder amor, ser frio, drogas, perceber a solidão, ser ignorado, não ter apoio, amor vazio, palavras sem nexo, mentiras, falsas promessas, abandono, morte, viver um vazio, tapas, frustração, incapacidade, ser podado, chorar, sequestro, sucumbir ao fracasso, ser cobrado, perder um filho, perder a família, brigar com os pais, egoísmo, a realidade, vingança, ganância, abuso do poder, dor, depressão?




É, por aí...

Capítulo Três



Com os sentimentos que tiram da gente as mais diversas reações, as mais profundas mágoas e alegrias. Aqueles que nos fazem sentir prazer quando chegam, e aqueles que relutamos em vir, e que geralmente não podemos escolher quando. Aos sentimentos que provocam as pessoas, aqueles que irritam, que machucam, que ferem e que nos trazem perdas. Do lado de cá do vidro apenas o calor da minha respiração.

Dos socos que arrancam sangue, a dor mostra a verdade. Nada estanca feridas abertas. Como os sentimentos que afagam as pessoas, aqueles que as fazem sorrir, que confortam, que incentivam. Vivemos do reflexo das provocações. Mais imagens distorcidas. Não perdemos nossa meta, mas perdemos como alcança-las. Do lado de cá do vidro apenas os vultos da angústia.

E os sentimentos nos impedem de parar. Dia após dia, empurrões.

- Mas não existe como viver apenas disso, e não existe como viver dos delírios da nossa mente. E a minha mente me suborna a este mundo paralelo de onde eu não quero sair, e onde estou fadado a morrer. E fascina aqueles que caminham sem dor, e fere ainda mais aquele que cria essa estrada. Mas crio meus desvios, onde eu posso parar e admirar tudo que percorri, e o horizonte aonde ainda preciso alcançar. Mas é mentira, um ponto, um conto. Uma vírgula, uma nova realidade, não é verdade, é mentira. Acredito que você não possa entender, isto é verdade. E tranço em minha mente um labirinto em circulos. Selado. -

Não escrevo poesias, escrevo versículos. Onde sempre os capítulos vencem.



Cova


E o preço é caro e doloroso, pois ninguém é capaz de pagar para se sair disso. E não adianta vocês e suas palavras pomposas que acariciam os ouvidos mas não quebram as paredes da alma. O que você não vê, não pode tocar, é simples.
A verdade é dura e certa, e eu lutei por ela, como sempre. E não sou Deus, pois se fosse, metade do que esta em frente à mim não existiria. Quisera eu um dia ser ignorante, ao ponto de não perceber as feridas que sangram nessa vida. Onde se passam muitos e muitos, e apenas poucos se fazem presentes. E não são os notórios da mídia, muito menos os políticos ou intelectuais. Esses ainda assim vivem a cartilha da humanidade, de uma forma ou outra.
O pensar sozinho dói, e não tem cura.
Eu queria muito que isso acabasse logo, que o que me tens reservado chegasse ao meu alcance, seja como for. Desejo que termine com essa loucura absurda que transborda meus dias. Quero que seja como for, cruel ou serene, doloroso ou prazeiroso, mas que tenha um fim.
E não quero lágrimas. Não daqueles que sequer entenderam os recados, daqueles que sequer foram capazes de sem ironia compreender. Mas não posso esperar isso de quem eu sempre tive certezas que não são como eu. Não é novidade, mas a constatação do previsto é sempre desanimador. E o preço é este.

E que os dias sejam as pás...

Anestesia


Mais uma vez sou refém do desespero. Da angústia que flerta com minha vida, de onde eu não sou capaz de sair. Mais uma vez eu confesso a agonia das madrugadas fervorosas, onde a mente em parafuso procura uma saída sem sucesso. Mais uma vez eu reporto nestes pequenos textos o sabor de ser autêntico assassinado por não ter a permissão de ser. Mais uma vez eu digo à vocês sobre um planeta que poucos tem coragem de visitar, e que uns sequer sabem que existe.

E divido minhas palavras em etapas como a vida, separo o bom, mas absorvo o mal. Do que não poderei ser, do que não nasci pra ser, de onde não poderei sair, e pra onde nunca poderei ir. A pior morte que se pode ter. Vivo aos olhos do povo, morto aos olhos de Deus. Não espero consideração, muito menos um perdão.

