Término

2015, que você fique pra trás. Que leve consigo lembranças que não precisam ser lembradas, e deixe que eu colha os frutos do hoje, amanhã.
Você me ensinou que não existe perfeição. Que saltos muito altos podem ser catastróficos. Que não existe amor onde não existe verdade. Que amor de pai, de mãe, de família, é pra sempre. Seja da forma que for. Que na vida arriscar nem sempre é vencer, e que nada se constrói sem base, força, sinceridade e complacência. 
2015, você provou pra mim que posso lutar, posso vencer, posso perder. Que resisto as mais duras pancadas, as maiores rasteiras, e por mais que eu derrame lágrimas de frustração, amanhã é um outro dia. 
Você começou me destruindo, me arrancando do peito toda esperança, e todo orgulho. Me pôs no chão. Me bateu na cara. Me mostrou que é preciso sim história pra se fazer história. Que pessoas mentem, iludem. São frias e egoístas, e que eu não deveria ser precipitado, ou devo?
Porque essa mesma "afobação" fez você me mostrar um novo caminho. Pode ser que já estivesse ali, e eu cheguei à ele, por vias conturbadas e confusas, mas cheguei. 
2015, você foi maluco demais. Me tirou de casa, me mandou pra longe, me envelheceu. Me mostrou nuances que eu evitava ver, pontes que eu contornava sem passar, e me amadureceu.
Depois me trouxe uma pessoa maravilhosa, lutadora, guerreira, maltratada pela vida e suas armadilhas. Me fez responsável por ela. Que eu lute junto, batalhe, sofra e por fim seja feliz. Mostrou que é possível preencher o coração vazio muito rápido quando se tem um sentimento sincero e verdadeiro. Me fez apostar e eu apostei. Sem arrependimentos. E ela é hoje uma das razões do meu viver. 
Você me fez aprender a construir à dois. Me mostrou que ser homem é realmente difícil, e eu sempre havia tentado evitar, me mantendo garoto. Me obrigou a mudar, a entender, a compreender, e a principalmente ceder. Deixar pra trás o que não é relevante à felicidade.
2015, bateu forte, e ainda está batendo. Nos testando, pregando dolorosas adagas em nossa esperança, mas não nos matando. Transformando este ano em um ano de provações pontuais. De você tiraremos lições valiosas pro que vem pela frente. Você foi cruel, mas sagaz. Um pai que bate querendo ensinar. E ensinou.
Que tu fiques pra trás, pois eu, nós, não podemos apaga-lo de nossas vidas, mas podemos te-lo como referência, de certo, de errado, de mentiras e verdades. Exemplo.
Quando você se for, não direi até logo, saudades, ou sinto muito, direi ADEUS. 
E que eu inicie 2016 cicatrizando suas feridas e construindo por sobre sua base. 

Você terminou, eu comecei.