Lembra-se?

É melancólico. E como toda forma melancólica remete a uma tristeza aguda. Daquele tipo que deixando-se levar te prende lá embaixo, no fundo do poço.
Onde existia alegria, que outrora parecia ser infinita, deu lugar a amargos momentos que desejamos que terminem rápido.

Infelizmente chegamos ao fim.

Enquanto se ouve lá fora reflexos de harmonia, amor, união, verdades, o que ouço é um denunciante silêncio, cúmplice de todas nossas falhas. Reféns uns dos outros.

Não há lágrimas, não há vontades de reatar, não há importância ou sentimento que à traga de volta. Não há questão. De ser, estar, existir, louvar.

Todo este jardim já foi muito mais que apenas estes galhos forrados de espinhos pontiagudos. Ele prosperava em vida e cor, em conjunto e junção de todas as mais belas flores e cores. Hoje só espinhos pontiagudos.

Talvez não haja um culpado só. Talvez todas as circunstâncias dos caminhos que cada um de nós vivemos, se perderam em algum momento da história, pra nunca mais se encontrar. Retas e curvas que se afastam, se afastam e se afastam. Todos somos culpados.

Quando abdiquei das minhas tentativas de manter tudo harmonioso, quando deixei que as rédias da historia fossem tomadas pelo destino e seguidas, ele mostrou a desigualdade da qual eramos cegos. Palavras que cravam no coração jamais param de pulsar.

Aqui jaz um dia de boas histórias, de representação verdadeira de amor, de alegria nos olhos e no peito. Dói, dói de verdade, mas ao mesmo tempo te ensina, te caleja, te amarga e protege de passar por tudo isso de novo.

Eu gostava sim, achava sim, vivia sim, achando que seria tão real pra eles quanto era pra mim.

Mas hoje em dia que o passado se trancou em baús sem travas, adormece no peito até entrar em um profundo e solitário coma.

Lá fora os sorrisos se mesclam, enquanto que aqui a serenata embala nossa tragédia.

Pena.