E o tempo não perdoa ninguém. E por incrível que pareça, gostaria que novas marcas fossem cravadas em meu rosto, mas não consigo mais. Não suporto mais apenas olhar, não consigo mais passar desapercebido em meio a um amontoado de incoerências. Nós, sim, nós, nos isolamos dos que nos renegam, dos que não são capazes de enxergar, ou que na sua maioria não fazem questão de tal, porque a frustracão que essas pessoas possuem, são o pior sentimento que existe, e não admitem você.

Algumas vezes transformo em metáforas o que sinto, para suavizar a verdadeira sensação que esmaga meu ser. Minhas migalhas de serenidade espalhadas pelo chão.

2920 Dias


Lado a lado.
Sem medo do imprevisto, sem a ganância pela perfeição, sem motivos para sempre rir, mas também sem motivos para morrer de chorar. Dos dias de dor, faço questão de esquecer, de entender que era preciso, mas sabendo que não se repetem. De que cada grito foi por querer, de que cada sentimento de ódio foi por sentir que poderia escapar o que fazia feliz. E não existe quem não sente raiva de perder o que gosta.

E de todos os passos que eu dei, mesmo que estes me joguem de um precipício, eu não sentirei medo, nem remorso, pois os corajosos e bravos não temem à morte, não sucumbem ao fim certo. Se apoiam em sentimentos e paixões, pois só elas nos fazem acreditar que é possível, que existe a chance de não ser sempre o mesmo. E eu fiz.

Não existiriam risos, nem sucesso, nem vitórias.
E só as minhas histórias de nada serviriam se não existissem os fatos, os motivos que me trouxeram até aqui e neste tempo todo ainda se fazem presente.



As palavras que saem com lágrimas são reféns dos sentimentos.
Como estas:

E elas me deduram sem medo sobre o que eu sinto, e te mostram que mesmo que a vida corte as pontes que nos unem, todos os caminhos que estas ligavam foram explorados. E não sinto medo de perder meu apoio, porque ele nunca vai desaparecer.
Porque mesmo quando eu estiver sozinho, de dentro de mim vou buscar os pedaços de você e juntar todos para criar o dia em que me fez acreditar na vida. E essa força que cresceu demais com o tempo vai me fazer ir até o fim, dar um passo a mais, e tentar novamente vencer. E a cada vitória, um brinde à você, e a cada novo sorriso, um brinde à você.



Mas enquanto estivermos aqui, juntos, eu não sinto medo...


Refém


Ninguém podia tocar suas mãos. As pontas dos dedos procuravam por uma simples sensação de presença, mas sem sucesso. O desespero é eminentem quando a noção de estar sozinho preenche seu corpo, toma o controle, enforca e sufoca.
Nada é mais aterrorizante que um despertar ímpar em meio a desconhecidos. E isto estava eminente em sua vida. Silêncio e transtorno. As pessoas se distânciam do que não conseguem compreender, sem perceber que colaboram com a decadência.

Chega de fato!

E por onde anda a inspiração? Adormece de tempos em tempos, calando-me sem perdão. Não existe receita, não existe o caminho planejado. Servo do inconsciente, escravo do transtorno. Vai inspiração, me abra mais uma vez as asas para transpor essa dolorosa barreira que sangra meus olhos. Me dope com suas doses cavalares de magia para que eu não sinta os pregos que me cravam a este mundo. Apareça!
Não seja medrosa como eu! Não sucumba ao que eu reluto em engolir, faça você seu caminho. Maldita inspiração que me pune dia após dia. Te odeio por me sentir seu escravo. E nada poder fazer.

Me use, me conduza, me moleste perante os outros! Seja capaz de me derrubar e me servir ao porcos. Não tenho como lutar e aceito a derrota como carma. Me corte em pedaços, desmembre as chances de transformar isso em algo racional. Sou incapaz de sentir seu cheiro, seu sabor, enxergar sua face. Desistir de renegar o que você, inspiração, me manipula a fazer.

Terceiro ato.
Te cerco, te encurralo, te determino um fim. E nada pode ser feito. Porque a força pra te imobilizar por pelo menos um tempo é dádiva minha. Mesmo sabendo que você voltara, por agora te tranco dentro do deserto escuro da minha mente. Insana, infame, inerte, intropectiva perante ao mundo monocromático.

Desculpe inspiração.




