Temor

Eu não quero escrever bonito. Muito menos criar um poema.
Quero escrever sobre os fatos, e de como eles são cruéis. Quero escrever de como não espero mais nada dessa vida. E foda-se se você vai me dizer que sou novo, que ainda posso conseguir. Conseguir o que? O mesmo que você? Ou que o vizinho? Não é isso que eu quero. E o que eu quero?
Apenas ter sorte. Mesmo não acreditando mais nela, eu gostaria desse sabor pelo menos uma vez.
E andei pensando sobre mim, e sobre as pessoas que me cercam. E sobre as consequências dessas pessoas estarem ao meu redor. Eu não tenho sorte, logo, transmito isso ao meus amigos. Que também não conseguem coisas que talvez se eu não estivesse por perto, conseguiriam.
Hoje é um desabafo, e não me importa também se você vai me dizer que estou me colocando como todo o mal do mundo, que estou achando que só eu sofro, que só eu que me ferro ou algo assim. Eu falo o que estou sentindo, o que estou pensando agora, neste momento.
E penso que a felicidade não caminha mais junto comigo. Ela veio, apareceu, deu as caras e se foi. E este é o mais puro retrato da verdade. Não existe o sucesso, não existe o tão esperado ponto de sonho, meta a ser atingida, porra nenhuma.
O que fica são as frustrações. O que resta é apenas o gostinho do quase, do passar perto, do talvez dê certo, mas que no fim é óbvio que não dará. Porque estou fadado a isso. E não me interessa se você vai se preocupar ou não. Alias, eu quero mesmo que apenas me deixem em paz. Só isso.
Eu me revolto comigo, por ser obrigado a viver assim, sacudido pela esperança, enterrado pela desilusão...

...e repito o que sinto. Que as pessoas que me cercam perdem a sorte também, e eu sou a culpa. Dia após dia reavalio meus passos, e concordo com todos eles, apenas não quero mais caminhar. Chega. Cansa essa desordem que é viver, essa montanha-russa de promessas, esse circo de desgosto.
Falsas promessas, discursos marcados, sorrisos amarelos. Eu não vou mais sorrir.

Pra que lutar nesta batalha sem glória, pra que morrer pelo que não se importa. Eu não mereço, e isto é o mais perto da realidade que posso chegar, e de onde não vou sair.

Eu desisti, se algo de bom vai acontecer, realmente bom, que me surpreenda. Que bata na minha cara sem dó, e que faça eu morder a lingua e sangrar até o fim.
Mas enquanto este dia não chega,

Vivo minha Morte.