Deusa


Loucos aqueles sóbrios e bem resolvidos, ou aqueles que vagam por becos e sarjetas sem noção da realidade. De onde eu vim? De onde eu pertenço? A quais insanos momentos faço parte? Uma vida cheia de perguntas, flambada de pequenas respostas, onde nao sinto a firmeza das verdades, de onde não conheço as farsas das mentiras, melhor não divagar.

Mas um vicio seu assumo: Laços coloridos enfeitam os seus cabelos e seus olhos quase sempre me fascinam. Adoráveis. Eu pertenço as mulheres. Falo sobre elas, sou viciado neste pecado. Isto pode ser ruim, mas é sagaz, instintivo e natural. Sóbrio e não insano. Minha perdição.

Meu pior inimigo se apresenta tão irresistível que me domina. De seus atos sou refém, um sádico, que gosta do que tem, que nasceu pra se deixar levar. Lembro-me dos primórdios, onde não conhecia o amar. Onde não sabia como lidar. 
Admirava, mas não tocava. Um voyeur dos contornos, dos longos cabelos, dos traços marcados e seu impulso provocante. Perfumes e batons, unhas e decotes. Isto é doentio. Vejo o dia em que sussurros me darão calafrios, que toques me desmoronem, e beijos me tirem a vida. Jesus, que maldição. Mas pretendo não resistir. Eu quero mais. 
Não esperem que eu mude, passe a ser cego, ou me transforme. A isto eu pertenço. Mulheres sem medo. Destemindas. Sou amante e desejo. Alimento seu instinto. Crio seu pecado. Se vista para mim. Perfume-se por mim. Exiba-se à mim. Goze, para mim.