Pulsante

Meu coração guia meus passos, desgovernado e súbito, insano e feroz. Dita os beijos que sinto, as paixões que suspiro, as alegrias que me fazem sorrir e as incertezas da vida. Me leva por esta montanha russa de sentimentos, brinca comigo sem que eu permita ou tenha chances de fugir.
Meu coração me fez refém para sempre, de suas vontades. Palpita a mais pura sedução e se recusa a amar. Congela-se, se tranca e joga a chave fora, e diz que ninguém mais entra.
Bate na minha cara me fazendo relembrar, não quer esquecer, não desiste de tentar. Me subjuga e me testa, me desafia e me trai.
Meu coração é livre de mim, me larga em meio a conflitos e some, não se decide nem deixa eu tomar as decisões. Das vezes que tentei deixa-lo de fora, errei.
Mal criado e rebelde, sua única forma de chamar atenção é me deixando triste, e isto ele faz bem. E as vezes ele não me deixa em paz. E isto é quase sempre. E o que eu posso fazer?
Meu coração vive uma história sem fim, ele nunca para ou desiste, seus pulsos são seu ar, e quando ele parar, ele para por mim, e decide naquele instante que chegou a hora de descansar. Não há nada a fazer.
Quando eu esqueço ele se lembra, quando eu me acalmo ele entra em parafuso, me toma a alma.
Meu coração vive de memórias, jamais descansa e jamais me deixa caminhar sem consulta-lo. Caímos juntos e levantamos juntos, e isso será eterno.
Meu coração é meu companheiro, cúmplice, conselheiro. Meu vigia nas cagadas, meu paizão, que puxa minha orelha e me põe nos trilhos. Um irmão mais velho que ensina os valores sem precisar dizer uma palavra.
Não aceita a traição, a deslealdade, e não tolera que o machuquem.
Meu coração machucado, hoje é cruel com aqueles que o ferem. Eu não tiro a sua razão.
Dele eu tiro as forças, as palavras que deixo aqui, os passos que marco, dos pulsos que sinto sempre que fecho os olhos.
Meu coração é bravo e forte, imponente a tal ponto que me dói o peito pensar que o carrego comigo.