Quando eu me for

Eu carrego todo o peso das culpas comigo. Sou certo por caminhos errados, sou errado pelos caminhos certos.
Talvez um solitário refém de mim mesmo. Um juiz e réu de tudo que escolho e faço, do que acredito ser verdadeiro por ser minha historia. Esta é minha vida. Feita de surpresas dentro de um mundo sem novidades.
Quando os novos desafios chegarem, pelos quais eu serei forçado a passar, haverão mudanças. E dentro delas haverão aqueles que irão sorrir, e aqueles que partirão. Não existe circulo perfeito. Não existe vida perfeita.

Eu vivo me testando, me questionando, desagradando, provocando. Quase sempre acerto onde deveria errar, então será que estou certo errando? Talvez eu não erre realmente. São pontos de vista.
Preciso só cuidar direito de mim para ser forte enquanto as tempestades rebatem aqui dentro. Depois disso, eu transponho junto com o balanço suave e a calmaria do sossego. Mas eu ainda não sei.
Eu tenho asas frágeis que voam longe. Que me erguem aos céus mas são facilmente destruídas se os ventos forem fortes. Eu luto sempre para estar mais alto e evitar os sustos.
Abdicar. Adormecer. Esquecer. Sepultar. Responda onde encontro essas saídas. Eu preciso de sinais de conforto, de que posso estar sendo certo, mas eu não estou tendo isto. Você ainda alimenta a duvida e ela me submerge aos abismos.

Me aplauda, empurre, incentive o erro para colher o acerto, na hora certa. Eu só peço a segurança para ser seguro,
Vou cuidar mais de mim enquanto ninguém vê, distante dos holofotes, das brincadeiras dopáveis. Mas não esqueça , eu preciso da segurança quando retornar.
Estou de fora vendo aqui dentro uma bagunça, um emaranhado de fins e começos que eu criei e me deram um nó. Um ponto cego dentro de um infinito universo de tentativas frustradas. Eu preciso de laços que se abram, me ensinando a respirar sem ar.

Enquanto eu espero pelo seus acertos, eu sofro. Ansioso, repensante, angustiado. Bata palma para que eu escute os ecos da certeza de estar certo. Sem elas eu me encolho e recuo. Se eu recuar, elas me pegam. Mantenha a luz que tenta me guiar por entre esse labirinto.
São muitas as portas que se fecham, e apenas uma entrada. Você compreende o tamanho disto? Não deveria ser uma pergunta e sim uma afirmação, mas eu não estou seguro dela e nem você pelo visto. Mas o risco é o começo da vida. Quando eu desistir de arriscar, eu desisti de escrever meus capítulos.

Houve um momento em que eu apontava e seguia. Houve um tempo em que eu pulava com os dois pés e os olhos fechados. Aqueles dias talvez nunca voltem mais. Hoje, eu estico o pescoço para olhar o tamanho dos passos que dou tentando não tropeçar em mim mesmo. Esta é a doença chamada dúvida.

Eu estou disposto, acreditando, respirando e relevando. Abdico de velhos hábitos homeopaticamente, para não respirar por aparelhos enquanto não vejo tudo claro. Eu só preciso ver tudo claro!
Você apenas deve acertar como me guiar antes que eu me perca no caminho novamente. Só isso. Mas eu não sei. E preciso saber ao certo aonde ir.

Eu não posso dizer adeus aos antigos capítulos sem acertar o título do próximo.