Risos Mudos

Sofro sem sentir, sem falar
Tão somente me calo, parado
Não grito, suspiro, ronronar
Dor que não alivia, cala a alma
Se queres percebe arrebatar
Dos pés a cabeça, de dentro pra fora
Luz que se apaga, me ponho a chorar

Não sofra por mim, criatura
Luto por ti, tão bela ternura
Acreditas no amor que corrompe
Sucumbe aos desejos
Não sofra por mim, criatura
Suspiros sem tom, lampejos de alma
Alivia ao toque, afagos, e acalma

Vida em pequenas doses
Rei por um dia, refém para sempre
Suborno do bem, fúteis posses
E por mais que lute, fuga dormente
Não mais caminho pra frente

E leve e solto deixo ser levado
Sofro por tudo, mesmo acabado
Se queres viver, que tenha sorte
Banhos de angustia, regados a morte
Para que cresça de novo o amor
Derrube as paredes que cercam de dor

E por mais simples que se juntam
Estas palavras no fundo não mudam

Simples expor
Impossível transpor