Transplante



Um brinde as mentes brilhantes que são capazes de tirar de dentro de nós emoções.
E por isso que eu sinto e falo, que escrevo, que transmito a sinceridade interna. E não sei ser bom, e gostaria muito de poder transmitir tamanha bondade que merecem algumas pessoas. Almas que não querem nada além de viver, de sentir a força e energia de gestos simples, de caminharem por um caminho melhor que apenas pedras e espinhos.

E admiro aqueles capazes de doarem amor. Aqueles capazes de ver além de seus olhos. Mais longe do que a visão pode alcançar. Gostaria muito de acreditar que um dia eu consiga tirar de dentro de mim o mesmo. Se é que existem realmente estas pessoas.

Dar-se por completo. Doar-se a quem ama. Os pequenos prazeres que a vida nos dá são os mais valiosos. Nada mais perfeito que o movimento infinito das ondas, que a brisa suave e o brilho do sol. E nada mais justo que por termos essas dádivas, contemplá-las.

E o tempo me faz ver a diferença entre pregar o bem. Entre escrever as palavras que meu instinto me conduz, além de tudo que eu achava que deveria fazer. Os dias que penso em querer viver algo diferente me transportam ao que eu não posso entender. Mas não quero me doar ao sofrimento que consome os meus dias e passo a respirar melhor, mais calmo, mais serene. Quem sabe um futuro me faça vivenciar estas emoções, me faça consertar as maquinas quebradas, e doar o que de bom eu tenho mais ainda aos bons que à mereçam.

Minha vida à chance de viver.


Lobos


Não sinta a dor.
Por dentro não existe saída quando você mesmo se enforca. As palavras não são compreendidas, se perdem ao vento e dissolvem a realidade. Não acredito em milagres. Evolução ou involução.
As vezes gostaria de não pronunciar tanto esta palavra: "não". Mas como substituir o negativismo que cerca nossas vidas?

Seria perfeito se não existissem frustrações e se todos os caminhos levassem a gloria. Mas essa verdade não existe e então, me alimento, me consumo com o poder destrutivo da realidade. Como digo sempre, as vezes não gostaria de enxergar tão bem as profundezas obscuras das verdades, mas estou fadado a isto. Luto, porém ao despertar como com um punhal nas costas expressando um sinal de "não pare, não desista, veja, continue sentindo", eu volto a escrever.

Talvez isso passe despercebido por sua existência, talvez até pela minha, mas é inevitável o alívio que consome minha alma nestes momentos. Me desprende da dor, do que você jamais sentiu, do que vocês desconhecem. Grito seco, ardido, inflama e destrói sem explicacão. Uma presa de si mesmo, uma vítima sem condenação, um culpado sem crimes.

Creio que um dia eu escape desta tempestade eterna, passando por raios e ventos, tentando encontrar o caminho entre as pedras que esfolam meus passos. Creio em mim, espiando você e tentando não me notar. Percebam os detalhes, eu repito.
Sabio aqueles que vivem como ovelhas. Pelo menos, a morte é certa.


Sapato Preto I



Sob a luz da lua apenas o vulto suave de suas curvas contrastavam diante de seus olhos. E aquela visão sempre hipnotizava e agradava. E um dia aquela paisagem foi desdenhada, e não haviam pessoas que gostariam de estar ali, a não ser ele, que sempre brigou dizendo que as melhores momentos de sua vida, ele passaria contemplando aquele belo lugar. Em tempo claro e brilhante, em tempos nublados e tristes. Desejo.




A história real era assim:
"E por muito tempo, apoiando os braços nas grades que impediam a entrada, sonhava do lado de fora. Caminhava rente aos muros, tentando achar um espaço, um pequeno buraco capaz de faze-lo invadir este local e mesmo que ilegalmente, desfrutar de pelo menos um momento daquela maravilha. Mas não o fez. Não porque não achou espaço, sim, encontrou, mas por querer mais que apenas uma noite de invasão.

E pouco a pouco, com trabalho e persistência, por desistência de antigos "donos", a oportunidade de ter aquele belo local surgiu, e não foi disperdiçada. E ele nunca havia se encaixado tão bem como naquele momento. Nunca mais iria deixar escapar. Novas cercas, e atenção e cuidado totais. E dia após dia, esquecia de todo o resto para ter aqueles momentos eternizados. E conseguia o retorno, se sentia bem, se sentia seguro.

E a natureza retribuia "




Nos sonhos mais distantes tudo se contempla. Onde apenas quem está vivendo aquele momento se satisfaz. Ninguém capaz de entender. Proibido, mas perfeito, e não existe a culpa, não existe o impossivel. Impede os sentidos. E a construção da paisagem se torna irretocável. Sem arestas ou farpas.


