Transcender

Eu já escalei as maiores montanhas, vislumbrando as mais belas paisagens, e aquele por-do-sol me hipnotizava. Desejava ali viver, em meio a simplicidade dos atos, a pureza as vezes transforme os lobos em cordeiros. Somos de carne e alma, de feridas que não cicatrizam.
Quando eu abri meus braços pela ultima vez, ninguém pode me segurar, pois não haviam aqueles que um dia me juraram paz eterna, eu estava sem chão.
Hoje a noite as luzes se apagam, os sons que transbordam dentro de mim se calam junto ao silencio fume, sem espasmos. Como uma melodia tocada mil vezes, e aquelas notas de piano surgem como anjos sem remorsos.
Hipnótico, psicótico e melancólico,
Chamas que desfocam a minha vista, sufocam minha respiração, e meus gritos rasgam a solidão. Passos no escuro, sem pegadas, suor por entre os dedos, levam-me a lugares sádicos. Eu não posso morrer.
Construo meu castelo de areia, fortificado por perseverança, frágil aos quatro ventos, ele desmorona, ele, se refaz.
Tranco as profundas entranhas da minha existência, onde você jamais alcançara. Nem um toque pode ser sentido aqui, eu vislumbro o seu pecado, seus gestos me chamando, como que implorando por uma chance.
Eu não vivo aqui, rebatendo inquietude, suporto essa existência plural, dentro de uma alma deformada, onde estou?
Eu desci ao fundo do poço, limbo e enxofre, locais que você imagina mas nunca tocou, sucumbiu a coragem de resistir, deixando que o destino me arranque as forças e trilhe meu caminho.
Hoje eu costuro as saídas, impedindo meu ser de respirar.
Sou e serei alem de tudo isso.