Pelas Mãos

Eu continuo a espera. Talvez de algo que eu não descubra o que seja, talvez olhando fixo ao horizonte, enxergando um lapso de esperança, mas o que eu aguardo? Eu me perdi.
É uma tragédia, uma bela tragédia. Onde não existem vilões, heróis, eu me encontro nas ilusões dentro de mim. Nas vozes que jamais se calam.
A luta para continuar me prende, mesmo eu tendo desistido de olhar seu mundo, de acreditar em suas palavras, eu me guio em transe pelo tempo. Imploro por uma solução para um problema desconhecido.
Uma exposição de belas peças, um desfile de dor, sarcástico, impróprio. Eu gostaria de perder totalmente a razão. Do dia pra noite. Ou forças para desistir. Forças para desistir.
Um destino dilacerante, aonde eu devo ir? Eu quero as respostas desse universo frio e mudo. Eu quero as pessoas que me confortam. Eu quero ver apenas o que for sincero. Quero deixar de ser maltratado por estar vivo.
O ódio que me consome deveria me matar, mas porque não o faz? A intolerância me isola da vida, mas porque não me tira dela? Eu quero o fim, eu sempre procuro por ele. Porque me mantém aqui. Penitencias.
Minhas ultimas fichas foram lançadas, eu devo acertar, eu espero acertar. Caso contrario, terminamos o jogo, terminamos a bela tragédia que me colocaram dentro. Eu quero o perdão, o meu próprio perdão.
É como se tudo estivesse do avesso. Cabeças para baixo. Sangue seco. Respiração forçada. Não alcanço os nós, não respiro aqui dentro.
Porque você lê aquilo que escrevo? Porque você absorve as doenças que vivo? Eu não sou digno dos seus olhos, das suas crenças, seus idéias. Sou o exemplo da desordem que vivemos. Sou a ferida que sempre vai estar aberta e infeccionada. Não há cura.
Cheio de palavras bonitas, imagens bonitas, atitudes bonitas. A farsa, a mentira, a inveja, o rancor. Seus espinhos me ferem, e eu nunca revido. Eu me lembro sempre de tudo. De tudo.
Eu preciso jogar fora minha pele, minha alma, minha consciência. Eu preciso desfazer um quebra-cabeças circular. Um labirinto onde vago a anos, e de onde suas soluções não me salvam.
Eu não tenho nada mais a oferecer. Eu não tenho nada a mais para ser. Eu vivo da leviandade, da traição de princípios, eu sou a vitoria da vida matando os sonhos, o espelho da realidade sepultado os sonhos. Eu acredito.
Saia daqui! Deixe-me a espera de um sangramento. Sentir o gosto do ferro, o amargo da perda. Deixe-me partir. Por favor.