Harmonia

Em pequenos gestos, em concordar com o que só nós concordamos, de chorar nossas lágrimas, de secarmos nossos rostos com beijos, das noites onde você não está, do lado de cá, pra onde eu te trago e te afago, e as vezes eu faço você chorar, e tantas outras vezes sorrir, e rir.
E nas manhãs onde eu me levanto e deixo você ir, sinto-me perdido, sem forças pra querer, pois sem ti não quero nada, alem de esperar para poder ter os capítulos repetidos dos nossos melhores momentos, dos nossos melhores dias.
E tão harmonioso são eles que me esqueço dos pecados que cometi, dos erros que criei, e das estradas que caminhei descalço, feridas nos pés, bolhas de tanto tentar alcançar algo que muitas vezes esteve tão perto.
E em cada beijo que sentimos, harmoniosamente, nos encaixamos mais e mais, como nós que se travam. Simples, simples, simples, simples!
Como estas palavras que se tornam repetitivas e instintivas, como o girassol que procura por um brilho todas os dias, eu procuro por seu conforto, seu dengo em sussurros, seu calor em brasa, como fera que procura sua presa. Não desisto.
Dos sons mais puros que escuto, reluz o acorde que me lembra você, motiva cantar e criar universos dentro de histórias. Eu não me contenho sem deixar essas palavras vivas, lapidadas em flor, forjadas a espinho. Sempre.
Harmonia, suspiros sem razão, sementes de esperança que foram jogadas neste campo a espera do desabrochar, de um novo começo.
A solidão que me cobre as vezes me conforta e me traz os pequenos detalhes aflora, me faz enxergar onde ninguém vê. Minha fonte de confissões, que me denuncia em meio aos risos de desconfiança, e em meio as invejas sobre o que não se pode explicar.
Leve e solto, livre e louco.
E se eu pudesse descrever para Deus o que ninguém conseguiu entender, ele me calaria.