E perdido em meio a multidão.
Olhos para esquerda. Olhos para direita.
Ponte.


Orvalho



Como são simples os detalhes das rosas. Naturais. Os contornos de suas pétalas, as formas suaves que contrastam com seus espinhos doloridos. Se abrem de tempos em tempos, mostram sua pureza, suavidade. Expressam a delicadeza e a dor de forma nua e crua.
E nós imitamos as rosas. Dias fechados e relutantes, sombrios e nebulosos, onde nada mais importa do que se trancar dentro de si. Respingar a chuva, esconder-se do sol, lutar contra o vento.
Castigada pelo tempo.
Dias em estado de graça. Abertas e reluzindo imponência, força, beleza e perfeição. Chamam a atenção de todos, adornam espaços, combinam com o mundo, transmitem sentimentos e conquistam sentimentos. Exalam o odor da volúpia e do instinto. Profundas beldades.

O mais incrível no entanto é saber que elas, as rosas, não se dão conta de todo este poder. Simplesmente são usadas. Dó das rosas, dó como vítimas das imperfeições humanas, choram por nós, riem por nós. Sequestradas pelo simples fato de serem perfeitas. Dó das rosas.

Quanto mais eu insisto em me calar, me vejo refém das palavras que conduzem meus dedos. Não acreditem nelas, eu desconfio delas, vejo pequenos espaços, e passo por eles sorrateiramente. Não confiem como eu não confio. Confuso como quase sempre. Não devo tocar dentro de ninguém.
E onde estão as rosas? E será que para elas eu seria perfeito? E porque falar de rosas? Para expor os espinhos. Aonde ele quer chegar? Perguntas, não respostas.

Botões fechados, inverno. Não procure por elas, elas se foram. Mais um tempestade, e a vida segue. Porque falamos de rosas Deus?


Flerte com a Insanidade



Pouco a pouco, dia após dia.
Como um vírus que consome seu corpo até os últimos suspiros de vida, sem trégua, sem parada. Sinto que minha mente se entrega a uma força que não consigo controlar. Algo que bloqueia ações, algo que destrói sensações, que destrói cada pedaço de esperança. Incontrolável por meios normais, impossível de ser parada, torce minha mente em um espiral de conflitos que poucos resistiriam.

Travar uma luta parece desigual e insano. Principalmente porque uma batalha não vence uma guerra, e guerra não são vencidas sozinho. E assim que me sinto. Pessoas que não enxergam fatalidades, que custam a acreditar em pequenos sinais, que revelam a fragilidade de uma mente conturbada, que clama por salvação. O que parece piada se torna sério a medida que tudo ao redor desaparece, chances, vitórias, conquistas, vida.

Por mais que pareça ser irreal, maquiando algo banal chamado por muitos como preguiça, ou algo do tipo, só quem vive esse buraco negro sente a força dessa doença psico. Como seu cérebro tirado de dentro de seu corpo e colocado em um cofre, uma caixa isolada e travada de onde não se consegue sair, nem em forma de pensamentos. Reflexos dentro de si, uma casa de espelhos, um labirinto de repetições dolorosas e torturantes.

Pelo menos ainda me rebelo contra essas angústias e transponho através de palavras os muros e rebeliões da minha mente, lutando por um fio de esperança, um segundo de paz. Cravo minhas frases em rocha, para toda a eternidade, para todo o sempre, mesmo que um dia, nem eu mesmo seja capaz de dizer que sonhei...

...que eu mesmo, tenha escrito isto aqui.


Cativeiro



Já com o corpo dolorido da noite passada, mesmo sem conseguir abrir os olhos. Deitado encolhido com frio e sem espaço para se esticar. Ele pensava que aquilo era um sonho, não entendia porque de tudo isto estar acontecendo justamente quando parecia estar tudo bem. Uma pequena luz clareava as sombras de um inferno, onde se ouviam vozes e ruidos, vento e chuva.

A dor aumentava, sem controle, uma ânsia crônica visitiva seu corpo sem perdão. Mal cheiro, as vezes era melhor não respirar. Uma após a outra, suas esperanças iam dissolvendo, como em um paredão de fuzilamento, sem trégua. Ele não sabia se seria o próximo. Novamente a dor protagonizava os fatos. Um gemido para aliviar. Gritos são proibidos, condenados, punidos. O sangue desistiu de escorrer de suas feridas, nem ele possui forças pra lutar.

