O Sul


De onde os ventos sopram forte. Agressivos e impetuosos. Machucam inocentemente, como um felino sorrateiro, leoa, loba, pantera reluzente como luz, branca sem marcas. Por onde passam, metidos, forasteiros que dizem saber mais que você, brilhante mente, que deduz as mais simples situações, que machuca ao rir, um riso real, sabotando a fragilidade de meros mortais.

E não escapo se encontro o Sul. Prende, fascina por suas paisagens e formas, cores e sons, desperta o prazer. De onde vêm tamanha força, inicio das marés, que inundam e afogam os desavisados. Me destrua se podes, sem toques, sem força bruta, olhos de pantera, matadora. Leve e livre sobre seus saltos, coragem a mostra, rasga a paixão.

Das rosas que circulam por seus contornos, cores vivas, do lado de cá não percebes a violência que causas. Ponto. Me toma as palavras, me tira o constrangimento e me devolve a inspiração, mas me toma as palavras. E se viva se faz, que corra o sangue quente e vulgar, perverso e dengoso, e no fim, murmuros. As  vezes te confundo, não?

Metáforas não lhe agradam, pasmem, Sul, vigor e viril, e metáforas te assustam. Loucos aqueles que não se despertam ao vê-la, de louco não tenho nada, rijo e forte, tu me tens assim. A verdade é discreta, como  foram de sutilezas feitas estas palavras, que não dizem o que lhe possa entender, mas que conseguem saciar a sede por muito tempo.

Sul, assusta-se. Mas não explorei seus desvaneios, nem suas fraquesas, nem de perto seu eu. Lugar bonito que prende quem passa, sequestro sem abuso, cativeiro prazeiroso e eterno.
Quero do encanto que me fascina ser escravo, se rir, saberás que podes.
Quero do encanto que me fascina ser escravo, se chorar, saberás que é verdadeiramente, mulher.