Sucesso?

Tudo esta congelado, parado, instável, sem vida. Nada do que vejo é real, nada do que sinto é bom, e as horas passam mais devagar que os anos. É um inferno congelante, sombrio, eco por dentro e sem frutos. Dentro de mim as peças estão espalhadas, rodando em um universo paralelo distante dos olhos de todos. 
Não temos as mesmas alegrias, não compartilho do sucesso que deixam vocês felizes. Por aqui tudo se despedaça, se fragmenta, eu luto contra aquilo que acredito. Eu me seguro para não explodir.
São pequenos detalhes, da minha grande alma, que representa mais do que eu mesmo acredito, que reluz mais do que deveria, e transforma meus atos em algo fora do controle. Não admito ser aquilo que não devo ser, questionando porque e incompreendido os fatos. Eu não sei fingir por muito tempo. 
De que adianta a felicidade aos olhos dos outros enquanto por dentro nos traímos? É por isso que luto, para não me tornar mais um que sucumbiu e se matou por dentro para viver as imposições de uma vida banal. Incomoda aqueles que nunca lutaram, incomoda aqueles que nunca experimentaram nada alem do que lhes foi mostrado por outros. É por isso que eu reluto sempre.
E aquilo que a maioria das pessoas almeja, de nada me seduz. Pois tenho a consciência de que isto apenas trás alegrias momentâneas, subornando a verdade, pois quem nunca teve se deslumbra com qualquer coisa. E vive num círculo sombrio e falso, cego de que esta no caminho certo, de que aquilo é a prosperidade, enquanto é morto por dentro. 
Já tive armas pra me tornar o maior dos menores, o melhor dos piores, e viver na soberba hipocrisia que me assombra dia a dia. Não quis. Fruto da minha alma que me impede de seguir por onde não acredito, e isso não cabe a ninguém decidir. Só eu. 
Talvez eu seja um louco, talvez eu deva experimentar de cada pedaço da impureza e desordem que todos vivam, das dores que todos sofrem, das vontades que todos matam por um propósito qualquer. Talvez eu deva provar o amargo da derrota, da traição da vida com você, para entender mais ainda o que devo fazer ao certo, onde devo pisar e com quem caminhar. Eu aprendo demais com os erros, e jamais os repito.
Hoje eu vivo assim, planando sobre o que acredito, engolindo seco e flertando com um coma. Assistindo meu próprio dramalhão mexicano, de camarote.
Talvez eu seja injusto com o destino, não compreenda seus passos e pistas, e esteja blasfemando contra mim mesmo. Ingrato, pode ser, quem garantiria que não? Mas não consigo ainda enxergar a parte boa dessa história toda. Não consigo olhar na mesma direção que ele me aponta e dizer que lá está meu foco.
Se para alguns eu tenho sorte, pra mim eu tenho lições. Se pra alguns isto é felicidade, pra mim é penitência. Se pra alguns isso é sucesso, pra mim é vida desperdiçada.