Eu amo

Assim, da forma que você não vê, do jeito que você não gosta, do gosto amargo de um amor em vão, do sabor doce de um amor varrido, da mentira de um amor de semanas, da pureza de um amor adolescente, eu amo.
Eu amo odiar, da forma que odeio o que critico, da maneira que odeio o que não me pertence, do poder de odiar aquilo que me mata.
E sim eu amo ser assim, sem nexo as vezes, sem clichês que envergonhem meu ego, amo ser rasgado, de palavras afiadas, de conclusões sombrias e desilusões entaladas.
Eu amo sem ser do seu jeito, daquela forma sem sal, pequenos suspiros que se vão, de amor de fim de semana, de passeios no parque, sorvete na testa.
Eu amo seu amor, insuportável e inacreditável, inseguro e inquieto, indefinido e doentio, salgado como mel, doce como pimenta.
Amor que você deduz que sinto, que jura que me cativa, que acredita que me faz crer, que sabe se realmente amo. O amor que eu amo é só meu, forjado a porrada, a tapas na cara e gritos histéricos, é o amor que você não vê. E me diz pra me soltar, pra amar sem remorso, do lado seu, que nem me conhece e me julga, um amante. Amante do amor que corrompe seus gestos, arrepia seus pelos e molha seu corpo.
Esse tal amor, que lança suas flechas aleatoriamente, sem pedir por favor ou dizer obrigado, quando esse amor acerta.
Mas eu amo assim mesmo, seco e rústico, amor surrado que não representa o seu amor nem em dias que amamos juntos, amor impar sem par, do lado da poesia amante do poema, esse amor.

Não tenho traumas do amor menina, tenho calos, e eles me protegem do seu amor, que ainda nem nasceu, pra me fazer amar.