Término
Não Sirvo
Um Dia
Rascunho De Vida
Batalha
O que existe é um erro constante em ser eu. Uma sina, carma, maldição. O que existe é um limite entre a luz que salta aos olhos e a escuridão de onde não posso sair. Sobrevivo, vivo, sobrevivo, perco. Eu não pertenço ao que mesmo acredito.
Procuro ser o mais ponderado possível. Relevo, transcedo, dôo, desisto, perco. Mas não encontro as fórmulas que equalizem o meu viver. Por onde anda a simplicidade e a cumplicidade? Por onde anda o aceitar?
Sou testado dia após dia, diante do meu eu desgastado e semi doente. Diante de inverdades e fúrias repentinas que me cortam a alma, me ferem o coração. Eu sofro calado, como se compreendesse a incompreensão.
Meu amor é turvo e constante. É braile em um mundo de provações. Existe sem existir, se é sentido sem agonia, sem fúria, sem necessidade de existir, é tão forte que me tira a vida, me leva ao limite. Mas nada, nada é suficiente.
Sou um acaso descaso da vida, um relutante problema que vicia aos próximos e mata os que se apaixonam. Sou um leigo que me deixo crer. Um mero telespectador de meus capítulos.
O que existe é torturante, viciante, contundente, lacivo e vivo. O que existe, se consegue enxergar, é imenso e infinito, tênue e forte como diamante. Não desprende.Não degenera. Não destrói.
Mas o que você vê? O que falta pra ti? O que tiro de mim lhe é dado, doado, suado. Eu não vivo sem viver com você. Cada escolha é pensada e tomada sem relutar. Há razões. Há motivos. Há amor.
Eu ando sofrendo na escuridão do meu peito. Sofro por não poder tirar seu sofrer. Por não ser maior do que sou, e lhe jogar ao infinito. Sofro ao inverso buscando saídas pra tudo que quero ter. E gostaria de ter ao seu lado. Como foi escolhido e dito.
Não há vitórias sozinhas. Glórias sem mãos dadas. Não há razões sem motivos.
Eu permaneço pulsante e presente ao seu lado, e assim será, pois está é minha maior batalha.
Hoje, e amanhã.
Fazia um tempo que não passava por aqui, sei disso. Talvez não haja gritos a serem ouvidos agora, e o silêncio é a representação do que sinto.
Ando como telespectador de mim mesmo, de olho no que a vida me oferece, me cospe na cara, ou me tira. Ando passivo eu sei.
Já não anseio por respostas que acredito não virão. Não há fórmulas, não há certezas, não há planos que certamente darão certo.
Disse há um tempo atrás que havia desistido de mim, e de tomar porradas por projetar vidas que não posso viver, sonhos que não posso realizar e histórias que não podem ser vividas por mim. Disse isso, e com todas as razões do mundo pra tal. E o que nunca termina no entanto são as provações. A vida me passando a rasteira. Eu sendo refém da minha própria existência conturbada. Em conflito com a realidade que precisa de paz, que precisa se estabilizar.
Tive inúmeras vitórias nestes anos, as guardo no peito, lugar de onde só saem se eu permitir, e não escorrem pelos dedos como tudo que conquistamos e perdemos material. E se eu não me curar, a vida vai me impedir de sorrir de novo.
Hoje eu só quis chorar. Talvez o choro de algumas décadas, de uma parte de mim. Da ausência, do inconformismo, da saudade, do erro. Das minhas escolhas conturbadas. Da angústia de simplesmente chorar. No silêncio do quarto, sentado em um canto, procurando respostas. Hoje eu só quis chorar.
E não tenho mais forças pra outra derrota. Não tenho mais pulsos em meu peito que me ergam de um fracasso. Eles superam na dor. As tempestades vem e vão, destroem o que criamos mas não os alicerces. Deles preciso paciência e sabedoria, mais que anseio e afobação, pra me reerguer. Com ajuda, apoio, companheirismo, fé e confiança.
Erro as vezes como todos erram um dia. Sofro as consequências, e delas pondero meus atos e caminhos. Filtro a vida como ela me filtra...
...enfim.
Estive por aqui, meu canto secreto. Espaço pra deixar marcado o que era invisível. Espero que um dia eu desapareça por completo, deixando lembranças de quando tentava achar o caminho sem espinhos ou obstáculos.
Talvez eu logo o encontre. Só depende de mim, só depende de seguir enfrente. Só depende de se deixar viver sem amarras.
..
...
....
..... Até mais.
Sucumbir
Escorrendo
Ouça-me, aqui.
