Casulo



Sem sons, ruídos não me tocam
Estremessen tudo ao redor
Seus espasmos não me provocam
Posso sentir, mais do mesmo
E ao mesmo tempo, indiferente
Viro para o outro lado, corpo dormente
Sem vida, sem gana, aos olhos dos outros
Côma.
Sutil e mudo, criado por mim
Por um começo inglório, melancólico fim
Explodo sem nexo, estopim
Me faz bem e protege, descanso assim

Quero sair e olhar os contornos dos vultos que rodeiam minhas passagens, olhos famintos a procura da caça, do que ainda não sinto o gosto, mesmo que amargo.  E de que adianta compartilhar do seu universo melancólico, dividido entre grãos de verdade e montanhas de hipocrisia. Mais do mesmo, inevitavel. Como as palavras que se eternizam aqui, inevitáveis e reais, respiro o enxofre que exalam, consumindo meu corpo. Talvez incapaz de desatar os nós que trancam as passagens daqui de dentro pra fora.
Voem, esqueçam o que lêem, isso não significa nada a não ser para mim. E conformismos me assustam. Psicólogo dos seus erros, jamais.

Sem sons, ruídos não me tocam
Coberto por uma imensa camada de desgosto
Seus espasmos não me provocam
Posso sentir, mais do mesmo
E então me calo, olhando
Por fora casca viva, sangrando
Poça.