Mulher

Ela não é você. Não é aquela que procura o amor, que sonha acordada, que mentaliza seus sonhos. Ela não existe, escondida em seu quarto, corpo reluzente, mascara de santa, alma de serpente. Não existe temores, amores, corpo que insinua ao amor, carnal e banal, sem pretensão de vingar.
Ela é a mulher que insulta, incomoda meus sonhos, os sonhos seus, aqueles que acreditam saber, do que se trata, de quem se trata.
Vadia impura, eu não denomino ou aponto, a mulher sombria, de laços coloridos e sandálias de plástico, rasga os sentidos.
Ser que atormenta as donzelas, criminosa, amor bandido e falso, mulher sem pudor, demônio do sexo podre, profano e apaixonante. Agarra os desavisados e seqüestra, cativado e cativo, ela salga seus lábios e marca sua roupa, batom vermelho, unhas afiadas.
Mulher por mulher, sem porém ou porque, piranha ou santa, descontrolada. Ela não é você, não é ninguém, só existe onde tudo morre e onde faltam porquês, mistura de sujo, cheiroso e doce. Amargo na alma.
Não há rostos a seguir, passos a trilhar, não conheço ela e tão pouco poderia julgar, mentalizo, desenho, crio. Mulher mais que mulher, daquela que brilha no escuro, pisa, sorri e larga.
Não falo de nenhuma, de porra alguma, só descrevo as chamadas de puras, as xingadas de putas, quem fala de quem, mulher de mulher. As santas de barro, as perfeitas de corpo, de alma ruim, de desafeto e afeto forjado, mentirosas que falam a verdade.
Essas serpentes peçonhentas com beijos venenosos, homenageiam os homens com seu sorriso e olhar pecador.
Não aponte o dedo, não julgue as palavras que elas não representam nada, ninguém, tão naturais e banais, como seu desafeto e seu jeito de ser, mulher que derruba touro, fácil e fútil, meticulosa.
Dessa mulher você não fala, desrespeita e inveja, dessa mulher que cria e mata, loba.
Não encare como homenagem, para você ou você, para mim ou qualquer outro, nada é marcado.
Uma representação mulher, denominada pecado.