Teatro

Das cortinas que se abrem, duas almas, dois corpos, que sucumbem ao desejo mais insano, o amor. Seus braços se juntam, e suas lembranças ficaram esquecidas a partir do momento que nada mais importava a não ser ela, seu toque, seu inocente jeito de dizer sim.
Palavras nunca antes ditas, as lágrimas secas e seus cabelos embaraçados ao toque. A felicidade arranca de dentro toda a dor, e transforma em combustível para sorrir, para acreditar. As noites que se tornaram infinitas por não desejar dormir ao seu lado, apenas contemplando como é belo ser sincero, ser puro e potencialmente verdadeiro. E eles se sentiam como adolescentes em sua primeira noite juntos, os primeiros toques e arrepios, ao lado um do outro, trancados em um unico universo, onde os sentimentos ditam as regras, e a plateia é formada por sonhos, dos mais belos.
E não existe como esquecer, enquanto as horas passam, enquanto os dias carregam a saudade por si só, transformada em angústia das horas que não passam, relembram os momentos que vivem juntos, seu cheiro presente ainda arrepia, as marcas da noite passada ainda vestem seu corpo, e o mais puro desejo conserva-se intacto, a espera de recomeçar, no cair da noite.
Cortinas abertas, do palco onde reluz a beleza que não precisa pedir pra entrar, da harmonia que não força passagem, dos pequenos atos de um conto poético.

"Eu não sinto o que deveria omitir, me faço refém como de praxe, inundado de louvores, cego de esperança, mantenho firme os pés no chão enquanto a alma passeia por paraísos distantes, enquanto o céu e o universo conspiram para mais um sonho, um lugar onde descansar as cicatrizes. Eu levanto os braços, sinto o silêncio que me abraça, me levando a locais onde ninguém conhece. Rasgo os padrões, invento mil regras, quebro duas mil, e permaneço obcecado, petrificado, por sentir. Tão e somente sentir."

E para sempre não consegue expressar o tempo que ela quer que isso dure, e eternamente não representa o que ele deseja mais que tudo. E juntos vivem sobre este palco, contracenando, sob as luzes e brilhos de um conto de fadas, de um conto de histórias que se cruzam, verdadeiras e secretas, como o final ainda não revelado, talvez ainda não escrito.

Continua...