Cavalo Selvagem

O silêncio que escuto aqui fora não foi capaz de me manter quieto. Desperto um pouco assustado, mente inquieta, arisca, me cutucando à pensar. Ela sabe meus receios, anseios. As vezes me toma como refém, conduzindo-me por entre essas longas noites de buscas.
Nao a culpo, entendo, não é fácil permanecer indiferente diante mais um grande passo, um salto vislumbrando a tão sonhada paz.

Nao há dúvidas. Há temores. Não medos. Temo pelo surpresa indesejável, por atritos e desvios de rota que não me agradem. Por ser mais uma vez impedido de alcançar, me derrubando aos poucos diante as barreiras.

É uma vida flambada à riscos, não há dúvidas disso. Mas a força da necessidade que me faz caminhar, me pega e me empurra. Eu não devo desistir. Eu não vou desistir.

Peço somente, para quem for, ou apenas desejo, que não me atinja novamente com um golpe tão duro quanto o vivido há poucos meses. Eu sinceramente não serei capaz de suportar.

Abra as portas, eu estou atravessando-as, e espero de uma vez por todas que elas me tragam paz, na pureza e simplicidade da concepção da mesma.

Deixo um pouco de mim pra trás, algumas feridas expostas, porém muitas delas fechadas e quase cicatrizadas. É um processo lento e doloroso, mas que entendi que devo passar e tirar as lições de cada um deles.

Ouço de dentro do meu peito esse pulsar, como escritas em braile, uma mensagem sem palavras que só de senti-la já me passa o recado: se bate, te faz vivo, se está vivo, VIVA.

Como eu citei ao começar, não é possível transparecer indiferença diante de tais mudanças. Perfeitamente normal, acredito.
Hoje, esta angústia que outrora me segurava como quem segura rédias impostas à um cavalo selvagem, me fazia parar. Hoje ela me ensina a cavalgar com cautela, mas nunca parar de seguir em frente.

Me dê o mínimo para manter-me em pé, é o que preciso. O suficiente que me permita autonomia de viver capaz de criar novas metas, realizar mais sonhos, almejar mais vitórias, e consequentemente vencer.
Deixe do mais por conta das minhas escolhas e renúncias, que eu aprenda e me cure, que eu sofra ou sinta o sabor das alegrias.

Loucos são aqueles que me acham louco, sem o gosto de um dia poder ter perdido ou vencido por tentar realmente ser real.

Vou galopar.