As vezes me pego com saudades de mim. Deve ser o tempo, que levou boa parte disto e outra se perdeu, dissolveu. Eu sei porque busco na memória, e ela me trás pitacos sutis de um outro eu. Nuances daquilo lá atrás.
Minha mente, resguardada, flamba-me todos os dias, com um pouco de medo, de coragem, de certezas e dúvidas. Desvaneios.
Se a morte é mudança, quantas vezes morri. Desatei meus nós e criei belos laços. Bonitos por fora mas fáceis de se soltar. Eu gosto mais de nós. Firmes e fortes.
A madrugada fria me norteia. Dentro dela eu sinto o silêncio de todas as almas, e nenhuma delas me percebe. Ah, como gostaria desse infinito sempre. Ele não me assusta.
Meus antigos sonhos se foram. Talvez se esqueceram de mim. De me visitar nas noites em que eu dormia sorrindo. Lá se veio a vida tirando aqueles antigos contos de dentro do peito. Do fundo da mente.
Quero estar ao seu lado, mas longe daqui. Sim, não me julgue egoísta. Me julgue faminto. Ansioso por te mostrar o mundo lá fora. É tão maior. Tão pulsante. Tão vívido.
Ergamos os alicerces, dignamente, e a partir dali, pontes e mais pontes. Daqui pra onde a vista alcançar. Espero que não demore tanto.
Saudade de mim. Mas estou aqui, relutante em cair. Um universo sobre meu corpo, um peso imenso invisível.
Um artista em metáforas, maquiando a tristeza das palavras diretas. Assim elas passam despercebidas por aqueles que não fazem questão. Nada é sincero diante de olhos sem foco. Escondido, dentro de casa ponto e vírgula, há um testemunho sorrateiro e contundente. Profundo e sofrido.
Faço das minhas palavras meu retiro mental e espiritual. Um baú da minha existência.
Talvez eu parta prematuramente aos olhos mas tardiamente ao coração. Não quero viver ao ponto de não ter mais escolhas. Não quero números, quero calos. Se me tirarem a vivência, que me levem a vida. Me bastou.
Estou perto do meu passado distante. Hoje ele não me norteia. Eu precisava disto. De alguns adeus. De alguns até logo. De alguns olá. Renovação.
Se eu vier a vencer ou falhar, foi encarando o destino. E que seja assim até quando for. Cada página escrita fortalesse o capítulo.
E eu vou escrevendo...
De Boa
Hoje em dia talvez algumas coisas pairam pelo ar da tranquilidade. Vejo uma nuance que se alinha, uma trilha que se forma em meio a um deserto sombrio e um denso nevoeiro. Ainda sigo em passos curtos, desconfiados, sentindo um empurrão que me leva à frente mas paredes que me seguram. Dentro de mim há conflitos, não posso deixa-los vencer. Preciso apostar por um momento na contradição, e não apenas em meu coração. Ele bate e clama por mais, eu sei, admito, mas hoje, ele precisa se aquietar por enquanto e absorver o que tem diante dos olhos. Não é muito, mas auxilia a organizar.
Eu olho lá fora, me chama, me suga a alma, deixando apenas o corpo vazio aqui dentro. É viciante, é mais forte que a realidade. Porque eu não sei, mas sinto que a vida passa diante dos olhos, e eu sempre perseguindo, perseguindo.
Tenho essa chama dentro de mim, incandescente, ardida, viva, que me transfere de uma realidade morna, sem cor, aleijada, para um turbilhão de emoções que preciso e necessito viver. Não sei por quanto tempo ela viverá, resistirá ao frio intenso e aos nevoeiros que a cobrem constantemente sem piedade, mas ela, protegida aqui dentro, ainda se faz presente.
Almejo um dia viver sem amarras, sem ditas regras e padrões que não me enquadro. Dias que ao meu lado só quem amar e partilhar, me convencendo que aquilo tudo é o que basta. E pra mim, bastar é conquista, é sensação de satisfação por ter entendido que simplicidade transforma barro em diamante, valores acima de valorizados. E não preciso de mais que isso.
Chegará o dia em que limpei todos os caminhos e rastros do passado, e nada nem ninguém será capaz de me julgar, pois não haverão culpas, deslizes, remorsos ou decepções. E tudo aquilo que um dia fiz, permanecerá apenas dentro de mim, guardado por precaução, esquecido por necessidade, enterrado por merecimento.
Mas pra tudo valer...