Não existe nada mais mortal que a falta de perspectiva. E ela invadiu seu corpo naquele momento, se apoderou, tomou conta de sua alma e cortou todas as raízes. Olhava para os lados, mesma visão, a dias. Torturante.

Passos fora do local. Esperança, pensa ele. Por um segundo seu corpo renasce, seus olhos se arregalam esperando ver o que a meses não podia. Dentro das veias o sangue luta por espaço, revigorando. Olhar fixo em direção ao que se aproxima.
Luzes, passos rápidos, palavras misturadas, barulhos. A voz que estava a distância agora sussurra em seu ouvido. Um puxão em seu cabelo, um tapa, ódio e dor.
Instinto, seus olhos se fecham novamente, o transe contínuo volta com força total. Coma.

Mais do mesmo. Sem fim jamais.



Chamas


Sem inferno, ou céu.
Dia após dia o que se vive é a historia que preenche os espaços marcados. Não há perdão, segunda chance, subornos ou ressurreição. Cada marca no rosto é definitiva. Os olhos secam com a força das tempestades de areia, ardem ao toque, sufocam até matar. O que não pode ser evitado.

Quanto mais a alma entra em agonia, mais palavras perdidas são ditas e eternizadas. A razão se perde entre os labirintos de um mundo que ele não gostaria de enfrentar, mas está cravado ao seu redor. Nada daqui se levará, nada será lembrado quando os olhos pela última vez fecharem e a respiração dormir. Pronto, terminou.

Quantas sobras de vida passaram despercebidas e nada permaneceu. Histórias banais, momentos sem lembrança, pequenas gotas de um prazer forjado e maquiado. Não existia o pecado, a luxúria, o inferno, o céu. Seus dedos rasgavam a pele e seus gritos ecoavam por aquele quarto úmido e quente. Suor, suspiros e confissões. Maestro do olhar, conduz seu desejo como um assassino em série, preparado pelo tempo para nunca errar.

Nada de correto em seus atos, muito menos de errado. Os anjos comem e dormem, sangram e sofrem. Mais justo que isso, apenas acreditar em sua morte.

Anjos do inferno.
Demônios do céu.



Precipício



Sobre as montanhas que quase tocam o céu, os braços abertos como querendo abraçar o mundo. Do alto nada se torna impossível, nada se torna grande o suficiente para desaparecer com o brilho do sol que ilumina seu rosto. Para os lados nuvens, pássaros, e o horizonte.

Queria ele saber planar, se atirar do mais alto pico e flutuar sobre seus próprios medos. A doce sensação do poder. Queria um dia sentir o mundo como os pássaros. Com a simplicidade que maqueia o medo, com a falta do temer, com movimentos simples e perfeitos. Nada além dos braços novamente abertos.

Pés doloridos pela caminhada, por uma subida sem tréguas ou alívios. Passo a passo. Nem o suor arruma tempo para aparecer. A escalada sozinho é mortal e não permite pensar. Desistiria. Fome, cede, dor. Cede, dor, fome. Dor, fome, cede.

Olhos para o infinito. Dois passos, bem próximos. Mais um e ele transpõe uma barreira sem volta. Chora, treme, teme, e quase sucumbe ao desistir. Mas estava decidido a descobrir o que ninguem mais poderia lhe contar, o que ninguem nunca poderia lhe proporcionar....

Mais um passo, fim.


Luz branca


E por falar e ouvir sobre sonhos não posso deixar passar em branco.
Aqueles mesmos que cresciam desbravando horizontes sem medo do que viria a seguir, sem os temores da vida e seus buracos negros. Os sonhos que construi sem paredes, que fiz crescer sem limites, e transformei em fato.

E hoje em dias os sonhos ainda encravados em minha alma insistem em não morrer. Mesmo apanhando por horas, por dias, por anos. Resistem ao tempo e a seus vilões. Nada os consegue deter. Crianças crescidas, fortes como touros, desbravadores e irresponsáveis.
A vida nos persegue, sem dó, sem misericórdia. Caçam nossos sonhos como lobos famintos sob a luz do luar, sob a camuflagem da noite, se infiltrando, cercando, perseguindo.

Mas podemos vencer, podemos encarar os fatos de que vivemos nossos sonhos se quisermos sonhar. Medo da fantasia que nossas vidas instintivas nos trazem. De viver.

