Vermelho Doce


E os pequenos passos hoje valem mais que grandes saltos. Grão em grão, talvez enganando o destino ou quem sabe apenas o copiando. Mas o certo é que ele agora sentia-se bem, um pouco mais aliviado das dores que o seguiam por anos. Passos leves, soltos ao vento, que flutuavam seu corpo sobre tudo que antes o travava. Essa paz perturba, incomoda aos que não prestam atenção nele.
Mas o futuro ainda enrrosca em sua garganta sempre que seus olhos se abrem pela manhã.
Os gritos são em um vazio sombrio e por momento poético, e aos olhos dos outros, as palavras criam rotas sem fim. Não entendo outros escritores, e nem posso considerar-me escritor. Não leio, não faço das palavras que passam aos meus olhos fontes de inspiração. Renego os seus gritos, pois os meus vocês não ouvem.
Mesclo as idéias dentro do meu redemoinho de sensações, empolgando alguns que passam por aqui, deixando outros confusos e a maioria indiferente. Não temo isto. Não espero que aceitem o que não possam sentir, nem ao menos perceber.
Percebam o que ele lhe faz sentir...

Maldita mania de mordiscar os labios e faze-los sangrar, dói, e não consigo explicar.
Neste momento me pego assim, carnificina gratuita sem nexo.
Os nervos controlam o sentido, talvez isso seja uma forma de alivio.
Passo a lingua, o sabor do sangue é doce, e ao mesmo tempo impuro, martírio.
Preciso parar...