Quero hoje só você. Não preciso de mais nada. Porque tudo isso aí em cima não valerá lhufas se não compartilhado. E ter escolhido você me reluz como certo. Partindo de caminhos tão incertos. De passados dolorosos e confusos. Cicatrizes de feridas profundas, que nos moldaram, educaram, ensinaram e conjugaram nossos caminhos ao que hoje vivemos. Sonho em poder me fazer eterno, em deixar o que for capaz com você pra sua eternidade, inesquecível, válido, precioso. Quero sempre que possível tirar seus temores, afagar seus medos, suprir seus desejos. Os faço e faço com prazer, uma vontade inexplicável mas plausível, arrebatadora e confusa, mas proveniente do destino, que fez, refez, desfez, pra perfazer.
Te observo todos os dias, aprendo você, assimilo você, incorporo você pra poder me ver, e me cravar razões para todas as renuncias e mudanças. Aposto cada dia mais, e estas apostas só aumentam com a certeza da vitória. E ela vai chegar, ela deve chegar, ela precisa chegar. E junto todas as realizações que um dia sonhou, desejos que um dia projetou, caminhos que trilhou em sua mente e que talvez tenha pensado jamais ser capaz de cruza-los, mas estes dias estão chegando, em passos largos.
Aprenda a me enxergar, como já o faz, e terá tudo que eu puder. Me lapide como faço contigo, me transforme e traga novamente o reluzente brilho que já existiu e que por manchas da vida está afoscado, nebuloso. Você tem armas poderosas, basta ter a maestria de usa-las com destreza.
Vamos logo, vamos fazer, deixar pra lá tudo aquilo que possa magoar, que não te joga pra frente, mas te prende pelo pé. Vamos logo, guarde o que merece dentro de ti, descarte tudo aquilo que não lhe é digno, e caminhe sem medo rumo ao desconhecido destino. Só ele tem as palavras sem respostas, os caminhos sem rota, a vida que ainda não vimos.
Ao certo só hoje, e vislumbrando mais e mais, porque me basta fazer isso contigo, e nada mais.
Inconstante
Há alguma coisa ainda que eu estou fazendo errado, e não sei qual é. Um elo que una o que faz sentido aqui dentro, com o que acontece aqui fora. Porém eu não sei sinceramente qual é.
Não procuro culpados, as circunstâncias já se foram, não são mais reflexos de um passado confuso. Arrisquei em uma nova vida e deixei meus fantasmas pra trás. Pelo menos os que conseguia ver. E eu precisava disso pra me sentir melhor.
Há felicidade, há amor. Mas não há paz aqui dentro. Porque falta um maldito pedaço.
O que precisa para surgir aquilo que vá selar a razão pelos meus pedidos e anseios, e que definitivamente irá me livrar de todas as amarras? Onde está escondido dentro de mim essa chave que ira ignar todos os eixos em um só objetivo?
Pare! Sabe o mais chato?
Eu perdi também a magia das palavras mórbidas, mas poéticas. Meu anseio pela realidade me tirou do fosso dos contos floreados de angústia e feridas hipotéticas, para dentro de um mundo real, bem menos subjetivo. Materializou as trevas que rebatiam dentro de mim, e me atirou aos lobos, como em um conto de fadas real. E eles estão me devorando vivo. Uma dor dilacerante.
Por favor, me traga de volta!
Extendo os braços. Arregalo os olhos. Hoje eu vejo mais claramente na escuridão. Silhuetas respondem mais com seus contornos, e o silencio é tão audível que me atrapalha.
São cores sem tom, segregadas, separadas. São sutis feixos de sombra, e respiração forte, dolorosa, intensa.
Anestesia. Dormência.
Queria um deserto de calmarias. Livre de abutres e serpentes, livre de mim. Do meu próprio abrasivo torturante inferno.
Se fecho os olhos enxergo tudo aquilo que me faz mal, e de repente some. Se fecho os olhos enxergo tudo aquilo que some, e de repente me faz mal.
Calado, eu só queria um mísero elo. Um feixe de luz a seguir me mostrando a direção. Eu não acho. Juro. Eu não acho. E ao tocar essas paredes rochosas e sólidas, sem saída, me arrebato ao desespero. Desesperador.
Um pouco mais de realidade.
Se o presente me assombra, o futuro me desespera. Não há frutos a serem colhidos. Nao houveram sementes plantadas. Outrora isso era bobagem, hoje me traz agonia.
Mas procuro desviar, dissuadir, driblar. E pensar que o amanhã talvez nunca chegue, e que hoje é finito.
Que inferno! Eu só queria paz.
Chega.
Cavalo Selvagem
O silêncio que escuto aqui fora não foi capaz de me manter quieto. Desperto um pouco assustado, mente inquieta, arisca, me cutucando à pensar. Ela sabe meus receios, anseios. As vezes me toma como refém, conduzindo-me por entre essas longas noites de buscas.
