Poço

E quando não mais a morte for vista como suborno, a vida será menos dolorosa. Quando sentir que o fechar dos olhos nos leva a um universo sem sofrimento ou agonia, haveriam mudanças. Porque eu tento não ter mais o medo do fim, porque não existe razão, e eu não quero duvidar de que além deste inferno que me arde aos olhos existe espaço para o alívio. Meus princípios me condenam, mas a falta deles me traria o vazio maior, a perda total da razão pela qual vivo. Não aceito ser submetido, exemplo de gana, de teimosia e coragem, porque apenas a escuridão tiraria de mim a força pra falar, sobre o que penso, sobre o que sinto, sobre as doenças que infectam seus corpos, e que eu transformo em aprendizado. Não vendo minha alma, e como sempre digo, se todos os motivos forem sanados, eu apenas serei justo comigo, de onde eu tiro luz, de onde eu tiro as palavras que ninguém é capaz de decifrar.
E para aqueles que não acreditam em glória, sintam-se pequenos, eu não posso concordar e ser apenar o capacho do desconhecido. E reservo o direito de poder expor as marcas que recebi, e a incompreensão dos ignorantes não é bem vista. Não viro a outra face, e já tenho dito, revido aos seus golpes de chicote. Lamentos de frustração, eu escuto, eu sei que existem, eu não quero que ninguém pare.
E quando não mais a morte for vista como suborno, a vida será menos dolorosa.

Quando o fechar dos olhos salvar a minha alma, a história se tornará lenda.