De costas para frente



Relembro o futuro e seus dias de glória.
E tudo aquilo que foi sonhado transbordava esperança e contagiava aqueles que o cercavam.
Idéias brilhantes, palavras fascinantes que criavam paixões e alimentavam seu ego.
Aquele futuro que passou realmente o fazia feliz.
Nada melhor que entender que ele se foi.
Hoje em dia seu futuro é uma ferida aberta que sangra seu passado. Uma marca na pele que não pode ser tirada. Mais do mesmo, dia após dia. Ele sabe o que plantou para colher seus frutos secos. Uma sentença de morte por financiamento, paga em suaves parcelas de anestesia e suborno. Ao seu redor, um mais um se torna zero. Onde haviam amigos hoje existem espaços.
É a celebração de um futuro escrito e pré-moldado. Para que sofrer então? Deixe ser inundado pelos fatos.
E então seus passos estão sendo copiados. Pisando em suas próprias pegadas. E onde isso o levaria? A tolerância sobre os fatos dopou seu corpo. Estático e inerte.
Uma prisão sem muros, sem gradas ou sequer obrigações de um detento. Uma prisão sem condicional, sem redução de pena ou saída por boa conduta.

Uma condenação à morte sem crimes.