Nao a culpo, entendo, não é fácil permanecer indiferente diante mais um grande passo, um salto vislumbrando a tão sonhada paz.
Nao há dúvidas. Há temores. Não medos. Temo pelo surpresa indesejável, por atritos e desvios de rota que não me agradem. Por ser mais uma vez impedido de alcançar, me derrubando aos poucos diante as barreiras.
É uma vida flambada à riscos, não há dúvidas disso. Mas a força da necessidade que me faz caminhar, me pega e me empurra. Eu não devo desistir. Eu não vou desistir.
Peço somente, para quem for, ou apenas desejo, que não me atinja novamente com um golpe tão duro quanto o vivido há poucos meses. Eu sinceramente não serei capaz de suportar.
Abra as portas, eu estou atravessando-as, e espero de uma vez por todas que elas me tragam paz, na pureza e simplicidade da concepção da mesma.
Deixo um pouco de mim pra trás, algumas feridas expostas, porém muitas delas fechadas e quase cicatrizadas. É um processo lento e doloroso, mas que entendi que devo passar e tirar as lições de cada um deles.
Ouço de dentro do meu peito esse pulsar, como escritas em braile, uma mensagem sem palavras que só de senti-la já me passa o recado: se bate, te faz vivo, se está vivo, VIVA.
Como eu citei ao começar, não é possível transparecer indiferença diante de tais mudanças. Perfeitamente normal, acredito.
Hoje, esta angústia que outrora me segurava como quem segura rédias impostas à um cavalo selvagem, me fazia parar. Hoje ela me ensina a cavalgar com cautela, mas nunca parar de seguir em frente.
Me dê o mínimo para manter-me em pé, é o que preciso. O suficiente que me permita autonomia de viver capaz de criar novas metas, realizar mais sonhos, almejar mais vitórias, e consequentemente vencer.
Deixe do mais por conta das minhas escolhas e renúncias, que eu aprenda e me cure, que eu sofra ou sinta o sabor das alegrias.
Loucos são aqueles que me acham louco, sem o gosto de um dia poder ter perdido ou vencido por tentar realmente ser real.
Vou galopar.
A Morte Da Esperança
São seis anos que ponho aqui cada pergunta que não sai da minha mente, que me atormenta dia após dia, me tirando o sono, me trazendo sensações ruins, pois não encontrei ainda as respostas. Hoje já duvido que hajam.
O fato é que o circulo vicioso não terminou. Me parece as vezes como um labirinto sem saída, onde vou viver toda a vida correndo e procurando uma saída e ela não está lá, porque simplesmente o meu destino é permanecer assim, aqui, dentro deste labirinto sem escapatória.
Recentemente, eu saí fora de mais uma parte desse emaranhado, foi rápido e muito intenso, e como toda intensidade merece, doloroso e sequelar no final.
"Voei" sobre esta parte do caminho e já estou em outra, tateando, observando, sentindo, tentando descobrir onde ela vai me levar, e as pessoas que vão fazer parte dessa etapa, mesmo tendo quase absoluta certeza do fim disso tudo também.
Haverá um tempo em que eu não terei mais forças motoras pra lutar, nem sequer registrar o que penso, o que sinto. Não terei forças pra me manter independente, e não vejo muitos que estarão próximos à mim quando isto ocorrer para que eu sobreviva.
Quando isto aconteceu, e eu também notei, por um momento acreditei que a razão disto era que eu havia encontrado algumas respostas, e que minhas angustias, devido a isto, estavam diminuindo, e logo a necessidade de eu registrar uma parte dela aqui era menor. Mas hoje vejo que não.
O que isto realmente representa é a degradação gradativa pura e simplesmente. É a perda da esperança, da vontade de externar por saber que não encontro as respostas, e que cada vez menos, acho novas partes desse emaranhado, e por isso os textos estão ano após ano, se esvaindo. É a morte da esperança.
Leoa
Meu amor, é tão cego de intenso que nem eu mesmo sou capaz de senti-lo sem me ferir ou ser traído em um piscar de olhos. Porque eu estou pra você, enquanto não está para mim.
É viciante. Um mal que não consigo me livrar, como não consigo me livrar de você, ou das sensações de dentro do peito.
Na próxima, estaremos tão certos pelas cicatrizes que nada vai derrubar. Eu assim espero, ou posso de novo me enganar. Que as dores que sentimos tenham nos fortalecido. Fazendo-nos caminhar com passos mais firmes, mas sempre na mesma direção.
Se fizer sentido, o fará.
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