Impulso

Pois agora eu falo dos dias felizes e das lembranças que mantemos. As que nos fazem sorrir sem força, que nos recordam os dias sem problemas ou crises, onde os olhos se fechavam desejando sonhar, aquele sonho bom, de realizações e ideais, de verdades crentes e mentiras místicas, uma vida pura sem peso.
E onde guardamos estes momentos, no fundo, trancado, buscando para aquele dia em que as paredes despencaram e sua vida se transforme em cacos. A felicidade plena não é forjada nem moldada, é instintiva e límpida, natural e profunda.
E levo as lembranças das preocupações juvenis, sem medo e sem receio, da nostalgia, de um dia em que o sol brilhava menos que meus olhos, e que meus dedos tentavam alcançar o céu, tocar as estrelas que escreviam meu nome no brilho da noite, viajando, sozinho, enquanto todos dormiam.
Paz de espirito, sem tormentos, chagas ou feridas. Um universo sem buracos negros, sem a pressão que paira sobre nossos ombros e nos força a ajoelhar, perante a vida. Esta que nos maltrata sem pedir, nos ensina sem educar, nos repreende sem afagos por um dia acertar, quando acertamos.
De mãos dadas, chuva, um caminho por dentro de um belo campo, não existiriam sons, não existiriam lagrimas de dor, pés descalços, seu toque meu toque, esta é a receita da tal felicidade, a simplicidade. Pureza nos atos e sanidade na mente. Talvez atingível.
E os dias felizes que hoje se encontram adormecidos, não morreram, não deixaram de existir, apenas procuram razões para acordar. Sempre em busca da felicidade.