Luz e Mar

Eu me livro das amarras, paixão que arde, domina e cega. 
Não existe lamento, um olhar puro, sedutor, que transcende a carne, toca a alma, me chama pra perto.
Sua culpa, minha culpa, num mundo onde não existem inocentes, onde seu afagado engana a mentira.
Daquelas palavras que surgiram, sentidos, desejos, eu me atraio e você se atrai, meu amor.
De onde renasce as chamas, ardem em brasa, liberam os sentidos mais doces, proibidos por eles, perdoados por nós. Levo-te a loucura, nos sonhos, criação da mente, do desejo visual, da necessidade de existir aquilo que você gosta. Se torna rainha.
Olhares discretos, laça-me, preso por convicção, sem condicional, entregue. Não menos pura que uma rosa, uma beleza instintiva, que hipnotiza e fere, aos desvairados e amantes, aceitamos os meios para chegarmos ao fim, único e singular.
Eu por mim sou refém, viciado, uma única escolha, eu por mim sou culpado das noites que criei, sonhos que construí e coloquei você, rainha que nem sequer existe ainda. Eu por mim te desejo, sem medos, instinto e necessidade, paixão sem motivos.
Não me negues seus beijos, supostos doce, límpidos e puros. Mas lábios vorazes, capaz de arrancar-me suspiros. Não me negues seus beijos, que eles venham a saciar minha loucura por ti, que me preencham o espaço destinado a você, criado a sua espera.
Mulher que provoca inocente, tu sabes o que faz, eu falo de você sem você falar de mim, me nega, me expulsa, me tira de dentro do peito com medo de eu nunca mais sair. E você acorda nas noites, nas madrugadas, impregnada das minhas palavras, dos meus atos de paixão, que você teima em não ver, em resistir ao seu puro desejo, uma tentativa em vão, de se negar.
Loucos somos, acreditamos, nasce em você a semente que nasce em mim, germinada pelo destino, cultivada pela vontade plena de que prospere. E tudo aquilo que venhamos a passar é mais que eterno. É história escrita, cravada na alma, com plenitude.
Se um dia existir, será mais que apenas eu e você, será nós, e ninguém mais.