Tempo

Ate quando irei me entregar as desilusões?
Para onde eu miro meu rumo, o chão desaparece e novamente não existem pistas para felicidade.
O que o tempo mata, destrói, sucumbe, vira pó.
Palavras ao vento, largadas e soltas se misturam a dura e cruel realidade. O fracasso.
Não existe beleza, não aceito anjos que me querem bem. Este é o inferno, e eu vivo cada pedaço dele, sem direito a condicional.
Mais uma vez respiro e engulo seco, nocauteado pelas verdades implícitas, maquiadas de jargões, sorrisos programados e mentiras.
Luto pelo que não existe, por acreditar que mereço, por saber que deva existir, e descubro de novo que luto sozinho.
Mais uma vez, amputado prematuro. Sonhos abortados como que sem perdão, sem justificativa ou razão. Apenas eu preciso passar sempre e sempre por isso.
Eu não aguento mais.
Quero tirar de mim qualquer motivo que me leve a sonhar. Qualquer pequeno lampejo que me faça acreditar pra depois me foder, sem dó. Quero a abstinência da alma, sem volta, muda e surda, paralisada.
Me procuro onde não devo existir. Me crio em mundos onde não pertenço, e sou deletado. Espero quem me resgate da catástrofe real que passo e sinto dia após dia. Não quero mudanças, quero a simplicidade da adaptação à mim, por mim, de alguém.

Por enquanto, nada me faz feliz.