E de onde menos se imagina a perfeição, a surpresa transforma lobos em cordeiros.


Mesmo Sem Querer



Posso me calar, posso ser de verdade, como posso transpor paredes.
Posso querer caminhar, e as vezes correr, outras nem sempre me tiram do lugar.
Posso querer sorrir, agradando os seus olhos, e por dentro estar fechado.
Quando posso ser eu, você vem e me poda, corta os tendões que me sustentam em pé.
Poderia falar as palavras que maqueiam seu querer, mas posso levar a sério a verdade e por isso não dizer. Pois se o que diz fosse a verdade, estampava ela em meu peito.
Posso proibir que se mostrem escondidos, o que lhe conforta em teu quarto, mas isso ainda sim não te faz feliz.
Posso te ver, estar com você, e ainda assim não te sentir presente.
Posso ter forças pra perdoar, pra relevar seus deslizes, mesmo que eles ocorram em seguida novamente.
Quando posso ser eu, eu me vejo em meio as suas tréguas de fim de semana, e aos seus surtos espontâneos.
Poderia ficar sem dizer o que penso, mas este nunca foi meu estilo, expresso o que penso para aliviar meu interior.
Posso querer que você entenda as palavras. Mas não posso te ensinar a isto.
Posso pedir que se cale. Me conforta as vezes o silêncio.
Posso acreditar que faça isto sem pensar. Porém, que me tira do sério, não posso negar.

Quando nem um raio de luz transpor as barreiras. Poderemos não mais nos lembrar.


Marés...



Na brisa fria e suave que sopra do mar, ele encontra a paz para faze-lo refletir sorrateiramente, em meio a todas suas angústias. E ao longe ele avistava uma sombra que reluzia ao brilho da Lua, sobre a agua calma. E jamais imaginaria que a maré traria de volta aquela sereia que visitava seus sonhos. E seus olhos azuis mesclados ao brilho da noite, e seus cabelos negros brilhantes como cristal, tornava a fantasia realidade. E mesmo assim apenas de longe ela aparecia. Não deixando o calor do toque, o poder do olhar, transpor a barreira que separava terra e mar. Na serenidade da noite, com seus sons e temores, ele sentia a paz, enchendo seu peito, nada de dor, nada de gritos.
E a sereia sorria, admitindo o amor, a cumplicidade do que se sentia. Abria seus braços, e mergulhava, desaparecendo na escuridão silenciosa.
E por mais uma noite, ele por horas se via hipnotizado pela beleza do mar, e por seu poder de demonstrar o que palavras não alcançam. Se levantava, deixava marcas na areia, caminho a ser seguido.
Mas ela, a sereia, nunca sairia do mar...


Sim, espirito.



Porque falar de amor, senhor, é simples. Porque dizer as palavras mais que apenas palavras transformam nossas almas. E mais e mais eu confesso que é fácil comentar sobre seus desejos, e sobre suas angústias, e coloca-las no papel. Não tem segredo. Como não tem segredo o tocar, o olhar, o aproximar-se e encantar. Papel antigo, personagem marcado, final previsto.
Porque falar de amor, senhor, é simples. Mesmo que você insista em não aceitar o que lhe digo, ou o que possa ser verdade, o caminho das pedras eu decorei. Não duvide. Quantas vezes eu pensei em falar sobre algumas coisas que não transbordam dos meus gestos, dos meus olhos, dos meus sentimentos. Apenas estão ali, é fácil se perder entre os caminhos que eu traço em volta de mim mesmo. E se eu embriagar você com estas palavras, saiba que não é seu o primeiro porre.
E do fundo da minha alma eu posso tirar tudo que faça os olhos brilharem senhor, e você acha isso o máximo. Porque não me conhece. Mas faço você perceber com sutileza. Estendi os braços a qualquer pessoa que podia alcança-los, e talvez mais peso do que eu poderia segurar e aos poucos eu solto, dedo por dedo.
Mergulhamos juntos e dividimos nosso tão rarefeito ar, e os últimos suspiros vem de dentro pra fora, sempre. Feche os olhos e veja onde pode chegar, talvez você, e ele, e ela, entendam o que eu digo.



