Anos Perdidos

Eu já tentei ser o que parecesse bom aos olhos. Tentando ser o que a vida não gostaria que eu fosse, me deixando levar pelas circunstâncias, subornando a única parte de mim incapaz de mentir, meu coração.
Mentiras custam tempo precioso em sua vida, não é fácil vencer por dentro como é simples enganar por fora.
Eu poderia desaparecer, deixando o corpo padecer, livrando a alma do fardo podre que lhe foi concebido, restando nada mais que anos perdidos.
E assim a vida brinca, fazendo você pensar que é tudo aquilo que fez acreditar que era, não é difícil errar como é duro acertar.
E se eu mudasse minha vida tentando ser o tipo de homem que fizesse o que esta vida gostaria, eu precisaria morrer, ou ser livre para voar, tendo me libertado das vezes que acreditei em pessoas, os sorrisos que foram vendidos a prazo.
Eu poderia ter visto os sinais, mas agora que estou prestes a morrer, apenas deixe meu caminho livre, que a vida cuida do resto.
Não falhei como o homem que gostaria de ser, falhei como o homem que frustra e diz as coisas sem senso e erradas na hora certa.
Talvez eu nunca saberei ao certo a realidade das escolhas, o final dos caminhos que risquei, das trilhas que esqueci para trás. Mas sei de certo as seqüelas que foram deixadas comigo, das entradas e saídas, sem ordem ou propósito, dos sentimentos.
E hoje em dia envelheço, com meus medos e temores reforçados, e talvez eu tenha perdido algumas partes de mim pelo caminho, como a sanidade.
Eu não retornaria...