Suspiro

Quando faltarem as palavras, talvez eu esteja em silencio. Um pequeno instante fora das angustias ou dores, um pequeno suspiro dentro de uma câmara de lamentos. Mas nada se extingue.
As vezes, nas madrugadas, desperto entre suspiros e dor, seguro os gritos que ecoam dentro de meu peito na certeza de que ninguém jamais os ouvirão. Eu talvez nunca estarei completo, pois as peças deste quebra-cabeça se perderam no tempo, se foram, deixando lacunas que jamais serão preenchidas corretamente. Mesmo que eu me sinta em paz perante seus olhos, necessito da sua segurança, que enxergue dentro das menores frestas, eu vou continuar sangrando.
Não compreendo mais os sorrisos, as lagrimas secas que saem sem pena, os gestos que não correspondem as verdades, onde eu vou parar? Recluso.
Minhas palavras realmente as vezes faltam por falta de esperança. Vocês, incapazes de ultrapassarem seus casulos, pequenos mundos ocos, nada mais fazem alem de tentar anestesiar angustias que não podem admitir. Suas dores não sanam, e pior, não podem gritar.
Quando faltarem as palavras, talvez eu esteja em silencio, aceitando as consequências da minha história, me sentindo vivo por você existir. Não arredo pé de tentar cravar minha passagem, por mais sem importância que ela seja pra alguns, eu vou continuar.
A vida, meu pequeno campo de testes.