Trilha



E ainda procuro por ela, por onde estaria escondida e o que me faria entender se existe ou não. Pois a cada dia eu fico mais confuso ao tentar descobrir o que te aproxima, ou o que te deixa longe. Eu já lutei, eu já estive lado a lado com ela, ou pelo menos achei que estava. Mas novamente ela sumiu. Não entendo os motivos que me fazem viver desta forma, talvez se pudesse faze-lo, as frustrações seriam menores, e a busca terminaria.
Mas ela desaparece, como uma sombra ao cair da noite, como uma pedra atirada em um profundo lago, de incertezas. Não esta diante dos meus olhos, mesmo que me digam como vê-la, eu não acredito que saibam realmente encontrar. Me sinto cego.
E a vida dentro desse turbilhão de angústias é matadora, é sufocante e comprime todos os outros sentimentos. E nada se pode fazer, apenas o pulsar vindo do meu peito me mantém em pé. As cordas foram soltas.
Se ela existe, onde estará? Quais as pedras que devem ser tiradas para que a luz novamente mostre a saída desse abismo? Eu não sei as respostas, e talvez você não tenha as corretas para mim.
Eu registro a vontade de tê-la ao meu lado, as tentativas de mantê-la viva por esses anos e que sempre terminam sem resultado. E ninguém é culpado disto. E eu tenho muito a agradecer as pessoas as quais eu segui os passos, mas sozinho, no despertar em mais uma madrugada, não existe quem seguir.
Meus gritos novamente ecoam em silêncio dentro da minha mente. E dissolvem no vazio ao meu redor. E nada realmente poderá ser feito. Pois seus passos não podem mais ser seguidos, e as trilhas que antes eu achava que me levariam a um lugar de prazer, me trouxeram de novo ao ponto da dúvida, de onde estará você e como te encontrar. E isso me mata por dentro, dia após dia, ano após ano.
E a minha força diminui, toco as paredes com as pontas dos meus dedos. As mesmas paredes que antes, ao abrir os braços estavam tão longe que nem sequer eu podia avistá-las. Mas agora eu as sinto, frias, encostando em meu corpo, e se aproximando mais e mais.

E ainda procuro por ela, por onde estaria escondida e o que me faria entender se existe ou não.
Me mostre a trilha para felicidade, pois o caminho, eu perdi.


Fast Forward



Sim, cientificamente é impossivel alterar seu futuro, presente e obviamente, seu passado. Li a respeito disto hoje e basicamente fica dificil não acreditar. Como exemplo é comparado nossa vida a um filme fotográfico a ser revelado, tudo está ali, pronto, e a medida que vai se tornando real vai aparecendo. E podemos acreditar, porque não? Mesmo que você viajasse no tempo para tentar algo que mudaria seu futuro, isto também já estaria nos "seus planos" de destino.
Acredito em boas teorias com boas bases para o sim ou o não. Crer sem fundamento é hipocrita e irritante. E muitos fazem isso.
As vezes confundo minha mente querendo levar a sério que vc pode alterar seu destino, e infelizmente, ou, felizmente pra alguns, não podemos. Então vamos abrir a cabeça para outras formas de encarar a realidade.
O seu destino está escrito, o que vc fizer, faz, ou fez é exatamente o caminho que vc deveria tomar dentro do seu destino. Simples.
Portanto não cabe à mim lamentar tal estado de espirito ou situação financeira, amorosa, e sim tentar tirar o melhor proveito de cada uma delas, das piores as melhores.

Se meu filme não queimar, eu revelo o ultimo frame dessa vida sem nexo.

E se no seu filme está me torrar a paciência com algum comentário contrario, go ahead my friend!!!



Vermelho Doce


E os pequenos passos hoje valem mais que grandes saltos. Grão em grão, talvez enganando o destino ou quem sabe apenas o copiando. Mas o certo é que ele agora sentia-se bem, um pouco mais aliviado das dores que o seguiam por anos. Passos leves, soltos ao vento, que flutuavam seu corpo sobre tudo que antes o travava. Essa paz perturba, incomoda aos que não prestam atenção nele.
Mas o futuro ainda enrrosca em sua garganta sempre que seus olhos se abrem pela manhã.
Os gritos são em um vazio sombrio e por momento poético, e aos olhos dos outros, as palavras criam rotas sem fim. Não entendo outros escritores, e nem posso considerar-me escritor. Não leio, não faço das palavras que passam aos meus olhos fontes de inspiração. Renego os seus gritos, pois os meus vocês não ouvem.
Mesclo as idéias dentro do meu redemoinho de sensações, empolgando alguns que passam por aqui, deixando outros confusos e a maioria indiferente. Não temo isto. Não espero que aceitem o que não possam sentir, nem ao menos perceber.
Percebam o que ele lhe faz sentir...

