Sapato Preto I



Sob a luz da lua apenas o vulto suave de suas curvas contrastavam diante de seus olhos. E aquela visão sempre hipnotizava e agradava. E um dia aquela paisagem foi desdenhada, e não haviam pessoas que gostariam de estar ali, a não ser ele, que sempre brigou dizendo que as melhores momentos de sua vida, ele passaria contemplando aquele belo lugar. Em tempo claro e brilhante, em tempos nublados e tristes. Desejo.




A história real era assim:
"E por muito tempo, apoiando os braços nas grades que impediam a entrada, sonhava do lado de fora. Caminhava rente aos muros, tentando achar um espaço, um pequeno buraco capaz de faze-lo invadir este local e mesmo que ilegalmente, desfrutar de pelo menos um momento daquela maravilha. Mas não o fez. Não porque não achou espaço, sim, encontrou, mas por querer mais que apenas uma noite de invasão.

E pouco a pouco, com trabalho e persistência, por desistência de antigos "donos", a oportunidade de ter aquele belo local surgiu, e não foi disperdiçada. E ele nunca havia se encaixado tão bem como naquele momento. Nunca mais iria deixar escapar. Novas cercas, e atenção e cuidado totais. E dia após dia, esquecia de todo o resto para ter aqueles momentos eternizados. E conseguia o retorno, se sentia bem, se sentia seguro.

E a natureza retribuia "




Nos sonhos mais distantes tudo se contempla. Onde apenas quem está vivendo aquele momento se satisfaz. Ninguém capaz de entender. Proibido, mas perfeito, e não existe a culpa, não existe o impossivel. Impede os sentidos. E a construção da paisagem se torna irretocável. Sem arestas ou farpas.


E perdido em meio a multidão.
Olhos para esquerda. Olhos para direita.
Ponte.