Mas não é destes momentos que quero falar.
Quero relatar os novos tempos, em que ele abriu as portas e nada encontrou. Não mais.
Apenas o escuro e ecos de sua voz gritando ao vazio. Na sua cabeça ainda fantasiam-se momentos como se querendo anestesiar a dor da realidade. Ele procura, vasculha, monta e encaixa passagens que ainda não tenha recordado. Mas estão chegando ao fim.
E o conflito dessas lembranças com a visão da realidade, sabendo dos motivos que tornaram suas portas buracos negros da memória, o revolta.
Mas ele não pode controlar os atos daquelas pessoas, ele gostaria que elas vissem o que ele vê. Que sentissem o que ele sente, que entendessem os valores como ele entende. Mas não.
A overdose de alucinações provocadas pelo inexplorado contagia aqueles que antes se contagiavam com ele, com seus atos, e seu carisma.
Maso que é certo? Nada é para sempre quando não se existem raizes firmes, que sustentam tudo o que nasce, e floresce.
Hoje em dia ele só abre as portas pelo instinto que ainda o conduz à tal ato. Ele já percebeu que nada mais encontrará por trás. Só o vazio.
A visão dele com um sorriso no rosto, como se na esperança de uma outra realidade, e a frustração mais que visível quando percebe que nada mais volta, é comovente.
E o pior, hoje, ele está tentando entender...
Porque ainda existem portas onde ele sorri?