Palco

Eu não conto a sua história.
Eu não conto aquela história.
Das pessoas que não encontram nada quando as portas se abrem, que não brilham os olhos quando reconhecem um talento.
Eu conto a minha história.
Meus pequenos círculos viciosos. Eu falo sobre meus trilhos e passos, meus temores e surtos.

Vejo onde quase ninguém consegue enxergar, de dentro de nós. Grito palavras que muitos engolem seco. Que poucos ousam dizer e morrem sem nenhum lugar onde ir, sem nenhuma vitoria na vida, sem a chance de errar, por nunca tentar. Essa é a essência que me traz aqui. Este é o apelo que me foi fadado a manter enquanto eu tiver a lucidez para escrever.

O que sou empresto à você. Isto tudo aqui é verdadeiro dentro deste circo de palhaços e platéias cegas. Me faço vivo e legitimo, sem medo das criticas, sem a maquiagem da hipocrisia.
De cada pedaço de espaço que conquisto eu aproveito. Levo brilho aos dias chuvosos, os mesmos que me inspiram, e crio historias dentro de historias.

O meu maior feito é seu. Distribuido publicamente. Enquanto uns choram ao cair da noite, sem que ninguém perceba que seus sorrisos diários são fachada, eu exponho a carne crua, e sangrenta. Você jamais faria isso.
Eu conto a minha história, eu eternizo minha consciência, pois ela me guia e me tem refém. Não me comparo a um excêntrico. Sou apenas isso. E continuo incomodando. E não vou terminar aqui minha missão. Decadas pela frente. Decadência não permitida.

As portas que eu abro não se fecham.