Passos

Os ventos sopram sem fim. Tocam a pele, seduzem com delicadeza. Trazem o frio, sinais de tempestade. Alimentam os medos que nos fazem se esconder. Traz a chuva que alimenta a vida e suas mudanças, e estas estão a caminho, como um vento que sopra devagar, mas constante, sinal de tempestade, sinal de turbilhão de sentimentos.
Desafios sem medo, etapas sem fim. Vitórias que com o tempo são esquecidas, alimentadas por derrotas que  ressurgem sempre e sempre para rasgar a alma. E os ventos nunca param de soprar.

Quero sentir a força da paz. Os caminhos que nos ensinam a chegar a este ponto. Quero sentir o pequeno momento que vale por anos. Transpõe os estilhaços que decoram meu caminho. Espírito calmo e serene.
Não desejo mais a luta, a ganância que corrompe à todos, que limita a pureza de ser simplesmente humano. Procuro entender o que me é mostrado, e de dentro do meu mundo, livre, sinto os ventos que não param.

Loucos varridos que tropeçam em seus pequenos frascos de rancor. Menino mal, vingativo, não merece perdão. Incorreto é pouco para classificar tais pessoas, mas nada me transpõe. Seus dedos não me tocam, seus sons não penetram meus ouvidos, suas facas não me provocam feridas. Força.

E por meio as tempestades lá estão aqueles que estendem os braços. Mãos limpas e firmes para o mais forte apoio. E estes são diamantes, reluzentes e puros. Sem valor comercial. Sem venda, sem reposição.

Parto pra mais uma travessia, neste deserto de vida, nesta multidão de gritos mudos. De onde não saio, e de onde eu não posso ficar.

Ventos...