Achismo

Achei que a vida seria fácil.
Que as coisas aconteceriam como em uma correnteza, sem pressão ou chances de desvio, sem sabermos o destino final, mas que ela fosse direta, sem tempo para pensar.
Achei também que passaria despercebido pelas pessoas e que jamais algumas delas transformariam minha vida, mas eu estava tristemente enganado. Que sem me fazer notar não seria notado, mas não escolhemos isso.
Achei que algumas de minhas palavras fossem certeiras para seu coração, e que outras pudessem sanar feridas, porém palavras as vezes calam muitas vozes que deveriam ecoar dentro da gente por anos sem medo.
Procuro por momentos que consolem todos os erros que cometo, assim não sucumbo, esmagado por uma pressão invisível aos olhos, mas evidente a alma, pois achei que sempre agüentaria sem encostar os joelhos no chão.
Achei por longo tempo que não existia a traição, novamente, tristemente enganado, pois onde existirem pessoas, existira.
Eu certamente achei que não repetiria palavras e que reverteria o tema da minha jornada aqui, que transformaria gritos em sussurros, e vazio em amor completo, mas ainda estou aqui, aquém da sua ou da minha vontade.
Acho que o amor, se me permitem cita-lo, se esconde bem, provavelmente existindo a espera de se manifestar, de aflorar, e talvez pra mim ele seja tão perfeito que não creio ser capaz de vive-lo. Tristemente enganado.
E eu passo os dias achando que posso montar meu quebra-cabeça, em perfeita harmonia, com as partes se encaixando e dando forma a um final sem falhas, porém, novamente, eu estou tristemente enganado, pois algumas peças nem sequer existem pra completá-lo.
Eu apenas achei, que a vida seria fácil.