Dúvida

Não tenho nada a dizer. Não tenho palavras que acompanhem meu pensar. Talvez eu descambe para o lado errado, talvez eu flutue sobre as nuances do correto. Eu não pertenço, não existo, não substituo o que não tenho. Eu levanto dos mais dolorosos tombos, separo o joio do trigo, pois o que acho certo me ajuda a respirar. Não sei mais sentir as diferenças. É um mundo insano, que distorce as verdades, maqueia, leva consigo todos aqueles que sabem o que dizem. Não sou correto para você, sou verdadeiro. Não tremo, sei que eu exagero nos verbos, mas a dor tras a cura para todos que não me compreendem.
Hoje eu vivo dilemas, dúvidas, perguntas que tenho as respostas, mas respostas que me trazem perguntas, não porque, mas porém. Deixar coisas para trás, deixar pedaços de mim, incertas, um caminho que me assusta, mesmo sabendo que no final existe a luz. Meus medos me congelam, tiram de mim a coragem, minha mente me leva a crer, mas eu padeço. Porque eu preciso de forças para mover o peso do passado, mas isso requer mais do que posso.
Hoje as palavras me faltam, porque não vivo as angústias, vivo as escolhas, e elas me maltratam de uma forma mais sutil, menos dolorosa. As angústias que podem se cessar, mas talvez outras possam aparecer. Algo ainda maior, que maltrate mais e mais a alma, que alivie maqueando as verdades. Talvez eu esteja confuso, talvez não, eu estou, confuso por dentro, tendo que livrar-me aos poucos, e isto é complicado.
Eu na esperança de que caminhe sem força, sem pressa, sem erros. Talvez eu erre em pensar no talvez, talvez eu não assuma o risco, talvez eu precise tirar o talvez. 
Mas eu ainda estou aprendendo. Aqui, agora, que a vida ensina mais que escolas. E eu sei que sou capaz de surpreender aqueles que duvidam, e muito aqueles que jamais enxergam além. Passo por momentos dificeis, por enxurradas de obstáculos, mas sempre há a saída, o lado bom.
Duas faces da moeda, um desafio constante, um passo de cada vez. Pra cada vez.
Eu ando sem palavras.