Cristalina

Havia um tempo em que chorávamos sem medo. Onde as lagrimas que transbordavam de nossos olhos eram simples e nos traziam acima de tudo aquela sensação de alivio, mesmo que vindas de momentos de perda ou dor. Eram lagrimas cristalinas, reluzindo pureza, sentidos extremos e a vontade de mostrar o quanto nos importávamos.
Pequenas gotas, enxurradas, sussurros, soluções, aperto no peito e mãos no rosto. Chorávamos, e não tínhamos porque esconder, e tínhamos a certeza da verdade diante de nós, sabíamos dos choros por amor, por perda, por dor, por alegria. Estas lagrimas secaram.
E hoje choramos por dentro. Hoje choramos as angustias que a vida nos faz passar. Choros doidos, engasgados, que prendem a respiração e não nos dão respostas, apenas atam nossas mãos e misturam nossas idéias. E cada noite que passamos, acordados, em claro, procurando saídas para que as lagrimas cessem, este choro cresce.
E ainda espero o dia em que estes serão substituídos por sorrisos impulsivos. Que desaparecerão por serem supridos de alegria, de certezas, de respostas dadas, e complementos. Uma volta a sinceridade, um retorno aos bons momentos canalizados em cada gota.
Eu não sei se você é capaz de entender a simplicidade destas palavras. E são apenas palavras. E palavras é o que eu tenho pra usar como fuga, pra usar de uma forma a deixar marcado o que penso, imortalizado.

Hoje escrevo de lagrimas, lembrando os choros sinceros, extintos pela vida que os transformou em representação de dor.

Eu ainda derramo minhas verdades.