Precipício



Sobre as montanhas que quase tocam o céu, os braços abertos como querendo abraçar o mundo. Do alto nada se torna impossível, nada se torna grande o suficiente para desaparecer com o brilho do sol que ilumina seu rosto. Para os lados nuvens, pássaros, e o horizonte.

Queria ele saber planar, se atirar do mais alto pico e flutuar sobre seus próprios medos. A doce sensação do poder. Queria um dia sentir o mundo como os pássaros. Com a simplicidade que maqueia o medo, com a falta do temer, com movimentos simples e perfeitos. Nada além dos braços novamente abertos.

Pés doloridos pela caminhada, por uma subida sem tréguas ou alívios. Passo a passo. Nem o suor arruma tempo para aparecer. A escalada sozinho é mortal e não permite pensar. Desistiria. Fome, cede, dor. Cede, dor, fome. Dor, fome, cede.

Olhos para o infinito. Dois passos, bem próximos. Mais um e ele transpõe uma barreira sem volta. Chora, treme, teme, e quase sucumbe ao desistir. Mas estava decidido a descobrir o que ninguem mais poderia lhe contar, o que ninguem nunca poderia lhe proporcionar....

Mais um passo, fim.