Cela

Triste quando muitos pagam pelo erro de poucos. Hoje separamos as verdades e guardamos em outro lugar. Tiramos os sorrisos, o gênio forte, a compreensão pelo que é certo e por tudo que se acredita, e escondemos longe de qualquer doença.
Fechamos uma porta, um caminho para aqueles que um dia tiveram a chance de entender um pouco mais, de acreditar um pouco mais, só que foram incapazes de aceitar.
E hoje por mais estranho que pareça eu me sinto ainda mais só. Como se não bastassem as feridas abertas por todos aqueles próximos. Como se não bastasse todo o mal que a distancia e o abandono me trás, eu precisei fechar ainda mais as entradas pra minha vida.
Talvez eu esteja sendo egoísta demais, ou talvez eu esteja fazendo o certo. Me resguardando, me precavendo de transformar o que é único em algo banal, pela simples ignorância alheia. Mas é preciso sumir.
É preciso mostrar que o silencio é mais doloroso que palavras. Que o desprezo fere mais que a critica. E que não importa se você é sarcástico ou maldoso, se houver verdade, existe você.
Hoje aqueles que me conhecem ficaram do lado de fora com todos os que queriam entrar, como eu disse, todos pagam pelo erro de poucos. Infelizmente.
Talvez um dia volte a tona aquele prazer de se fazer presente, aquela vontade de gritar ao mundo que existo, que faço parte de um pequeno grupo que não se dobrou as falhas e lutou para ser verdadeiro, mas que neste momento percebeu que não vale a pena.
Este vazio que resta, reflexo da raiva, da indignação de tudo e por todos, é torturante, é maldoso e machuca forte. Estes muros invisíveis que cercam minha alma, sufocam tanto que esmagam meu peito, e você não consegue sequer respirar.
É difícil calar uma força tão grande, ninguém é capaz, a não ser você mesmo. Mas isso te faz carrasco da sua própria vida, te transforma na condenação e sentença, pois agora, ninguém estende uma mão, agora todos se viram e aplaudem. Eu tenho ódio.
É mais uma das facetas da vida. Mais um alerta para que eu enxergue a saída de tudo que me faz mal, renasça, rescreva uma história que esta sendo apagada e borrada por personagens que não pertencem a ela. E mais um adendo de que permanecer enterrado nessa fossa podre e fétida, vai me contaminar ate a morte.
Hoje as portas estão fechadas e as janelas nada mais fazem que refletir a escuridão de dentro de mim.

Eu parti.