Maldita mania de mordiscar os labios e faze-los sangrar, dói, e não consigo explicar.
Neste momento me pego assim, carnificina gratuita sem nexo.
Os nervos controlam o sentido, talvez isso seja uma forma de alivio.
Passo a lingua, o sabor do sangue é doce, e ao mesmo tempo impuro, martírio.
Preciso parar...



De costas para frente



Relembro o futuro e seus dias de glória.
E tudo aquilo que foi sonhado transbordava esperança e contagiava aqueles que o cercavam.
Idéias brilhantes, palavras fascinantes que criavam paixões e alimentavam seu ego.
Aquele futuro que passou realmente o fazia feliz.
Nada melhor que entender que ele se foi.
Hoje em dia seu futuro é uma ferida aberta que sangra seu passado. Uma marca na pele que não pode ser tirada. Mais do mesmo, dia após dia. Ele sabe o que plantou para colher seus frutos secos. Uma sentença de morte por financiamento, paga em suaves parcelas de anestesia e suborno. Ao seu redor, um mais um se torna zero. Onde haviam amigos hoje existem espaços.
É a celebração de um futuro escrito e pré-moldado. Para que sofrer então? Deixe ser inundado pelos fatos.
E então seus passos estão sendo copiados. Pisando em suas próprias pegadas. E onde isso o levaria? A tolerância sobre os fatos dopou seu corpo. Estático e inerte.
Uma prisão sem muros, sem gradas ou sequer obrigações de um detento. Uma prisão sem condicional, sem redução de pena ou saída por boa conduta.

Uma condenação à morte sem crimes.



Camisa de Força



Sentencio minha mente a loucura.
Ao desvio do certo e errado por onde perambulo a anos. Inverto os polos, penso como se não conseguisse distinguir mais as metáforas e momentos reais. Beiro ao abismo infinito da negligência dos fatos que batem no meu rosto. Onde eu vou parar? Permito que você, mente, não mais se desgaste com o que não pode entender, não mais sofra o pesar. Flutue ao ventos que te carregam a um destino sem fim conhecido, sem rotas ou paradas planejadas.
Transforme tudo em sorrisos, perdidos aos olhos de quem vê sem entender, mas que faz todo sentido a você, mente.
Viajamos juntos ao incerto, imperfeito e incompreendido.
Mente que carrega esse corpo dia após dia desgastado pelo tempo, descanse. Fuja dessa realidade.
Vamos caminhar pelos bosques criados por nós, sem espinhos nem buracos. Sem odor, sem escuridão. Nosso bosque é único e perfeitamente incompleto.

Levei minha mente a loucura, como anestesia à intolerância do que não mais tem saída.

Me vejo louco. Se a paz se atinge assim, me vejo louco.


Se eu não estivesse aqui.



Sabe o que eu descobri!!??

Que eu, e muito provavelmente você, atrapalha a vida de quem merece na Terra.

Mas eu sei que você vai achar mil motivos para me contrariar, então vou dizer por mim.

Eu me toquei que atrapalho a vida dos ricos. Aliás, todos os pobres atrapalham.

Imagina que se não existem os pobres não existiriam os carros populares, nem as malditas Cgs que infestam nossas ruas e avenidas. Não existiria o motoboy, nem os camelôs, o que pra mim já faria uma diferença enorme.

O mundo foi criado para os "bens de vida", para aqueles que podem desfrutar de suas belezas naturais, com uma escala aqui, outro mergulho acolá. Com um jantar em Paris, e um almoço em Dubai. Esse é o mundo que todos pediram a Deus porém alguns poucos podem desfrutar.

Então que raios fazemos nós aqui a não ser atrapalhar?

Eu já tenho consciência disso. Não vou mais ficar me lamentando pelo fim que me espera. E também não vou sonhar com vidas futuras onde eu seria o que não consegui ser nessa.

E não tem nada a ver com pessimismo ou falta de coragem e tals. Apenas parei pra entender porque falta tanto pra tantos...

Somos estorvos.

Por nossa causa o mundo está poluído, super-saturado de tudo, de consumo, de objetos, de cimento, de gente.

O mundo só com os ricos seria praticamente vazio. Espaço pra todo mundo. Olha que beleza.

É só isso. Tomem nota...


...se eu sou um vírus, vocês também são!