Plena

A felicidade plena, não existe.
Para aqueles que sempre estão em busca de algo, aquilo que lhes faça ser grato, que lhe encoraje, lhe traga satisfação, fazendo se sentir bem, não existe plenitude.
Não existe conformismo e confortos eterno. Não sabemos relaxar, baixar a guarda, acomodar, desistir. É uma luta constante por ter dentro de si muita vida, muita sede.
A felicidade, para aqueles assim, é tão simples que se confunde, desaparece aos olhos de quem não as tem, se torna imperceptível e incoerente, confusa.
Muitas vezes ela é tão rara, que até esquecemos dos dias que estamos perto de ser felizes.
Hoje, mais que ontem, receio a sentir tal sensação. Desconfio das palavras que leio, ouço, presencio. Hoje, já calejado por tombos e tapas na cara, poucos me tiram a felicidade. Poucos aqueles que me conhecem de fato.
Agora eu reluto em até aceitar aqueles que um dia foram eternos e insubstituíveis, pois se FORAM é porque de fato não eram. São as farpas que restaram das angustias e sofrimentos que passei por ver escapar entre meus dedos a felicidade, que eu criei, plena.
Talvez a felicidade esteja nestas possibilidades de reencontros, de acreditar, como acredito, que os caminhos daqueles que nasceram para andar juntos, sempre irão se cruzar.
Não sei mentir quando a verdade é para o bem. Não sei fingir, quando a seriedade é necessária. Mas principalmente, não sei esquecer, quando a lembrança é eterna. Pois existem aquelas que se apagam.
Eu não me contento com nada que me queira silenciar. Eu não me contento com nada que não me atinja na alma. Eu não me contento com nada que eu sei e sinto que não veio da pureza da verdade.
A felicidade hoje pra mim se esconde e desaparece. Ela não esta aonde você esta. Ela não é o que você acha ser. Ela não compartilha da sua. Talvez ela já tenha partido.
Quando me vejo em meio a tudo que não aceito, relutante, fingindo acreditar sem que percebam que eu não acredito, eu morro aos poucos por dentro, sem ninguém perceber. Esta tolerância imaculada, santificada, atuada, me faz muito mal. E me torna mau.
A felicidade é a paz, que muitas vezes não vem como você gostaria, mas sim, como você a molda. Eu aprendi a moldar tudo em busca da paz, mesmo dentro de um inferno. Pois a plenitude, não existe.

Se este aqui sou realmente eu? Se realmente existe alguém, estará aqui. Talvez eu, por mim, nem exista mais. Se foi com tudo aquilo restou e talvez renasça quando o avesso chegar. Deste lado já não há mais espaço para continuar, não há mais pedaços de mim que sobraram inteiros.
Sou a moldura que a vida me deu de mim mesmo. Feliz.