Incertezas

Tenho a certeza do incerto. Que ele faz parte de mim e que me atormenta, me tira o sono e me faz sofrer. Mas nem tudo são dores. Há o que celebrar.
Tenho a certeza do incerto, mas sei que ele me abre os olhos, transforma desejo em coragem, empurrão em passos largos, desafios.
Tenho gana por seguir meu caminho, desconhecido, turbulento, sofrido, e ao mesmo tempo desafiador, desbravante, revelador e satisfatório.

Não sei ao certo onde chegar, não tenho metas a não ser uma só: paz. Não sou tão destemido quanto gostaria mas estou muito aquém do que imaginei um dia poder ser. A minha única certeza é de que um dia terei historias pra contar. Boas ou ruins, triste ou alegres, mas na essência da verdade, a mais pura e vívida verdade.
De peito aberto e passos largos ao muitas vezes desconhecido. O futuro é sempre o próximo segundo, e mais um segredo se revela. Eu tenho isso dentro de mim, como uma incessante sede.
Se errar for necessário, errar é aprender. Vivo aprendendo. E não aceito o talvez como meta, ou como trava para minha vida. Caminho hoje para chegar onde não poderei chegar amanha. Mantendo a mente livre das amarras que tentam impor. Raro aqueles que não sucumbem a lavagem cerebral.

O tempo levou muitas coisas, uma corrente de vento suave e constante, degradando alicerces de amor ou ódio, dissolvendo, crucificando. Laços cada dia mais apertados, poucas pessoas, poucas de verdade.

Diga não ao talvez, diga sim ao sim, desprenda-se para aprender. Eu prefiro os sentimentos à flor da pele. E se morrer que morra de prazer. E se vencer que vença com prazer. E méritos.

Anseio por primaveras calmas e prósperas, cheias de vida e cor, calmas como reluzentes tardes ao por do sol. Olhando para trás como um passado fictício que maltratou minha face, mas não sepultou a alma. Enquanto eu tiver forças, quaisquer que sejam, eu caminho.

Hoje a espera é tortuosa, a harmonia em boa parte se foi, e impera o descaso. Ao meu redor pequenos pontos luminosos em um universo escuro e silencioso, de pessoas sem alma. Procuro enxergar estes pequenos pontos, meu foco.
Me entristece a realidade de falsas promessas, de falsas familias, de descaso. Hoje eu sou refém de algumas convicções e testemunha do fracasso das mesmas. Vivemos por nós, tudo em volta é secundário. Experiencia própria.
Não anseio pelo reconhecimento mais. Não aguardo por afagos, carinhos ou abraços. Feridas doem, cicatrizam e deixam marcas para nunca esquecermos. Mesmo fechadas elas guardam lembranças. E eu não abdico de lembrar. Agora sou incapaz de perdoar.

Um dia o hoje se transformará em ontem, e virará passado. Um dia posso relembrar e sorrir, ou me pegar em prantos. Um dia talvez me assole o arrependimento por ser marrudo, ou me encha de orgulho por ter enfrentado o revés. Sei que passarei por todos esses dias, pois aceitei cada um deles.

Quando tudo terminar, a certeza de que não faltarão historias.