Vingança

Essa sensação de inconformismo. Esse desejo de não aceitar e o ódio por ter acreditado. Hoje sinto o peso do mundo em meu peito, o amargo no engolir seco e incrédulo pela perda. Hoje a noite atravessa diante de meus olhos, me puxando a realidade e me jogando de novo ao limbo.
Outrora acreditei que poderia encontrar a paz renascendo, que poderia estender novamente a mão que seria levado mesmo que por momentos para longe daqui, mas agora vejo que a mão que me acolhia era a da vingança. Eu estou inconformado. Por não poder ter aquilo que acredito, pois não sei ser o vilão, não consigo. Eu fui um tolo.
Como um castelo de areia que sucumbe por ser fraco, diante da majestade de suas formas, ele cai. Me sinto fraco, traído, usado e atirado aos lobos. Não consigo sentir apenas raiva, o que me domina é a tristeza, é a luta para entender onde foi que eu errei.
Eu busquei ser simples, transformando o impossível em real, concertando erros que cometi, sentei no banco dos réus e aceitei minha pena, e me curei. Voltei e tentei perfazer, e hoje eu estou de joelhos, derrotado. E esta é a derrota que dói, aquela que leva junto com ela um pedaço seu, e deixa uma ferida, que hoje sangra mais que tudo.
Não quero fechar os olhos, pois sei que tudo sumirá, sei que as pedras foram jogadas em um caminho e bloquearam a volta, eu não volto. Frieza, meticulosa, sádica, assassina sem piedade, por um único motivo, vingança. Ela trás o êxtase do momento e o arrependimento final, aquele quando ninguém vê.
Minha noite em claro me maltrata, me pune mais uma vez, qual é a lição? O que devo aprender agora? Nada sobrevive ao meu lado, nada sobrevive ao meu lado.
O que você criou é mal, é maldoso e cruel. Eu não desejo a ninguém e não quero mais isso. Você teve sua chance, eu aceitei que fosse fácil, mas e você?
Hoje eu dormi pensando que amanha já esqueci.