A Morte Da Esperança

As vezes me pego sem saída, resolvo começar a escrever mais um pouco, deixar registrado aqui fora o que está se passando aqui dentro, mas a mensagem não vem. As vezes não vem.
São seis anos que ponho aqui cada pergunta que não sai da minha mente, que me atormenta dia após dia, me tirando o sono, me trazendo sensações ruins, pois não encontrei ainda as respostas. Hoje já duvido que hajam.
Em todos estes anos, pessoas passaram por mim, algumas me trouxeram profunda alegria em certo momento, mas depois uma tremenda decepção. Talvez seja eu me decepcionando comigo.
O fato é que o circulo vicioso não terminou. Me parece as vezes como um labirinto sem saída, onde vou viver toda a vida correndo e procurando uma saída e ela não está lá, porque simplesmente o meu destino é permanecer assim, aqui, dentro deste labirinto sem escapatória.
Cada texto que eu deixo aqui é parte desse labirinto. Um local novo que achei, que não conhecia, e que depois que descubro é imortalizado em palavras. Um dia, haverá alguém que junte todas essas peças e enxergue a razão, e talvez, a saída que eu na minha vida não achei.
Recentemente, eu saí fora de mais uma parte desse emaranhado, foi rápido e muito intenso, e como toda intensidade merece, doloroso e sequelar no final.
"Voei" sobre esta parte do caminho e já estou em outra, tateando, observando, sentindo, tentando descobrir onde ela vai me levar, e as pessoas que vão fazer parte dessa etapa, mesmo tendo quase absoluta certeza do fim disso tudo também.
Hoje, sinceramente, eu estou inclinado a desistir das respostas e simplesmente observar até aonde e até quando irei resistir. Quanto tempo da minha vida eu vou ainda aguentar os tombos sem perder a sanidade mental e posteriormente, a sanidade física. É fato que quando a mente sucumbe, o corpo padece.
Haverá um tempo em que eu não terei mais forças motoras pra lutar, nem sequer registrar o que penso, o que sinto. Não terei forças pra me manter independente, e não vejo muitos que estarão próximos à mim quando isto ocorrer para que eu sobreviva.
Já passaram de duzentas peças aqui, neste seis anos. Se você observar bem, ano após ano elas vêm diminuindo, gradativamente, homeopaticamente.
Quando isto aconteceu, e eu também notei, por um momento acreditei que a razão disto era que eu havia encontrado algumas respostas, e que minhas angustias, devido a isto, estavam diminuindo, e logo a necessidade de eu registrar uma parte dela aqui era menor. Mas hoje vejo que não.
O que isto realmente representa é a degradação gradativa pura e simplesmente. É a perda da esperança, da vontade de externar por saber que não encontro as respostas, e que cada vez menos, acho novas partes desse emaranhado, e por isso os textos estão ano após ano, se esvaindo. É a morte da esperança.
O que escrevo aqui hoje não é tão poético quanto deveria ser, fica mais como um registro da fatalidade singular que vivo, e que praticamente ninguém irá se dar conta. Praticamente ninguém.
Eu guardo sinceramente, esperançosamente, que depois que meu caminho terminar, alguém seja capaz de pegar tudo isso, juntar e analisar. Pode ser que se feito isso sem a ordem cronológica, sem se limitar a seguir o tempo, alguma resposta apareça. Eu não saberei, mas de onde estiver estarei grato. Esta é uma das pequenas esperanças que carrego, e por isso que ainda alimento isto aqui com meus tombos.
Neste sexto ano, que está ainda no começo, continuo caminhando, é verdade. Me levantei de mais uma catastrófica queda e estou seguindo em frente. Um pouco mais atrevido que antes, curioso pelo que vai acontecer. Novamente passos diante o desconhecido, mas já estou dentro dessa nova seção.
Me estendi além do normal desta vez, me peguei sentindo esta necessidade, de tirar cada palavra que havia aqui e deixar imortalizada.
Estes são meus pensamentos hoje.